Rui Costa fala em legado no Galo, mas admite erros em contratações

O ex-executivo do futebol atleticano fez um balanço do seu período no clube mineiro 

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Quase todo fim de relacionamento profissional gera algumas reflexões nas pessoas envolvidas após avaliarem seus trabalhos. E, este foi o caso do ex-diretor de futebol do Atlético-MG, Rui Costa, que foi a peça inicial da profunda reformulação no departamento de futebol do Atlético-MG, fez o seu “mea culpa” na sua gestão à frente do futebol alvinegro após sua demissão, no mês de fevereiro.

Rui Costa falou de erros e acertos no Galo e comentou sobre o futuro do time atleticano.

- Vim para o Atlético com expectativa grande de retomada de protagonismo profissional. Mas não fiquei nem um ano. Passagem importante, foi fundamental trabalhar num clube da grandeza do Atlético. Sempre se aprende muito. Acredito que consegui deixar um legado, e agora espero novos desafios da minha carreira-disse o executivo ao jornalista Jorge Nicola, em seu canal no Youtube.

Rui Costa ainda está em BH, devido a quarentena para se prevenir contra a pandemia do coronavírus. Ele afirma que houve acertos, mas o clube vem sofrendo com oscilações de resultados dentro de campo, o que gera instabilidade no time.

- Na função que exercemos, a gente erra e acerta todos os dias. Pouca gente sabe a quantidade de tomada de decisões que um executivo tem em 365 dias, quando ele consegue ficar 365 dias num clube. Você está a todo momento colocado à prova. No Atlético eu cometi erros, sem dúvida, mas creio que mais acertei. Infelizmente, e digo isso com absoluta sinceridade, o Atlético vem oscilando muito por conta de frustrações de resultados, incompatíveis com a grandeza do Atlético- disse.

Contratações fora do tempo

O ex-diretor de futebol falou que alguns dos erros que cometeu foi a precipitação de algumas contratações, casos das vindas do lateral-esquerdo Lucas Hernández e do volante Ramón Martínez, que ainda não deram resultados em campo para o alvinegro, apesar do alto valor gasto na compra de ambos, perto dos R$ 22 milhões.

- Criticaram muito as contratações que fiz em 2019, principalmente dos estrangeiros. Acho que posso admitir que houve uma precipitação. Cheguei e houve urgência para contratar jogadores, e o mercado estava fechado para jogadores brasileiros. Tínhamos uma lista que 90% dos jogadores detalhados eram brasileiros, mas infinitamente mais caros que aqueles que nós trouxemos. Essa foi a maior crítica que recebi. As contratações de 2019, duas foram investimentos, e depois o Di Santo, que, por mais que tenha sido criticado, ainda é titular com o Sampaoli. Os outros jogadores-Hernández e Martínez- terão que ter oportunidade, até em outros lugares, para ter chance e voltar melhor, assim como o zagueiro Gabriel, que para mim é um dos melhores zagueiros do Brasil. Ele chegou a ser defenestrado no Atlético, foi para o Botafogo e voltou fortalecido - explicou.

As contratações criticadas geraram uma nova postura do dirigente para o ano de 2020.

- Me fez refletir em 2020 e me fez mudar radicalmente o perfil de contratação. Jogadores mais jovens, que tenham passado por seleções em suas origens, o caso do Allan, do Savarino, do Arana. Jogadores jovens que trouxeram imediatamente qualidade técnica e não tiveram problemas de adaptação. Jogaram no Liverpool, no Sevilla. Outra bagagem. Claro que isso tem custo. O Savarino é de seleção, Hyoran vem com passe fixado. Apostamos num jogador destaque de Série B, o lateral Mailton, algo que fiz em todos os clubes que passei, apostar em jogadores que poucos visualizam.

O outro legado citado por Rui Costa no Galo é a reformulação nas categorias de base do clube alvinegro, sob o comando de Júnior Chávare, único do antigo departamento de futebol que permaneceu no Atlético.

- Apostamos muito na base, que é uma marca do Atlético. Tivemos que trabalhar bastante, sem nenhuma critica aos que me precederam. Mas trabalhar na base é igual saneamento básico. Ninguém vê, mas é fundamental, só se vê após alguns anos. Trabalho espetacular do Chávare, se modificou conceitos, implementamos a equipe de transição, como foi feito no Grêmio. E os erros passam muito pelos resultados.

Por fim, Rui Costa deixou um recado para o torcedor sobre a natureza do trabalho de um executivo de futebol, defendendo o que foi realizado no Galo.

- O torcedor ainda acha que o trabalho do executivo está muito ligado ao que acontece no campo. Deixamos um projeto muito favorável para crescer e haver conquista- concluiu Rui Costa, que ficou no Atlético-MG entre .abril de 2019 a fevereiro de 2020.

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