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Eleição Botafogo 2017: ‘Continuar a reconstrução’, diz Nelson Mufarrej

Candidato da situação prega a manutenção das ideias da atual gestão para o próximo mandato. Ele exalta os feitos dos últimos anos e reforça a busca por novos recursos

Nelson Mufarrej
imagem cameraNelson Mufarrej é vice-presidente geral da atual diretoria do Glorioso (Foto: Felippe Rocha)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 14/11/2017
18:28
Atualizado em 15/11/2017
07:00

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O LANCE! publica nesta quarta-feira a segunda entrevista com os candidatos à presidência do Botafogo. A eleição do clube é no dia 25 de novembro, um sábado, na sede de General Severiano. Por critério editorial, as entrevistas são em ordem alfabética e com as mesmas perguntas para ambos. Hoje é a vez de Nelson Mufarrej, atualmente vice-presidente geral e candidato da situação pela "Chapa Ouro" número 21. Ele concorre com Marcelo Guimarães, da chapa de oposição. Na versão impressa do LANCE! estão as principais questões. Abaixo, a entrevista completa.

Por que ser presidente?
Essa é uma ótima pergunta. Em primeiro lugar porque eu tenho uma tradição da minha família Mufarrej aqui no Botafogo. Além de ter orgulho de ter participado e de ainda estar participando desta diretoria com a liderança do Carlos Eduardo Pereira. Então, juntando isso tudo, eu me sinto plenamente preparado para assumir a presidência do Botafogo, esperando que, no dia 25, os sócios-proprietários (ainda não teremos o sócio-torcedor), nos deem a honra de votar na Chapa Ouro, 21.

O senhor já está no mandato, mas que Botafogo espera encontrar para presidir, se for eleito no fim do mês?
A gente tem que continuar a reconstrução do Botafogo seguindo rigidamente o nosso controle orçamentário, coisa que o clube não tinha. Nós, hoje, temos o nosso orçamento e o seguimos plenamente. Também a responsabilidade fiscal, que é muito importante. Inclusive, hoje, nós temos o nosso compliance (cumprimento de acordo). Este diz que todos os contratos são analisados pelos nossos vice-presidentes que estão envolvidos. Isso é transparência e disso a gente não abre mão. Esse é o objetivo da reconstrução. Queremos prosseguir com isso e concluí-la efetivamente. Esse é o nosso objetivo primordial, além de cumprir todo o nosso programa, que não visa só o futebol. Sabemos que será um ano muito difícil. Será o último ano das cotas da TV Globo com o contrato anterior, o que afeta muito a parte orçamentária. Então, o futebol vai ser muito bom para que a gente possa continuar com o dorso do Botafogo. Vamos caminhando nesse sentido, mas, agora, com o nosso centro de treinamentos. Nós conseguimos, através dos irmãos Moreira Salles, financiar a compra e vamos pagar em 360 meses, sendo reajustado apenas pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) anualmente. Não é mensal e nem há juros. Assim, vai ter uma integração entre o futebol e as categorias de base, que é o nosso principal ativo e temos que cuidar, e os profissionais. O Renha (Manoel, diretor da base) vem fazendo um trabalho excepcional. Fomos campeões da Taça Rio sub-17... tudo isso nos deixa esperançosos de que teremos jogadores da base que irão brilhar nos profissionais e gerar uma receita boa para que a gente possa investir ainda mais no futebol para trazermos os títulos que desejamos.

Quais os principais objetivos possíveis e ideais?
O ideal é continuarmos com esse trabalho que vem sendo desenvolvido pela comissão técnica, pelo vice-presidente de futebol, o Cacá Azeredo, e por todos nós, porque aqui no Botafogo é assim: todos os vices têm conhecimento de todas as áreas. As nossas reuniões são abertas, para todos. Com isso, todos os vices vão tomando conhecimento das coisas, mas temos um de futebol que é o Cacá, a comissão técnica que a gente pretende manter inclusive o técnico. Porque é importante e eu sou a favor de que o técnico participe anos e anos porque é assim que ele vai formar uma equipe que nos trará títulos. Então o nosso objetivo para o ano que vem é trazer títulos. E, se Deus quiser, vamos voltar à Libertadores... teremos a Copa do Brasil também. Vai ser um ano muito difícil porque temos a Copa do Mundo e um calendário apertado. Estamos tentando trazer alguns jogadores também, mas sempre com os pés no chão. Sem trazer alguém e amanhã ter que ficar pagando a alguém ou a uma instituição financeira. Isso não é do nosso feitio e não será. Se trouxermos jogadores é porque teremos condições de pagar e seguir para a busca de título.

