O clima de rivalidade política no Atlético-MG ficou ainda mais evidente nesta terça-feira. O ex-presidente do Galo e atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, alfinetou a atual administração do clube, comandada por Sérgio Sette Câmara, além de dar sua versão sobre a dívida que o Atlético tinha na FIFA pela compra do meia Maicosuel, feita em 2014 por Kalil, que presidia o alvinegro na época.
Sette Câmara reclamou várias vezes das dívidas herdadas por ele, vindas dos mandatos de Kalil e Daniel Nepomuceno, gerando a dívida que quase gerou uma punição ao clube. O Atlético-MG teve de pagar mais de R$ 13 milhões à Udinese, da Itália, pelo atraso na quitação da compra de Maicosuel. O caso chegou à FIFA, que condenou os mineiros e o prazo final de pagamento era no dia 27 de abril. Caso não fosse feita a quitação, o Galo poderia perder pontos no Brasileiro e ainda sofrer outras sanções esportivas e administrativas.
- O Maicosuel custou 3,5 milhões de euros para o Atlético. Eu comprei. A gente podia comprar, tinha time, tinha título. O presidente que me sucedeu emprestou o Maicosuel por 2 milhões de euros para o Oriente. Reduzimos o valor para 1,5 milhão de euros. O Maicosuel foi devolvido e foi vendido ao São Paulo por 1 milhão de euros. O Maicosuel, que nos deu uma Copa do Brasil, custou para o Atlético 300 mil euros (o valor correto são 500 mil euros). Essa história é real, eu que fiz o negócio da compra. Se emprestaram o Maicosuel, venderam o Maicosuel e não pagaram, vão atrás de quem fez, porque não fui eu - disse Kalil, em uma live na prefeitura.
A dívida por Maicosuel foi sendo prorrogada, até que os italianos acionaram a FIFA, tendo ganho de causa este ano, sem direito a recurso. Sérgio Sette Câmara dizia que não havia como pagar e que o clube pediria uma extensão do prazo, o que a entidade máxima do futebol negou. A celeuma só foi resolvida quando o Banco BMG e a Construtora MRV socorreram o clube alvinegro mais uma vez, quitando o débito.
- Tão ou mais importante que vitórias e títulos, está o respeito pelo futuro de uma instituição com 112 anos e mais de 9 milhões de torcedores apaixonados!. Agradeço ao nosso competente time do financeiro e, principalmente, aqueles que por amor não mediram esforços para ajudar. Obrigado Rubens Menin, Rafael Menin, e Ricardo Guimarães. R$13.454.328,54: fatura paga!#AquiÉGalo - publicou Sette Câmara no Twitter.
Kalil rebateu a fala do atual presidente, mostrando que a disputa política no clube está intensa.
- Querer envolver meu nome em qualquer coisa? Sempre precisei de dinheiro, mas vinculados em contratos de televisão. Nunca precisei de caridade de ninguém enquanto fui presidente do Atlético - disse em tom irônico Kalil.
Alexandre Kalil e Sérgio Sette Câmara já foram aliados no Atlético, mas a aproximação do atual presidente com Ricardo Guimarães, desafeto do prefeito, “azedou”. Tanto que na eleição do clube, no fim do ano, Kalil vai apoiar o atual presidente do conselho, Castellar Guimarães, contra a reeleição de Sette Câmara, que tem Ricardo Guimarães como forte apoiador.
Saída de filho de Kalil aumentou a rixa com Ricardo Guimarães
A saída de Felipe Kalil, médico do Atlético-MG, e filho do prefeito de BH e ex-presidente do alvinegro, que pediu demissão do clube em março foi outro episódio recente dos bastidores quentes do clube alvinegro.
A motivação para deixar o Galo, tomada por Felipe, seria o desejo de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, e um dos atuais patrocinadores do time atleticano com o seu banco, o BMG, que o médico fosse demitido do cargo que ocupava na instituição. Ricardo teria feito o pedido da saída de Felipe diretamente ao atual presidente do alvinegro, Sérgio Sette Câmara.
Sérgio Sette Câmara tentou demover Felipe Kalil de sua decisão de sair do clube e continuar a compor o corpo médico alvinegro, onde trabalhava desde 2016. Todavia, os pedidos de Sette Câmara não foram atendidos por Felipe, que preferiu sair.
Felipe teve papel destacado no Atlético, estando na comissão médica da Seleção Brasileira que disputou a Copa América de 2019, no Brasil, a convite de Rodrigo Lasmar, chefe médica da Seleção e que também atua no time mineiro.
O pedido de demissão do filho de Alexandre Kalil, do corpo médico do Galo, expôs uma antiga disputa interna entre ex-presidentes. Ricardo Guimarães e Alexandre Kalil são adversários políticos no Atlético há muitos anos e o rompimento veio quando Guimarães era presidente e Kalil cuidava do futebol, em 2003.
A rixa aumentou quando Kalil assumiu o cargo de presidente do clube, ficando no Galo de 2008 a 2014. Ricardo dirigiu o clube entre 2001 a 2006. Com os recentes investimentos de parceiros do Atlético-MG, incluindo o BMG, Ricardo Guimarães ganhou força na gestão de Sérgio Sette Câmara, cujo ano de 2020 tem sido marcado por fortes investimentos em atletas mais caros.
O afastamento entre Alexandre Kalil e Ricardo Guimarães teve como mote principal a aproximação de Ricardo a CBF, então presidida por Ricardo Teixeira, que era desafeto de Kalil, que sempre foi contra se relacionar com a entidade, por considerar que em diversas vezes prejudicou o time alvinegro dentro e fora de campo.
A divergência fez com que Kalil deixasse a gestão de Guimarães em 2003 e, no ano seguinte,2004, virasse oposição a Ricardo ao ser o novo presidente do assumiu do Conselho Deliberativo do Atlético-MG, para em seguida se tornar o mandatário do clube.
A rivalidade pode ter aumentado, pois no período Kalil na presidência, o Galo conseguiu suas maiores conquistas, como a Libertadores de 2013; Recopa e Copa do Brasil de 2014, além três mineiros, em 2010, 2012 e 2013. Já no período de Ricardo Guimarães, o Atlético foi rebaixado em 2005, tendo sua gestão recebido muitas críticas. Ricardo Guimarães ainda não comentou os fatos descritos sobre o pedido de demissão de Felipe Kalil.