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Executivo defende pesquisa de público para ampliar frequência nos estádios

Dia 21/10/2015
18:20
Atualizado em 01/03/2016
00:22

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A Copa das Confederações, que terminou no fim de semana passado, foi considerada um sucesso em termos de público presente aos estádios brasileiros - uma média aproximada de 50 mil torcedor por partida. O torneio ficou atrás somente da competição disputada no México, em 1999 (60.625).

Em 2005, durante a Copa das Confederações na Alemanha, a média de público foi de 37.694, enquanto a Bundesliga (o campeonato alemão), na temporada 2005/2006, anotou uma média de 40.806 torcedores, um número 7,6% maior do que aquele que esteve acompanhando a Copa das Confederações no país. Quando se trata de Campeonato Brasileiro, os números revelam uma realidade bem diferente e não menos preocupante: disputadas cinco rodadas antes da interrupção do torneio por causa da Copa das Confederações, a média de público presente aos estádios no Brasileirão 2013 era de minguados 10.813 pagantes.

Para entender essa diferença nos números, o especialista em marketing e sócio-diretor da Stochos Sports & Entertainment, César Gualdani, defende uma ampla pesquisa sobre as razões que levam o torcedor brasileiro a preferir assistir aos jogos do seu time de coração de casa, ao invés de se deslocar até os estádios. Ele defende a popularização do preço dos ingressos, e vê no conhecimento profundo do perfil dos torcedores, a receita para que o futebol, como negócio, seja atraente não para uns poucos, mas, sobretudo, para a torcida.

Marcelo Resende: O que explica o Brasil, que tem quase 200 milhões de habitantes, ter uma média de público infinitamente menor que a média da Alemanhã, país que tem aproximadamente 81 milhões de habitantes apenas?

César Gualdani: Primeiro mundo: a Alemanha é o principal país da Europa [carro-chefe da economia europeia], tem uma Liga de Futebol consolidada há décadas. Implementam formatos de gestão empresarial e governança em seus clubes e federações. A Confederação Alemã, trabalha em prol dos seus associados (Clubes). Creio que a diferença entre o Brasil e seu público no estádio, ainda assim não reflete a disparidade e gravidade dos problemas que temos de maneira geral. Se formos falar especificamente, fica ainda pior.

MR: O Brasil tem uma economia crescente enquanto a Europa vive uma crise na zona do euro. Isso se reflete dentro dos estádios de ambos os países?

CG: O Futebol como fator social reflete menos na Alemanha do que no Brasil. Isto é uma questão de atribuir valor ao que realmente merece valor. Hoje mesmo vemos através das manifestações que o Futebol perde a importância que um dia lhe foi atribuída. Isto denota um lampejo de maturidade, mas que ainda precisa ser testado. Não é porque ganhou ou as coisas deram certo dentro de campo que os problemas deixaram de existir. Aliás, é justamente aí que reside o perigo e a falsa ideia de que tudo está bom. Não está! E está longe de acabar. Espero que esta seja a hora de mudarmos este cenário.

MR: A estrutura do futebol dos dois países, qualidades das equipes, estádios de futebol (reformados e construídos para a Copa 2014), fórmula das competições, torcidas organizadas, é um fator preponderante para determinar a vontade do torcedor, interferindo de modo direto na presença dentro dos estádios?

CG: Sem dúvida. O Futebol brasileiro precisa mirar-se em exemplos. Desde a formação de talento, forma de jogo, gestão, marketing e reencontrar sua identidade. Não é muito diferente do que o Volleyball brasileiro fez, porém em escala infinitamente menor.

MR: A acessibilidade aos ingressos, como bilheterias físicas, disponibilidade na internet, ação de cambistas, como isso interfere nos dois países?

CG: Interfere na entrega. O dia de jogo é um dos principais ativos e geradores de receita. Você tem que tratar bem um cliente, pois é o mínimo que se deve esperar.

MR: Com os novos estádios construídos e reformados, acredita que o torcedor brasileiro voltará a comparecer? Precisa ser feito algo a mais? Atuação das federações, CBF e clubes, o que eles podem fazer nesse sentido para atrair o torcedor?

CG: Creio que a novidade dos novos estádios atraia mais “novos-torcedores”. A pergunta é: “Eles ficarão?”. Cabe a reflexão e principalmente o entendimento dos gestores destes espaços que os torcedores precisam ser conhecidos na sua essência. Pois continuaremos a ter os mesmos que sempre estiveram nos estádios e a vinda de outros que ansiavam uma nova entrega e deixaram de ir e outros que nem conheciam e potencialmente passarão a consumir. A demanda agora para os clubes e federações, detentores de direitos e patrocinadores é conhecer profundamente este cliente.

MR: A Copa das Confederações mostrou-se muito cara para os torcedores, ingressos, consumo de alimentos e bebidas com valores exorbitantes. Isso afasta a maioria dos brasileiros que não tem condições de bancar uma ida ao estádio. Essa será a tendência do futebol brasileiro com as novas arenas surgindo ou acredita que irão mudar de cenário e se adequar ao perfil do povo brasileiro que não tem condições?

CG: Acredito que uma vez identificado, quem realmente frequentará os estádios, podemos responder esta questão. Possivelmente teremos que pensar em setorização dos estádios, que possam atender as mais diversas camadas e necessidades. Certamente haverá um longo trabalho a frente para os clubes e os seus gestores idealizarem planos de ação de sócios-torcedores e compreenderem que o matchday é o ativo mais desejado do torcedor.

Futebol acontece realmente quando a bola rola!

