Um caso em que a CBF é acusada de interferir em decisões tomadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) veio a publico nesta quarta-feira. Segundo informações da “ESPN”, e-mails trocados entre o STJD e a entidade mostraram um caso, ocorrido em 2012, em que o Atlético-MG teria sido prejudicado por causa disso. As mensagens eletrônicas fazem parte dos documentos apreendidos pela Polícia Federal e enviadas para a CPI do Futebol na semana passada.
O motivo foi um mosaico com o nome da CBF de cabeça para baixo e com as cores do Fluminense, feito pelo por alguns torcedores do Galo em uma partida entre os clubes no Independência, pelo Brasileirão daquele ano. Por conta disso, o procurador do SJTD, Paulo Schmitt, teria orientado a punição do Atlético-MG ao auditor do caso.
A CBF fez uma solicitação a Paulo Schmitt pedindo providências sobre o fato. Por e-mail, o procurador respondeu: "Iremos denunciar com vistas a interdição do estádio do mandante (...) Uma coisa é certa: não vamos nos intimidar por opinião de parte da imprensa, blogueiros, esculhambadores de plantão".
O Galo acabou absolvido em primeira instância, mas Schmitt ficou insatisfeito com o resultado. Por conta isso, ele enviou novo e-mail para CBF dizendo que levaria o caso para o pleno do STJD.
- O relator, Dr. Washington Rodrigues, apesar de alertado sobre a repudia da CBF, entendeu que 'não foi nada demais', uma vergonha a meu ver. Estamos recorrendo ao Pleno, mas confesso a vocês que cansa, desmoraliza, desgasta ter que levar tudo para o Pleno – escreveu Paulo Schmitt.
Na instância superior, o Atlético-MG foi condenado a pagar multa de R$ 10 mil. O relator no caso, que foi Miguel Ângelo Cançado, alegou que o clube deveria ter coibido o ato da torcida.
Com a notícia vindo a tona nesta quarta, o Galo emitiu uma nota oficial. O clube destacou que fez de tudo conseguir a absolvição no caso e entendeu a condenação no pleno.
Confira na íntegra a nota do Atlético-MG:
Em relação à notícia veiculada pela mídia nesta quarta-feira (30/3), referente ao vazamento de e-mails entre a Procuradoria do STJD e órgãos da CBF, envolvendo o julgamento do Atlético no episódio do mosaico de sua torcida, em 2012, lembra o clube que já atuou para sua absolvição, o que inexplicavelmente não ocorreu no julgamento final.
O clube reafirma que a torcida apenas exerceu o direito constitucional mais elementar de crítica, sem violência, o que deveria merecer respaldo por todos, inclusive pelas entidades do futebol.