Estádios vazios, receitas perdidas de R$ 2,6 bilhões
- Matéria
- Mais Notícias
O futebol brasileiro vive uma nova realidade infraestrutural, com a construção de novas arenas, por conta da Copa do Mundo, além de outros equipamentos esportivos como a Arena do Grêmio e a Allianz Parque, do Palmeiras.
Durante anos, a tese que se defendia é que sem esse investimento pesado em infraestrutura seria impossível elevarmos o padrão dos serviços nos jogos dos clubes, a experiência de consumo dos torcedores e atividades de marketing para empresas patrocinadoras.
Sempre critiquei essa abordagem simplista, pois quem estuda a fundo os modelos bem sucedidos de gestão de arenas pelo mundo sabe que não é somente a infraestrutura que traz resultados, mas também as abordagens de marketing, atreladas ao investimento realizado.
Desde a inauguração de algumas novas arenas, muitas análises foram realizadas e mostraram, que passada a euforia inicial, os novos equipamentos apresentam taxa de ocupação muito baixa para o padrão internacional.
As receitas com estádios dos clubes brasileiros sempre estiveram muito aquém de seu potencial e os gestores dos clubes, quando questionados defendiam a tese que sem uma nova infraestrutura seria impossível evoluirmos.
Esse foi o grande equívoco, já que poderíamos ter aproveitado a expansão do mercado na última década para criarmos uma cultura de presença de público nos estádios, consumo de serviços além da venda de ingressos e ações efetivas com os patrocinadores.
Segundo uma modelagem financeira que produzi, o futebol brasileiro nos últimos dez anos deixou de faturar o exorbitante valor de R$ 2,6 bilhões com seus jogos, entre vendas de ingressos e exploração de serviços adicionais para o torcedor. Algo em torno de R$ 263 milhões por ano em média.
Para realizar a projeção foi considerada a receita inexplorada com venda de ingressos e o aumento gradativo da ocupação dos jogos na realidade de venda de ingressos de cada ano. Além disso, foi realizada uma mensuração da receita adicional que poderia ter sido gerada além da venda de ingressos com outros serviços no estádio.
Normalmente essas receitas adicionais além do ingresso tem pequena participação sobre o total gerado com os estádios, no início de sua implementação, mas vão ganhando importância ao longo dos anos.
A projeção financeira demonstra que já poderíamos ter dobrado as receitas atuais com os jogos dos clubes com uma maximização do público nos estádios.
Receitas inexploradas com bilheteria e serviços nos estádios- Em R$ milhões
Esse impacto negativo, da perda de receitas se reflete hoje na dificuldade dos clubes em conseguir ampliar a presença de público nos estádios, em um cenário muito mais complexo que o anterior, já que agora as entidades têm que dividir seus ganhos com grandes empresas investidoras.
O faturamento futuro dos clubes com as arenas dependerá do entendimento, que lugares vazios representam perdas que não voltam mais. Esse foi o grande erro do nosso mercado na última década.
Agora teremos que implementar mudanças significativas no marketing dos clubes, no que se refere às arenas com essa infraestrutura em funcionamento. Um desafio muito maior. Estudos de benchmarks, adaptação de abordagens mercadológicas à realidade de nosso mercado e principalmente a utilização de ferramentas eficientes de marketing esportivo são os caminhos que temos que trilhar.
O desenvolvimento mercadológico de qualquer mercado esportivo passa obrigatoriamente pelo valor agregado que estádios lotados geram, em ganhos diretos e valores intangíveis.
E agora não podemos mais errar!
"Amir Somoggi escreve sempre às sextas-feiras"
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias