Especial 95: Gottardo revela sacrifício de Donizete na final do Brasileirão
Um dos pilares do título alvinegro, ex-zagueiro conta detalhes do time e compara o futebol daquela equipe ao padrão do futebol europeu atual. É o segundo capítulo de série do L!
A campanha do título brasileiro de 1995 tem diversos símbolos para o torcedor alvinegro. Gottardo, capitão do time na conquista, certamente é um deles. Sinônimo de segurança na defesa, o ele garantiu o time por muitas vezes. Hoje aos 52 anos, o xerifão conversou com o LANCE! para relembrar a glória de 20 anos atrás. É o segundo capítulo da série Especial 95, e tem muita história boa.
Gottardo e Gonçalves formaram uma dupla de zaga muito consistente em 1995. O capitão, inclusive, também contribuiu de maneira importante na frente. Gottardo deixou sua marca no primeiro jogo da final, na vitória por 2 a 1 contra o Santos, no Maracanã. Foi dele o gol que abriu o placar.
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Wilson Gottardo chegou ao Botafogo em 1987, vindo do Náutico. Ficou até 1990, tendo faturado o Campeonato Carioca em 1989 e 1990. Seu retorno ocorreu em 1994, vindo do Marítimo, de Portugal. Em 1995, ele já era um experiente defensor com 15 anos de carreira como profissional. E essa bagagem ajudou muito o Glorioso nos momentos de maior dificuldade.
Em papo com o LANCE!, o zagueiro relembrou o jogo decisivo da final contra o Santos, empate por 1 a 1, no Pacaembu, e destacou que o atacante Donizete, que fazia dupla com o artilheiro Túlio Maravilha, foi para o campo no sacrifício.
- A final tem sempre um lado tenso, de ansiedade e expectativa. E do outro lado você tinha um Santos muito bem comandado, que superou o Fluminense com maestria na semifinal. Era praticamente o estado de são Paulo todo contra o Botafogo. Nós entramos para vencer no Pacaembu. E só não vencemos porque o Donizete teve uma lesão (um estiramento na coxa direita, no primeiro jogo da final, quatro dias antes) que não permitiu ele jogar 100%. Mas a sua vontade foi contagiante. Pediu para jogar mesmo sentindo. E ainda teve a raça do Túlio, que se desdobrou para cumprir duas funções no ataque, ajudando o Donizete - disse Gottardo.
O capitão do Botafogo no título destacou também que aquele time alvinegro estava além do seu tempo, comparando o futebol daquela equipe com o da Europa nos dias atuais. Além disso, ele realçou também bom o ambiente dentro do clube, mesmo com salários atrasados em quase quatro meses.
- Era um time muito além dos padrões da época. Era um time que jogava um futebol dentro dos conceitos que hoje são estabelecidos na Europa. E o Paulo Autuori foi o mentor disso. O departamento médico também foi fantástico. Mesmo com pouca infraestrutura, o ambiente era sensacional - exaltou.
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Gol na Final
Eu não diria que foi o gol mais importante da minha carreira, mas poder fazer um gol decisivo na final foi uma enorme realização pessoal.
Túlio
Fez um belíssimo campeonato brasileiro naquele ano, por isso foi o nosso artilheiro. Era uma referência técnica da equipe.
Quando percebeu que o time podia ser campeão
No primeiro jogo no Brasileiro, eu já notei algo diferente. Na estreia (empate por 2 a 2 contra o Vitória), nós jogamos de uma forma que já nos fez vislumbrar algo maior no decorrer da competição. Pensei: "Opa, pera aí, esse time tem algo de diferente".
Taça merecida
A competição nacional é sempre uma das mais complicadas. E por ser difícil, ainda mais naquele formato, de mata-mata, tenho certeza que não foi uma conquista por acaso. Existem competições importantes, como o Estadual e a Libertadores. Mas o Brasileiro era o mais difícil de se vencer.
Wagner
Ele se superou. Foi a prova de que ele poderia voltar a ser aquele Wagner que se destacou no Bangu. Recuperou a confiança e foi fundamental.
Atrasos salariais
Fomos campeões com quatro meses de salários atrasados. E isso não tirou o foco, até porque o nosso foco era somente no título. Conquistando a taça, tínhamos maiores possibilidades de receber também, com a vinda de prêmios, além do eventual prestígio e uma melhor renovação de contrato.