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De pedreiro a artilheiro do Botafogo: Júnior Santos detalha chegada à Glória Eterna

Jogador deixou vida de servente para apostar no futebol profissional aos 20 anos

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imagem cameraJúnior Santos comemora gol do Botafogo na final da Libertadores. (Foto: Vitor Silva/Botafogo)
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Isabelle Favieri
Rio de Janeiro
Dia 04/12/2024
09:00
Atualizado há 0 minutos

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No último sábado (30), a Copa Libertadores ganhou um novo campeão inédito com a vitória do Botafogo, por 3 a 1, em cima do Atlético-MG, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. O gol que confirmou a vitória no último minuto da partida veio dos pés de Júnior Santos, aquele que também marcou o primeiro do Glorioso na competição. Ao Lance!, o artiheiro contou detalhes sobre sua história de superação até a conquista da Glória Eterna.

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Ao Lance!, Júnior Santos fala sobre sua história de superação. De pedreiro à várzea, o artilheiro da Libertadores revelou emoção com o título inédito pelo Botafogo.

O caminho até se consagrar campeão da América não foi fácil. Um dos destaques da campanha alvinegra, Júnior Santos não pensava em se tornar jogador de futebol até seus 20 anos. Até então, o esporte era apenas um lazer, quando começou a trabalhar de pedreio com o tio, em Conceição de Jacuípe, na Bahia.

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O jogador deixou a família e foi sozinho para Salvador para tentar a vida como atleta. Na capital, Júnior Santos começou a jogar como amador, ganhando 50 reais por partida, enquanto trabalhava de servente. Ele foi se destacando e aumentou seu preço para 300 reais por partida.

Aos poucos, foi se tornando a estrela do futebol amador, e chegava a tirar cerca de 500 reais por jogo, enquanto jogada duas vezes na semana. Assim, largou a vida de pedreiro para se dedicar ao esporte. Foi aí que começou a receber propostas para o futebol profissional. Júnior Santos aceitou o convite e deixou Salvador para jogar no Osvaldo Cruz, em São Paulo. Foi aí que tudo começou a mudar.

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– Eu sempre tive esse sonho e fui atrás dele. É claro que durante o caminho temos muitas dificuldades, pensamos em desistir, mas eu persisti. O início foi complicado, de muita superação, mas sempre acreditando que as coisas poderiam acontecer. Até no meu último jogo pelo Osvaldo Cruz, já pensando em voltar para Bahia, foi que Deus enviou uma pessoa naquele momento. Conheci o meu empresário, Edivaldo Ferraz, que me viu, gostou, estendeu a mão em tudo que precisava no momento e conseguiu um teste no Ituano. Depois disso, as coisas aconteceram para mim profissionalmente. Até então, eu jogava em clubes menores, na várzea, mas não sabia se realmente iria conseguir.

Ao Lance!, o empresário Edivaldo Ferraz revelou como chegou ao Júnior Santos e o que o chamou a atenção para investir no atleta. Segundo ele, o jogador estava prestes a desistir do sonho de jogar futebol quando o conheceu.

– Em 2017, fui assistir a um jogo, entre Osvaldo Cruz e Mantiqueira, para ver um atleta específico. Acabei gostando do Júnior, mas diziam que ele iria voltar para a Bahia, para seguir como servente de pedreiro, pois já estava com uma idade avançada. Mas eu disse que queria conversar com ele, fiz uma proposta, dando toda estrutura e passamos a buscar oportunidades.

Ferraz detalhou como foi o início da relação entre eles e sua trajetória até chegar ao Botafogo para ser destaque da campanha histórica que terminou com o título continental. Desde o início, Júnior Santos sempre demonstrou faro para gols.

– Na época, como é ainda hoje, tinha uma ótima relação com o Juninho Paulista, presidente do Ituano. Por conta disso, conseguimos um período de testes para o Júnior, pouco antes do Paulistão de 2018. Gostaram dele pelo desempenho e inscreveram na competição. Ele foi bem, fez quatro gols em nove jogos, chamando a atenção de outras equipes. Para o segundo semestre, acertamos com a Ponte Preta, para a disputa da Série B. Ele foi bem novamente, seguindo em 2019 para o Fortaleza, onde ganhou ainda mais destaque, sendo artilheiro e campeão. Então, veio o Japão, fizemos toda a intermediação e o Júnior fez história por lá em três temporadas, amadurecendo muito como homem e como atleta. Voltou ao Brasil para o Botafogo, por empréstimo, e já demonstrava ser um atleta pronto para ser o que é hoje e todos estão vendo.

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Júnior Santos, jogador do Botafogo, e seu empresário Edivaldo Ferraz comemorando o título da Libertadores. (Foto: Reprodução)

Parecia escrito nas estrelas que o gol da confirmação do título sairia dos pés do artilheiro da competição. Júnior Santos aproveitou o rebote na área para fazer 3 a 1 e cravar seu nome na história do Botafogo. Além do gol, se tornou o maior artilheiro do Botafogo na história da Libertadores, com 10 gols.

– Quando você quer ser jogador, não tem muito como escolher onde vai ser. É como qualquer outra profissão, que você precisa ir atrás do sonho, acreditar, lutar, batalhar… Fui desbravando, mas também crescendo. Hoje olho para trás e vejo que tudo valeu a pena. Sendo artilheiro e campeão da Libertadores, tive a oportunidade de jogar fora de Brasil, coisas que me fazem seguir motivado para buscar novos objetivos.

Ao ser perguntado sobre o que o título continental representa para a sua carreira, o camisa 11 se emocionou ao relembrar sua trajetória. Hoje, aos 30 anos, o jogador vive o auge da sua carreira, mesmo passando por uma lesão que o tirou dos gramados por cerca de cinco meses. Ao voltar a jogar em período decisivo na temporada, ele mostrou a sua importância para o elenco alvinegro.

– Significa muito. Todo atleta trabalha para esses momentos. A gente busca títulos grandes e a Libertadores é um dos maiores. Representa toda uma história de superação, de buscar o que a gente sonha. Vejo que isso possa inspirar outras pessoas a seguirem batalhando em todas as áreas e fico feliz por esse reconhecimento.

O principal motivo para que o atacante não tenha desistito da carreira no futebol foi seu pai. Seu José Antonio sofreu um AVC enquanto Júnior ainda atuava pelo Ituano e perdeu a memória. Em 2021, ele faleceu. Até hoje, Júnior Santos se emociona ao falar de seu pai, que não chegou a vê-lo se tornar um jogador profissional.

– Meu pai sempre foi uma inspiração para mim. Infelizmente, ele acabou partindo cedo e não pôde ver toda essa minha história. Mas ele tem participação direta, foi importante também quando pensei em desistir e voltar para a Bahia. Ele me disse para seguir tentando, pois as coisas iriam acontecer. Mas certamente ele está vendo lá de cima e segue sendo uma inspiração para mim. Ele me ensinou muito, me passou valores que vou carregar pelo resto da vida.

Agora, o camisa 11 tem mais uma missão pela frente. O Botafogo volta a campo pelo Campeonato Brasileiro, contra o Internacional, nesta quarta-feira (4), em partida que pode valer mais um título na temporada, caso o Palmeiras perca para o Cruzeiro, no Mineirão. As partidas acontecem às 19h30 (de Brasília)

Junior Santos comemora seu gol marcado na final da Libertadores pelo Botafogo contra Atlético-MG
Junior Santos comemora seu gol marcado na final da Libertadores pelo Botafogo contra Atlético-MG (Foto: Luis Robayo/AFP)

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