No início dessa semana, a torcida do Botafogo ficou surpreendida com uma foto no Twitter de um jovem atleta vestindo a camisa do clube. Trata-se de Alessandro, meio-campo que assinou contrato de baixo custo até abril de 2019, que veio para ser testado nas categorias de base, mas já apareceu em alguns treinos da equipe profissional.
O atleta de 21 anos estava no Flamengo de Guarulhos, onde jogou a última Série B do Campeonato Paulista, equivalente a quarta divisão estadual, e, por isso, é desconhecido do grande público. O LANCE! falou com Cleiton Marcelino, treinador do atleta na época de Espírito Santo, clube que o revelou para o futebol, que falou algumas características de Alessandro.
- Eu trouxe o Alessandro pro Espírito Santo, na época era treinador do Sub-20, na temporada 2016 e ele jogou comigo nos dois anos, em 2016 e 2017, até que ele foi promovido para o profissional em 2017. Depois, eu pude trabalhar com ele no profissional, quando eu subi para a categoria, na Série D, eu tive a oportunidade de trabalhar com ele no profissional também. Foram dois anos trabalhando com ele aqui no Espírito Santo - disse.
De acordo com o treinador, Alessandro se destaca pelo drible e pela visão de jogo, com destaque para o último passe no terço final do campo, e que, consequentemente, atua preferencialmente como meia-armador, mas que, na sua opinião, ele rende melhor atuando pelo lado direito, sendo um meia aberto capaz de criar oportunidades de gol.
- O Alessandro tem característica de drible, velocidade, um jogador que tem uma boa visão de profundidade, um bom passe, finaliza bem, também tem um drible muito bom. Pode jogar tanto quanto meio-campo centralizado, um camisa 10, quanto pelos lados do campo. É um jogador que tem um último passe muito bom e tem a finalização muito boa, além da velocidade e do drible. Eu prefiro ele atuando como extremo, pelo lado direito, eu acho que é onde ele rende mais - afirmou.
Cleiton também destacou sua evolução desde os tempos de categoria de base até seu desempenho na última Copa Paulista, um campeonato de categoria profissional. O treinador afirma que Alessandro é muito bom em termos técnicos, mas que vai conquistar maturidade e, por consequência, melhorar seu jogo, ao longo do tempo.
- Eu o acompanhei desde a base até o profissional, vi a evolução dele. Acho que o que ele tem para melhorar vem com o tempo, vem com a maturidade. Quem o viu jogando no Sub-20 e a última competição em âmbito profissional viu o quanto ele evoluiu, amadureceu. É mais questão de amadurecimento mesmo, porque tecnicamente ele já vem em uma crescente e eu acredito que, estando em um grande centro, a tendência é melhorar ainda mais - completou.
Algo um tanto quanto inusitado é o apelido de "Zé Gatinha", como Alessandro é conhecido. A alcunha chamou muito a atenção dos torcedores nas redes sociais, mas Cleiton afirmou que o mesmo vem de muito tempo, desde que o atleta ainda estava na escolinha, por conta da semelhança de jogo com um famoso jogador do futebol capixaba.
- O apelido do Zé Gatinha surgiu em uma escolinha de futebol que ele jogou durante a base, dos 9 anos até os 17, que foi a equipe da Pedra da Cebola. O treinador dele, o Rubinho, jogou no futebol profissional capixaba e aqui tinha um jogador chamado Zé Gatinha, que é ídolo da torcida aqui, e, pelas características que ele (Alessandro) jogava, acabou que o professor colocou o apelido dele de Zé Gatinha por conta disso - falou.
O técnico afirma que Alessandro é um jogador de "cabeça boa", que com certeza vai colher frutos de treinar e estar em um dos grandes clubes do país, oferecendo uma boa estrutura, principalmente para jovens jogadores. Nos últimos anos, o Botafogo ficou marcado pelo bom uso de jogadores oriundos das categorias de base e Cleiton afirma que o meia pode aproveitar essa organização até para se destacar no cenário nacional.
- Com o potencial e a cabeça boa que ele tem, ele tem tudo para, estando em um grande clube, com a estrutura que o Botafogo oferece, evoluir e ser um dos destaques do futebol brasileiro. Aqui no Espírito Santo temos muitos atletas com muito potencial, mas nossa vitrine ela não ajuda, então muitos desses jogadores saem daqui para brilhar em outros estados e aí sim ter uma oportunidade. Não tenho dúvidas que ele terá sucesso no Botafogo e, quem sabe, amanhã ou depois, ser um dos destaques do futebol brasileiro - bradou.
Em termos de comparação, Cleiton afirma que Alessandro é, guardada as devidas proporções, muito parecido com Éverton Ribeiro, por conta do estilo de jogo, que é organizado e permite atuar como um criador de jogador tanto pelo meio quanto pelo lado do campo.
- Eu acho que ele se assemelha muito ao Éverton Ribeiro, do Flamengo, é um jogador que atua tanto por dentro quanto pela extrema. Ele tem essa qualidade e sabe jogar nessas duas posições, então eu o assemelho muito ao Éverton Ribeiro - disse.
Cleiton ainda afirmou que trabalhou e acompanhou de perto Luan, zagueiro do Palmeiras, Ramon, lateral-esquerdo do Vasco, e Rhayner, atacante do Vitória, durante as categorias de base no futebol capixaba e afirmou que Alessandro não está longe se comparado com os outros três, que estão estabelecidos no cenário do futebol brasileiro.
- Creio que ele ainda tem muito a desenvolver no futebol brasileiro. Eu tive a oportunidade de trabalhar com o Luan, do Palmeiras, com o Ramon, lateral do Vasco, o Rhayner, do Vitória, vários jogadores que brilham no cenário nacional e não vejo o Alessandro atrás deles não. Eu que acompanhei de perto a ascensão desses jogadores, fui treinador deles na base, e depois acompanhei a carreira no profissional, posso falar com propriedade que o Alessandro pode ser um grande jogador assim como esses que eu citei - finalizou.