Diretor de ‘Acesso Total’ exalta elenco do Botafogo: ‘Esses jogadores sempre quiseram muito alcançar o objetivo’
Ao LANCE!, Flávio Winter conta como foi montar o roteiro de uma história que não tinha garantias, valoriza grupo e faz comparações com o documentário do Corinthians
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Como escrever as linhas de uma história que não possui um desenrolar definido? As pessoas envolvidas na produção de "Acesso Total" passaram por isso. Afinal de contas, tudo que fizesse parte do documentário, que passou a ser exibido nesta terça-feira no SporTV, dependia do que o Botafogo fizesse dentro e fora de campo.
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Em entrevista ao LANCE!, Flávio Winter, um dos diretores da obra, explicou como a organização dos episódios funcionaram. Serão, ao todo, oito episódios - um exibido a cada terça-feira no SporTV e na "Globoplay".
– Apesar de ser uma obra aberta, desde o início fomos muito organizados. Desde que soubemos que faríamos a série, eu e o roteirista Gustavo Machado sentamos para desenhar a narrativa que imaginávamos para contar a história em partes. Então, desde o início, apesar de o trabalho ser muito grande e envolver muitos profissionais, já sabíamos como queríamos contar a história, os caminhos dos roteiros de cada episódio. Isso foi nosso guia desde o início para as tomadas de decisões que tivemos com cada novidade que acontecia. E, claro, adaptando conforme tudo foi acontecendo - afirmou.
A cobertura não foi um processo natural para jogadores e dirigentes, que demoraram a se acostumar com a quantidade de câmeras gravando cada passo que era dado no dia a dia.
– Foi um processo delicado. Tínhamos sempre três profissionais cobrindo o dia a dia do Botafogo, captando imagens de tudo: treinos, vestiário, jogos, viagens, reuniões e papos informais. Só um dos cinegrafistas, o também diretor da série, Antônio Bento Ferraz, tinha acesso ao vestiário em dias de jogos, uma exigência dos jogadores para que tivessem mais conforto em momentos mais íntimos. E desde o início contamos com o apoio do presidente, Durcesio Mello, e do diretor de futebol, Eduardo Freeland - destacou.
O que mais chamou a atenção? Para Flávio, o enredo de "super-herói" envolvendo a superação do elenco do Botafogo é o ponto-chave do documentário. O time, que começou desacreditado após um Carioca ruim, evoluiu e conquistou o título da Série B do Brasileirão.
– A união dos jogadores para que o projeto desse certo. A verdade é que poucas pessoas acreditavam que esse time do Botafogo poderia ser campeão da Série B. Muitas pensavam que o time teria muita dificuldade inclusive para conseguir o acesso. Imagina ganhar o campeonato mais disputado dos últimos anos nesta divisão? Os jogadores acreditaram no projeto do presidente, do diretor de futebol e de todo o pessoal interno do Botafogo. E, principalmente, no trabalho do Enderson Moreira. Para um time ser campeão, antes de tudo, precisa acreditar que vai ser campeão. E, pelo que vimos nos bastidores, esses jogadores sempre quiseram muito alcançar esse objetivo.
MAIS DECLARAÇÕES DE FLÁVIO WINTER
Qual a diferença para o "Acesso Total" do Corinthians?
– O Corinthians foi o primeiro clube a ter a coragem de se abrir para um documentário como esse. O Botafogo também nos deu todas as condições e aumentou as possibilidades de contar uma história não só do futebol, mas dos bastidores extracampo. Temos de tudo um pouco. Tristeza, alegria, confusão, discussão no vestiário, euforia, depressão, dívida, churrasco e pagode. Acho que foi um casamento que deu certo: a produção do documentário, que sempre foi muito verdadeira e honesta, e o Botafogo, que aceitou mostrar suas vulnerabilidades.
O que esperar do segundo episódio?
– Um episódio com reviravoltas, uma característica da série. Apesar de sabermos o final da história, existem muitas coisas a serem reveladas através dos bastidores. No segundo episódio, mostramos o tamanho da crise financeira que o clube enfrenta; a chegada do CEO Jorge Braga, contratado para tentar resolver essa questão e os tropeços do time no início da temporada. Nesse período, a pressão sobre o trabalho do técnico Chamusca começa a aumentar porque o time não está respondendo em campo.
É difícil montar roteiro diante da forma como a série foi gravada?
– Muito difícil. Nosso roteirista Gustavo Machado já nos trouxe um desenho bem definido do que ele imaginava de narrativa para os episódios. Apesar de ser um enredo cronológico, tentamos mostrar os desdobramentos de uma forma que surpreendesse o consumidor da série. Essa parceria entre diretores e roteirista foi muito importante e sem ela ficaria mais difícil acontecer. O roteiro também vai se adaptando durante o processo e ganha vida depois que chega na ilha de edição. A montagem final também é muito importante. Trabalho feito por João Silvério, Heros Steyka e José Cardozo. Neste processo, ajustes naturais são feitos para que o consumidor veja em cada episódio o que de mais relevante e interessante aconteceu na temporada do Botafogo.
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