Da aposta aos grandes momentos: Um ano de Jair à frente do Botafogo
Após deixar de ser auxiliar, atual comandante lidera o Glorioso numa campanha surpreendente na Copa do Brasil e na Libertadores. Jogo deste domingo é contra o Grêmio
Jair Ventura costuma dizer que celebração é no dia 8, quando recebeu a sondagem do presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira. Mas foi só depois que a novela envolvendo a saída de Ricardo Gomes do comando técnico do Alvinegro se resolveu que o então auxiliar técnico foi efetivado no cargo principal. Dia 13 de agosto de 2016. Neste domingo, exatamente um ano. Para comemorar, o treinador certamente vai querer uma vitória de seu time alternativo sobre o Grêmio, esta noite.
A complexa e delicada situação financeira do clube de General Severiano torna os feitos do Alvinegro, desde o ano passado, surpreendente. Fuga da zona de rebaixamento, classificação à Copa Libertadores, estar nas quartas de final do torneio continental e na semifinal da Copa do Brasil... e à frente de tudo isso está Jair. Contudo, é possível que nada disso tivesse acontecido se o primeiro resultado não fosse positivo: vitória sobre o São Paulo, no Morumbi, por 1 a 0. Gol no minuto final.
- O jogo contra o São Paulo foi o mais difícil da minha carreira. Ali foi o grande momento. Eu me vejo numa evolução. Se me perguntar se estou pronto, daqui a 40 anos não estarei. Por mais que o momento seja bom, quero sempre mais. Estou sempre aprendendo, estudando. E engraçado que a gente aprende com as coisas mais simples a ser melhor pessoa e profissional. Espero estar sempre em evolução. Claro que o resultado vão sustentar modelo, atuações e a gestão. Fico muito feliz de completar um ano e ter o grupo de jogadores que tenho, já que a média é de três meses no cargo, no Brasil. Fico feliz, mas ainda falta muito - entende Jair.
Desde que assumiu o Botafogo, o treinador revelação do Campeonato Brasileiro do ano passado obteve 34 vitórias, 15 empates e 22 derrotas. Aproveitamento de 54%, que está longe de traduzir o sucesso alvinegro desde então. Jair costuma dar os louros aos seus comandados, e os jogadores veem no treinador um dos fatores responsáveis por fazer a equipe estar a seis jogos de um titulo internacional e a quatro de uma taça nacional.
- Hoje em dia, o futebol é resolvido dentro das quatro linhas. Não tem mais camisa que ganha jogo. Compramos a ideia do Jair, temos as nossas limitações, como todos. Mas queremos marcar história no Botafogo e estamos próximos disso, não podemos negar. Isso motiva muito. O Jair sabe tirar o melhor do jogador. Se tem um cara responsável, pode botar na conta dele, com certeza - afirma Bruno Silva.
O Botafogo, o Grêmio e o Cruzeiro têm os técnicos há mais tempo no comando das equipes. Mano Menezes completou há pouco um ano na Raposa, e Renato Gaúcho fará aniversário no mês que vem. Coincidência ou não, são três dos quatro semifinalistas da Copa do Brasil.
O treinador botafoguense considera que ser um bom gestor de pessoas é o maior mérito que pode ter um técnico de futebol. No entanto, mesmo enquanto auxiliar-técnico, já chamava atenção pelo detalhamento tático com que passava instruções. E assim ocorreu com Bruno Silva, que já costumava chegar no ataque durante toda a carreira. Em 2017, porém, ocupando cada vez mais o corredor direito do ataque, ele vive a temporada mais artilheira dele.
- O Ricardo Gomes me pediu para fazer essa função e o Jair conversou comigo. Eu não deixo de ser volante, mas ele (Ricardo) viu que eu tinha condição e me deixa à vontade. E ele (Jair) tem grande responsabilidade nesta função que estou fazendo - explica Bruno Silva.