“A conquista do Mundial vai nos ajudar a atingir novos mercados”, estima Patrícia Carraro, diretora da vinícola gaúcha que conquistou selo de qualidade da Fifa

Os Carraro são uma típica família de imigrantes italianos, que há cinco gerações dedica-se à produção de vinhos. Com pouco mais de dez anos de existência, a vinícola Lídio Carraro, conseguiu uma proeza: o Faces, o seu rótulo agora mais famoso, recebeu da Fifa o título de Vinho Oficial da Copa do Mundo.

A menção é motivo de orgulho para os executivos da vinícola gaúcha.

- Este título nos deixa bastante orgulhosos, mas aumenta nossa responsabilidade em contribuir para posicionar o padrão de qualidade do vinho brasileiro, especialmente os da Lídio Carraro - avalia Patrícia Carraro, diretora de marketing da empresa e filha do patriarca da família, Lidio Carraro. A empresa avança sobre 42 hectares de terra fértil localizada no Vale dos Vinhedos e na Encruzilhada do Sul. 

Com uma produção anual de 350 mil garrafas, que apresentam seu portfólio de 19 rótulos, a Lídio Carraro espera que o selo concedido pela entidade máxima do futebol contribua para ativar não somente a marca L.C., mas também o padrão de excelência que os vinhos brasileiros vêm conquistando nos últimos anos. É consenso entre todos na vinícola, que a visibilidade proporcionada pela disputa do Mundial no Brasil irá ajudar a impulsionar os negócios da empresa, sobretudo, no exterior. O Faces, nas versões tinto, branco e rosé, já pode ser consumido em cinco países, entre os quais, o Japão e o Canadá, dois importantes segmentos internacionais.

LANCE!Bizz - O que a conquista desse título de "Vinho Oficial da Copa do Mundo" representa para a Lídio Carraro?

Patrícia Carraro - A oportunidade de representar o país em termos de qualidade e identidade do produto. O conceito do vinho brasileiro vem crescendo muito no Brasil e no mercado internacional ano após ano. É um grande momento para mostrarmos a qualidade do vinho brasileiro e, mais especialmente, da Lídio Carraro.

L!Bizz -Quais foram os critérios usados pela Fifa para a escolha?

P.C. - Na verdade, a iniciativa de procurar a Fifa foi nossa. Evidentemente que pesam várias coisas, mas ao nosso ver, o principal requisito é a qualidade do produto , bem como sua capacidade de agregar credibilidade. O padrão Fifa é muito alto. Eles são muito exigentes. O principal objetivo deles é agregar valor à entidade. Evidentemente, que os prêmios e as citações que a Lídio Carraro conquistou nos últimos anos foram importantes para essa escolha.

L!Bizz - Foi uma conquista difícil? Quem eram os concorrentes?

P.C. - Disputamos com cinco vinícolas. Todas elas brasileiras, de ótimo padrão, conforme exigência da própria Fifa, após ela se certificar da qualidade dos nossos vinhos. Após ela (Fifa) ter se certificado do papel de destaque que o vinho brasileiro tem assumido no cenário internacional. Eles queriam um produto genuinamente brasileiro, de qualidade, e que se identificasse com a cultura do país anfitrião.

L!Bizz - Vocês já haviam estado durante o PAN de 2007, no Rio. Como foi essa experiência?

P.C. - Na verdade, durante o Pan nós fomos indicados. Foi sem dúvida uma grande experiência. À primeira vista pode parecer um pouco estranho associar o vinho ao esporte. Mas na verdade, o vinho sempre esteve associado à celebração, à saúde. Portanto, nada mais natural do que estarmos presentes nesses grandes eventos esportivos que Brasil está tendo a oportunidade de sediar. E ainda temos as Olimpíadas em 2016, que certamente a Lídio Carraro estará também presente.

L!Bizz - Que tipo de ações a empresa pretende lançar até a Copa do Mundo, no ano que vem?

P.C. - Nós vamos focar nos pontos de vendas. Temos que procurar estarmos cada vez mais presentes nos eventos ligados à gastronomia, oferecendo aos nossos parceiros todo o portfólio da vinícola. Além dos canais de venda tradicionais, estamos negociando com supermercados. No Rio de Janeiro, por exemplo,  vamos atender à rede Hortifruti, e também já abrimos canais de negociação com o Zona Sul.

L!Bizz - Você imaginam se assoiar a algum clube de futebol para fixara marca?

P.C. - Não pensamos nisso. Queremos associar nossas imagem ao país, ao Brasil, ao futebol como um todo. 

L!Bizz - Até que ponto um eventual tropeço da Seleção Brasileira na Copa do Mundo pode atrapalhar os planos da Lídio Carraro?

P.C. - O Brasil ganhando a Copa seria fecharmos o ano com chave de ouro. Isso, sem dúvida, irá potencializar as vendas, nos ajudando a conquistar novos mercados. A disputa do Mundial irá valorizar nossos produtos, vai elevar não só nossa autoestima, mas de todos aqueles que estão envolvidos com a produção do vinho nacional.

L!Bizz - O fato de a Lídio Carraro ter pouco mais de dez anos de existência é um obstáculo para a superação de novos desafios?

P.C. - Ao contrário. Acredito que o fato de pertencemos a uma empresa familiar, capaz de produzir um produto de altíssima qualidade e que vem conquistando seguidos títulos, gere uma credibilidade maior. Produzir vinhos é algo que corre nas veias da família. É um compromisso eterno com a nossa trajetória. Não existe um só membro da família que não esteja envolvido dos pés à cabeça nesse projeto. Não somente a família, mas também gente de fora, profissionais extremamente competentes, que nos auxiliam todos os dias, numa espécie de sinergia entre gerações, na busca do mais elevado padrão de qualidade.

L!Bizz - Estar associada à Copa do Mundo juntamente com marcas tradicionais como Coca Cola, Sony, entre outras, aumenta a responsabilidade de vocês?

P.C. - Evidentemente que sim. O peso da responsabilidade com o projeto e as oportunidades que ele representa são, sem dúvida, muito grandes. Desde que o projeto nasceu, sempre procuramos ser arrojados. A Lídio Carraro, embora jovem, é uma empresa comprometida em oferecer um produto de qualidade. Claro que queremos ampliar nossos negócios no Brasil e no mercado externo, mas queremos também contribuir para o posicionamento do vinho brasileiro como um produto de qualidade, de primeira linha.