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Consciência Negra: Jefferson vê John defender legado de goleiros negros no Botafogo

Glorioso mantém resistência contra o racismo na posição

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imagem cameraEm primeira temporada de sucesso, John mantém escrita no Botafogo (Foto: Jorge Rodrigues/AGIF)
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Pedro Ernesto
Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porPedro Werneck
Dia 20/11/2024
08:00
Atualizado em 20/11/2024
08:15

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Líder do Brasileirão e finalista da Libertadores, o Botafogo vive um dos melhores momentos da sua história. O grande desempenho na temporada passa por John Victor, que protege não apenas a meta alvinegra, mas também um legado histórico de goleiros negros do Glorioso. O arqueiro segue os passos de Jefferson, ídolo alvinegro, que conversou com o Lance! sobre a resistência vitoriosa da posição.

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Solitário em campo. Antítese do gol. Confiança única. O racismo no futebol existe, e para os goleiros negros, é uma batalha histórica. No entanto, Jefferson e outros grandes personagens do Botafogo ousaram desafiar o preconceito.

Barbosa e Maracanaço

O maior símbolo do racismo contra goleiros negros brasileiros é Moacyr Barbosa. Ídolo do Vasco e da Seleção Brasileira, o jogador viveu, ao mesmo tempo, o auge, reconhecido até então como o melhor do continente na posição, e as trevas, perseguido por falhar no segundo gol do Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950.

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Para muitos, o goleiro foi exageradamente criticado pelo erro. Como consequência, popularizou-se uma falsa ideia de que os melhores atletas da posição não poderiam ser negros. Jefferson relembrou o que Barbosa falava sobre a perseguição:

- Uma frase do Barbosa que me marcou bastante é que ele foi a única pessoa condenada a prisão perpétua no Brasil. Um erro que qualquer goleiro poderia cometer, e vai continuar cometendo, sendo negro ou branco.

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Fora da Seleção?

Nesse contexto, Jefferson, um dos goleiros mais emblemáticos do futebol brasileiro no século XXI, também carregou um peso a mais na carreira. O atleta comenta que, em 2003, quase perdeu uma oportunidade na Seleção Brasileira por conta da sua cor de pele:

- Pela minha performance na Seleção Brasileira sub-20, eu seria convocado para o Mundial. Para minha surpresa, quando saiu a convocação para a competição, meu nome não estava lá. No final de 2003, eu recebo uma ligação da comissão técnica, que falava que eles gostariam de contar comigo, porque o torneio foi adiado. Na mesma conversa, um diretor confessou que havia sido impedido de contar com qualquer goleiro negro, até pelo episódio do Barbosa. Essa pessoa saiu da CBF, e fomos campeões mundiais.

Brasileiro A 2018, Botafogo x Parana
Jefferson de Oliveira Galvão, ídolo do Botafogo (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)

Histórico

O Botafogo, por sua vez, joga na contramão do preconceito futebolístico. 16 anos após a perda do título da Copa do Mundo de 1950, um goleiro negro voltou a ser a primeira opção do Brasil em um Mundial: Manga, paredão glorioso e titular em 1966.

Antes dele, Oswaldo Baliza foi um dos pioneiros no futebol brasileiro com sua representatividade pelo Botafogo, onde iniciou a carreira e passou nove temporadas consecutivas. Wágner, campeão brasileiro em 1995, também marcou época no futebol brasileiro, com 412 jogos pelo clube. Um legado que ainda passa por Max e Diego Loureiro, campeões da Série B pelo time, e Renan, cria da base com mais de 100 atuações pelo Glorioso.

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No século XXI, Jefferson é símbolo da resistência alvinegra, sendo reconhecido pela torcida como um dos maiores ídolos da história do Botafogo.

- Hoje sou conhecido mundialmente por representar o Botafogo, e isso é gratificante. É um time histórico, o time que mais cedeu jogadores para a Seleção Brasileira, um clube respeitado e querido com uma torcida maravilhosa. É minha segunda casa, hoje minha família inteira é botafoguense. O time está muito bem hoje, mas eu fico feliz de ter participado de um dos momentos mais difíceis da história e ter permanecido leal - agradece o jogador.

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Agora, John lidera o melhor Botafogo dos últimos anos. O clube de regatas continua remando contra a maré, rumo à temporada mais vitoriosa de sua história. Na opinião do ídolo, o atual goleiro pode manter o legado glorioso:

- Ele tem um potencial enorme, um cara humilde e trabalhador. Se Deus quiser, vai ficar na história do Botafogo com os dois títulos (Brasileirão e Libertadores). Eu faço votos para que ele permaneça, mesmo com interesse de outros clubes, para não fazer o clube de trampolim e criar uma grande carreira.

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