E MAIS:
> Vídeo de Anderson Silva e Pelé já tem mais de 17 milhões de visitas
> Final da Copa das Confederações bate recorde de audiência na TV aberta do Brasil

A Copa das Confederações, que terminou no fim de semana passado, foi considerada um sucesso em termos de público presente aos estádios brasileiros - uma média aproximada de 50 mil torcedor por partida. O torneio ficou atrás somente da competição disputada no México, em 1999 (60.625).

Em 2005, durante a Copa das Confederações na Alemanha, a média de público foi de 37.694, enquanto a Bundesliga (o campeonato alemão), na temporada 2005/2006, anotou uma média de 40.806 torcedores, um número 7,6% maior do que aquele que esteve acompanhando a Copa das Confederações no país. Quando se trata de Campeonato Brasileiro, os números revelam uma realidade bem diferente e não menos preocupante: disputadas cinco rodadas antes da interrupção do torneio por causa da Copa das Confederações, a média de público presente aos estádios no Brasileirão 2013 era de minguados 10.813 pagantes.

Para entender essa diferença nos números, o especialista em marketing e sócio-diretor da Stochos Sports & Entertainment, César Gualdani, defende uma ampla pesquisa sobre as razões que levam o torcedor brasileiro a preferir assistir aos jogos do seu time de coração de casa, ao invés de se deslocar até os estádios. Ele defende a popularização do preço dos ingressos, e vê no conhecimento profundo do perfil dos torcedores, a receita para que o futebol, como negócio, seja atraente não para uns poucos, mas, sobretudo, para a torcida.

Marcelo Resende: O que explica o Brasil, que tem quase 200 milhões de habitantes, ter uma média de público infinitamente menor que a média da Alemanhã, país que tem aproximadamente 81 milhões de habitantes apenas?

César Gualdani: Primeiro mundo: a Alemanha é o principal país da Europa [carro-chefe da economia europeia], tem uma Liga de Futebol consolidada há décadas. Implementam formatos de gestão empresarial e governança em seus clubes e federações. A Confederação Alemã, trabalha em prol dos seus associados (Clubes). Creio que a diferença entre o Brasil e seu público no estádio, ainda assim não reflete a disparidade e gravidade dos problemas que temos de maneira geral. Se formos falar especificamente, fica ainda pior.

MR: O Brasil tem uma economia crescente enquanto a Europa vive uma crise na zona do euro. Isso se reflete dentro dos estádios de ambos os países?

CG: O Futebol como fator social reflete menos na Alemanha do que no Brasil. Isto é uma questão de atribuir valor ao que realmente merece valor. Hoje mesmo vemos através das manifestações que o Futebol perde a importância que um dia lhe foi atribuída. Isto denota um lampejo de maturidade, mas que ainda precisa ser testado. Não é porque ganhou ou as coisas deram certo dentro de campo que os problemas deixaram de existir. Aliás, é justamente aí que reside o perigo e a falsa ideia de que tudo está bom. Não está! E está longe de acabar. Espero que esta seja a hora de mudarmos este cenário.

MR: A estrutura do futebol dos dois países, qualidades das equipes, estádios de futebol (reformados e construídos para a Copa 2014), fórmula das competições, torcidas organizadas, é um fator preponderante para determinar a vontade do torcedor, interferindo de modo direto na presença dentro dos estádios?

CG: Sem dúvida. O Futebol brasileiro precisa mirar-se em exemplos. Desde a formação de talento, forma de jogo, gestão, marketing e reencontrar sua identidade. Não é muito diferente do que o Volleyball brasileiro fez, porém em escala infinitamente menor.

MR: A acessibilidade aos ingressos, como bilheterias físicas, disponibilidade na internet, ação de cambistas, como isso interfere nos dois países?

CG: Interfere na entrega. O dia de jogo é um dos principais ativos e geradores de receita. Você tem que tratar bem um cliente, pois é o mínimo que se deve esperar.

MR: Com os novos estádios construídos e reformados, acredita que o torcedor brasileiro voltará a comparecer? Precisa ser feito algo a mais? Atuação das federações, CBF e clubes, o que eles podem fazer nesse sentido para atrair o torcedor?

CG: Creio que a novidade dos novos estádios atraia mais “novos-torcedores”. A pergunta é: “Eles ficarão?”. Cabe a reflexão e principalmente o entendimento dos gestores destes espaços que os torcedores precisam ser conhecidos na sua essência. Pois continuaremos a ter os mesmos que sempre estiveram nos estádios e a vinda de outros que ansiavam uma nova entrega e deixaram de ir e outros que nem conheciam e potencialmente passarão a consumir. A demanda agora para os clubes e federações, detentores de direitos e patrocinadores é conhecer profundamente este cliente.

MR: A Copa das Confederações mostrou-se muito cara para os torcedores, ingressos, consumo de alimentos e bebidas com valores exorbitantes. Isso afasta a maioria dos brasileiros que não tem condições de bancar uma ida ao estádio. Essa será a tendência do futebol brasileiro com as novas arenas surgindo ou acredita que irão mudar de cenário e se adequar ao perfil do povo brasileiro que não tem condições?

CG: Acredito que uma vez identificado, quem realmente frequentará os estádios, podemos responder esta questão. Possivelmente teremos que pensar em setorização dos estádios, que possam atender as mais diversas camadas e necessidades. Certamente haverá um longo trabalho a frente para os clubes e os seus gestores idealizarem planos de ação de sócios-torcedores e compreenderem que o matchday é o ativo mais desejado do torcedor.

Futebol acontece realmente quando a bola rola!

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> Vídeo de Anderson Silva e Pelé já tem mais de 17 milhões de visitas
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