A situação do Botafogo é preocupante dentro e fora dos gramados. Se a equipe comandada por Alberto Valentim está a dois pontos da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, a diretoria do Alvinegro faz contas com o intuito de fechar o ano. Com problemas financeiros, a cúpula do Glorioso tenta recorrer a um velho conhecido: Carlos Augusto Montenegro.
No final da tarde da última segunda-feira, representantes da diretoria do Botafogo foram até a casa de Montenegro para a realização de uma reunião. Depois do encontro com o benemérito, a cúpula do Alvinegro se encontrou com Nelson Mufarrej, atual presidente, em um restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro.
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Confira a classificação do Campeonato Brasileiro
A diretoria do Botafogo foi atrás de Carlos Eduardo Montenegro em busca de ajuda financeira. Com um mês e meio de salários atrasados - e com a folha de outubro vencendo na próxima quinta-feira -, não há perspectiva de nenhuma forma de pagamento. Pessoas do clube até tentaram levantar fundos com um fundo de investimentos em São Paulo, em um processo que durou até a última semana, mas não foi possível. A única opção restante foi recorrer ao Benemérito, que já quitou algumas folhas salariais ao longo do ano.
Após os dois encontros, Ricardo Wagner, presidente do Conselho Fiscal, renunciou ao cargo como uma exigência de Carlos Augusto Montenegro. Uma das imposições do benemérito para que os empréstimos ocorram é que o clube comece a se despolitizar. Por esta razão, o grupo "Mais Botafogo" está cada vez mais rachado - o primeiro a sair foi Carlos Eduardo Pereira, vice-presidente geral, em março.
A intenção do Botafogo é que Montenegro assuma todos os pagamentos do elenco profissional até o final do ano. Existe a possibilidade do ex-presidente ter a ajuda de outros torcedores ilustres nesta ação. Inclusive, o primeiro depósito pode ocorrer ainda nesta semana, já que a intenção da diretoria é quitar pelo menos um mês de salários antes da partida contra o Flamengo, na próxima quinta-feira, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Os jogadores não escondem o descontentamento com a situação financeira. Não à toa, nenhuma entrevista coletiva é realizada na sala de imprensa desde setembro por uma exigência do elenco, que, em forma de protesto, não quer mostrar os patrocinadores do clube. Internamente, Anderson Barros e líderes do elenco, como Carli, Gabriel e João Paulo, são responsáveis por "segurarem as pontas" e manterem o foco de todos dentro das quatro linhas.
O encontro foi considerado como positivo por Carlos Augusto Montenegro. Por isto, é esperado que mais mudança - e, consequentemente, saídas - ocorram. Vale ressaltar que um rebaixamento não daria um fim ao projeto investidores, já que é algo pensado a longo prazo, mas, com certeza, atrasaria a entrada de algumas cifras nos cofres do Botafogo. Por isto, a prioridade interna é que o Glorioso permaneça, de qualquer maneira, na elite do futebol brasileiro.
Por isto, a intenção de estreitar ainda mais as relações com Montenegro é vista como a última cartada do Botafogo para quitar os salários e fechar o ano longe da zona de rebaixamento. Para se aproximar do ex-presidente, campeão brasileiro em 1995, os dirigentes adotaram a linha de reconhecer que a gestão cometeu erros. A intenção é que o benemérito abrace o clube até o fim do ano por ver que o grupo abriu mão da vaidade e admitiu os percalços no caminho.