Luiza Parreiras, do futebol feminino do América-MG, diz como clubes podem fazer o esporte crescer
A coordenadora também projetou as metas do clube para 2020/2021 e ainda relatou o dia a dia das Coelhas, comandada pela técnica Jaqueane Corrêa
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A equipe feminina de futebol do América-MG é a mais tradicional de Minas Gerais. Foi o primeiro clube entre os grandes do estado a ter time de mulheres. Os frutos foram colhidos com conquistas estaduais e um trabalho sólido.
Em conversa com a coordenadora do futebol feminino americano, Luiza Parreiras, ela fez um panorama dos objetivos das Coelhas na temporada, que está sendo retomada com o Mineiro e o Brasileiro Série A2.
Outro ponto importante foi a análise sobre o cenário do futebol feminino, que tem obtido novos espaços e se consolida como uma modalidade em franca expansão. Confira nossa prosa com Luiza Parreiras.
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1 - Quais os planos do América-MG para o restante de 2020, com a Série A2 do Brasileiro e o Mineiro? Houve quais metas traçadas?
O principal objetivo é alcançar o acesso a série A1, para disputa em 2021. Mas, também, considerando a realização do Campeonato Mineiro, conseguirmos dar oportunidade às atletas mais jovens, dando rodagem e bagagem, no intuito de implementar as diretrizes físicas, técnicas e táticas do clube, diante de todo o trabalho conceitual que estamos desenvolvendo no futebol feminino do América, e pensando num trabalho a longo prazo.
2 - O elenco sofreu muitas mudanças em 2020? A equipe está focada em valores mais jovens para um trabalho de longo prazo ou conta com atletas mais experientes para equilibrar com a juventude?
Iniciamos o ano de 2020 com uma base mantida em relação ao ano de 2019. Contudo, com o processo de reestruturação implementado, com a mudança do comando técnico, tivemos algumas mudanças no elenco, buscando seguir os novos parâmetros e perfis que queremos agregar ao futebol feminino do América, principalmente em encontrar e formar valores mais jovens, e sabendo da importância de agregar com a experiência de atletas mais “rodadas”, tentando conciliar um trabalho a longo prazo com a competitividade do elenco.
3 - Casos como da goleada de 29 a 0 do São Paulo sobre o Taboão geram mais críticas ao futebol feminino por um suposto desnível técnico. O que falta para que haja menos distância entre equipes grandes, como o América e outros, para projetos que parecem não se importar com a evolução da modalidade?
O futebol feminino ainda passa por um processo de profissionalização, seja nas relações entre atletas e clubes, entre profissionais da comissão técnica e/ou entre diretores e gestores. Por ser uma modalidade ainda em desenvolvimento, sem a formatação e o investimento na captação e formação de atletas, é necessária a devida dedicação, paciência, para planejamentos corretos e sustentáveis. É fundamental o calendário de competições, mas os clubes precisam focar no incremento dos aspectos físicos, técnicos e táticos, psicológicos e pedagógicos das atletas, deixando o resultado como uma consequência do bom trabalho desenvolvido e não como o principal foco, pois a montagem de elencos exclusivos para a disputa de campeonatos, sem a devida preparação, traz mais riscos (custos financeiros, lesões sem tratamentos) do que benefícios para a valorização do futebol feminino.
4 - O América é o time feminino mais tradicional de Minas, com um trabalho pioneiro e já vencedor. O caminho do clube para os próximos anos prevê crescimento focado em que tipo de ações?
Nosso intuito, para os próximos anos, é conseguir implementar o projeto de desenvolvimento das categorias de base, sabendo da importância para fomentar a categoria profissional e, claro, para a devida formação das atletas, focando no trabalho a longo prazo. Além disso, nas categorias de base e no profissional, pretendemos aplicar os conceitos do caderno metodológico, a ser desenvolvido exclusivamente para o futebol feminino do América.
Além das ações voltadas para as questões técnicas, pretendemos buscar novos parceiros, patrocinadores e ações de marketing para aumentar, ainda mais, a visibilidade da modalidade, podendo agregar em investimentos no dia a dia do futebol, tendo como principal diferencial a consolidação e a valorização do futebol feminino no América.
5 - Como funciona a coordenação do trabalho entre você e a Jaqueane Corrêa? Como decidem os rumos das meninas dentro e fora de campo?
Com o processo de reestruturação que passamos, foi criada uma nova coordenação (coordenação técnica) no futebol feminino do América, que é de responsabilidade do Eliney Melo, sendo ele quem conduz o trâmite e o fluxo de trabalho perante a comissão técnica. Toda a análise, o planejamento de treinos, atividades, modelo de jogo, desempenho do grupo, é feita por ele junto à comissão técnica. Fico responsável pela coordenação administrativa, dando suporte na logística de treinos, jogos, no fluxo de informações e demandas entre os demais departamentos do clube e o futebol, acompanhamento e direcionamento de demandas técnicas das atletas (tratamentos), negociação de contratos, etc.
Eu e o Eliney buscamos, cada um na sua competência e responsabilidade, proporcionar, juntos, as melhores condições para desenvolvimento das atividades pela comissão técnica e para aprimorar o desempenho e a evolução das atletas, seguindo alcançar os nossos objetivos técnicos e administrativos.
6 - A pandemia parou várias atividades vitais do futebol. Isso afetou o momento do futebol feminino no Brasil, de ser mais reconhecido. Para 2021, crê que a modalidade irá seguir uma curva de crescimento?
Sim, é a tendência, não só no Brasil mas em âmbito mundial. Mesmo diante da paralisação do futebol, afetando atletas e profissionais relacionados ao esporte, de alguma forma, vem se buscando manter um calendário de competições em 2020, o que ainda fomenta o futebol feminino, pois temos público interessado, marcas envolvidas na valorização do futebol feminino. Mas, no próximo ano, mesmo com as atividades retornando à normalidade, caso ocorra, com mais competições, público nos estádios, penso que ainda devemos focar em discussões, desenvolvimento e implementação de ações perante entidades, clubes e atletas, para buscar a profissionalização das relações no futebol feminino e o crescimento sustentável da modalidade.
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