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Clubes brasileiros têm prejuízo de R$ 100 milhões por crise climática

17 clubes da Série A estão em áreas de médio a alto risco climático

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Arena do Grêmio após as enchentes no Rio Grande do Sul (Foto: Emanuel Prestes/Arena do Grêmio)

Thiago Braga - 15/11/2024 - 16:24

Thiago Braga - 15/11/2024 - 16:24

Os impactos da crise climática no futebol brasileiro em 2024 resultaram em prejuízos estimados em R$ 100 milhões para os clubes nacionais, atingindo infraestrutura, logística e competições. Enchentes, calor extremo e queimadas florestais interromperam jogos, danificaram estádios e deslocaram partidas para cidades menos vulneráveis. Além disso, milhões de pessoas foram afetadas pelos eventos climáticos, evidenciando a gravidade da emergência ambiental.

— São 17 clubes que estão em áreas de médio a alto risco climático. Isso inclui riscos como alagamentos no Rio de Janeiro e queimadas em Cuiabá. Essas localidades estão vulneráveis a eventos extremos que impactam diretamente as atividades dos clubes — explicou Ricardo Calçado, diretor do Terra FC.

Para enfrentar esses desafios, a iniciativa Terra FC foi lançada em novembro durante o G20 no Rio de Janeiro. Inspirada no Green Football Weekend do Reino Unido, a campanha busca mobilizar clubes, torcedores e organizações para promover ações concretas até a COP30, que será realizada em Belém, em 2025. Entre as ações propostas estão a redução de resíduos, o incentivo ao uso de transporte público e a implementação de práticas sustentáveis nos clubes.

O valor de R$ 100 milhões foi calculado a partir de cancelamento de jogos, que gerou redução de receita de bilheteria e logística; danos a estádios, centros de treinamento e campos de futebol; necessidade de jogos fora de casa devido a estruturas danificadas; danos gerais às estruturas físicas dos clubes e impactos na saúde dos atletas devido ao calor extremo.

Enchentes no Sul atrapalharam o Brasileirão

No Rio Grande do Sul, os clubes Grêmio, Internacional e Juventude sofreram diretamente com as enchentes. O Internacional precisou mandar jogos em Criciúma e o Grêmio utilizou o Couto Pereira, em Curitiba. No Beira-Rio, a lama tomou conta de áreas importantes, como a zona mista e o túnel de acesso ao gramado. Já na Arena do Grêmio, a cheia do Guaíba submergiu o gramado, impossibilitando jogos por três meses.

Além das enchentes, queimadas também impactaram o calendário esportivo. Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, incêndios florestais causaram o adiamento de jogos da Série B e da Copa Paulista. A situação se repetiu em Portugal, onde quatro partidas da Liga Revelação foram adiadas em setembro devido a incêndios em várias regiões.

Um levantamento da consultoria ERM, realizado para o Terra FC, apontou que 17 dos 20 clubes da Série A enfrentam alto risco de impactos climáticos severos nos próximos 10 anos. Cidades como Porto Alegre, Salvador, Cuiabá e Rio de Janeiro estão particularmente vulneráveis a enchentes, enquanto 55% dos municípios com clubes na Série A apresentam alto risco de queimadas.

Os efeitos do aquecimento global não se limitam à infraestrutura. O calor extremo tem encurtado o tempo de partidas ao ar livre, prejudicando o desempenho dos atletas, aumentando o risco de lesões e impactando a experiência dos torcedores.

Queimadas em Manaus

Crise climática fez a fumaça tomar conta de Manaus (Reprodução / X)

— Na Inglaterra, a gente fez o programa “Gols pela Terra”. Onde os torcedores podem marcar gols pelos seus times em todo o planeta Terra. O que é isso? Indo de transporte público para os estádios com menos carros na rua. Quem sabe, e a gente sabe que é desafiador em alguns locais no Brasil, os torcedores poderem ir de bicicleta, usar ciclovias e ir para os estádios. A gente sabe que não é simples assim.

No Brasil, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco já aderiram à campanha, promovendo ações em jogos e mobilizando comunidades. O Terra FC também tem alcançado escolas e ONGs, envolvendo milhares de torcedores na luta contra as mudanças climáticas.

— No Brasil, a questão mesmo das torcidas poderem estar prestando mais atenção nos resíduos dentro e fora dos estádios. E aí, levando essa mensagem para as casas. Entendeu? Dei dois exemplos simples. Resíduos, transporte público. A questão mesmo é conscientizar as famílias para ter uma alimentação mais saudável. Com produtos mais saudáveis para consumir. Com menos pesticidas, químicos, menos processado — afirmou Ricardo Calçado.

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