E 2018: será mesmo um ano mais difícil financeiramente que está sendo 2017?
Sim, vai ser um ano mais difícil. Não tenha dúvidas. Isto está no orçamento e, se está lá, temos que cumprir. Eu expliquei e volto a dizer o porquê: nós não teremos, como tivemos neste ano, um valor extra por força da assinatura do contrato de 2019. Não vou mentir porque, se eu não for eleito, o outro vai chegar aqui e vai encontrar isso. Não adianta. Agora, nós temos que ter criatividade para obter novas receitas. Já começamos a fazer esse planejamento. Tivemos um meeting de negócios, foi um sucesso. E vamos torcer para que essas pessoas que participaram venham investir na publicidade do Botafogo. Estamos também saindo à procura. O (setor) comercial é de captação, não adianta ficar sendo atrás da mesa para tentar obter receitas. Temos pessoas para buscar receitas e temos ativos que são os jogadores. "Amanhã" podemos ter propostas porque temos elenco de jogadores muito bons. você pode dizer: "De craques?" É, de craques. Porque são jogadores altamente responsáveis e que jogam muito bem. Todo mundo, a imprensa toda elogia, hoje, o time do Botafogo. Podemos também transformar esses ativos em receitas. Sou muito otimista, não sou pessimista. Apesar das dificuldades do orçamento que (ainda) será apresentado – e haverá diferença, pois temos orçamento restrito –, vamos superá-las trazendo pessoas que possam investir em publicidade. Na camisa, não tínhamos antes a Caixa porque não tínhamos CNDs (Certidões Negativas de Débito) há anos. Hoje, o Botafogo está organizado para buscar esses patrocínios.

Nos últimos anos, a relação com o Vasco esteve mais próxima e com o Flamengo esteve mais estremecida. Como será a relação com as diretorias de outros clubes grandes da cidade?
Nossa relação vai ser sempre a mesma. Vamos conviver, mas sempre pensando no Botafogo. O Botafogo é a nossa diretriz e disso não abrimos mão de jeito nenhum.

Dizem que a Libertadores é fundamental. Mas se a vaga não for obtida, como cuidar das finanças?
Sou otimista, você está me fazendo ser pessimista. Vamos conseguir a vaga. O "se" seria o melhor jogador. Como não temos, vamos conquistar a vaga. Tenho certeza. Vai ser uma satisfação por aquilo que eles queriam tanto: ser campeões da Libertadores e da Copa do Brasil.

Como o senhor vê hoje o trabalho e a atuação da Ferj?
Vejo a atuação da Ferj como muito boa. Conheço o presidente (Rubens Lopes) há anos, sempre tive ótimo relacionamento, e vamos continuar assim. Mas sempre colocando o Botafogo à frente. O Botafogo é o foco principal.

Parte da torcida reclama da visibilidade pouca na TV Globo, mas mesmo assim se renovou contrato. Como o senhor entende isso?
Espero que a Globo dê mais visibilidade para nós, logicamente. Mas foi um contrato que será um pouco mais justo a partir de 2019. Tem a proporção de cotas "40-30-30" (40% igual para todos os clubes, 30% pela quantidade de torcedores e 30% audiência gerada). Isso tudo é importante para que a gente possa melhorar. Tem que ficar mais igual, mas é um passo bastante grande.

Quando será possível sonhar com grandes contratações?
Acho que, neste momento, não podemos sonhar. Temos que sonhar com o que temos: um time de garra. Entramos na Libertadores e falavam que não passaríamos nem do Colo-Colo (Chile), nem do Olimpia (Paraguai). Passamos pelos dois, pela fase de grupos, e ninguém acreditava. Passamos bem com esse time. Temos que valorizar o que temos. Precisamos de peças até para reposição. Da base estão vindo jogadores. E se tivermos possibilidade de adquirir jogadores, por empréstimo ou definitivamente, nós vamos fazê-lo. Não posso dizer que vamos comprar fulano. Gostaria de ter o Neymar, Messi, o Suárez, mas temos que ter os pés no chão. O Botafogo não pode se endividar porque depois acontece o que aconteceu de estarmos pagando por jogadores contratados numa administração não muito correta.

Qual o tamanho da dívida atual e até quando ela vai gerar os problemas financeiros sabidos?

A dívida gira em torno de R$600 milhões. Esse ano o balanço financeiro ainda não foi fechado, mas a dívida também não aumentou porque não contraímos empréstimos. Estamos pagando empréstimos e juros da gestão passada. Continuamos no nosso critério: se temos dinheiro, vamos gastar. Não temos, não gastamos. Mas sou otimista. A situação leva tempo, mas saíamos de onde estávamos. Hoje está num patamar, depois vamos para um patamar melhor e vai continuar subindo.

O senhor se inspira em algum ex-presidente da história?
É lógico que me lembro, houve vários, mas tenho que me inspirar no trabalho do atual presidente Carlos Eduardo Pereira, do qual eu faço parte.

É possível esperar naming rights para o Nilton Santos? Nota da redação: entrevista feita antes da tentativa junto à Caixa.
O estádio... quando assumimos, não tínhamos o estádio. Estava sendo consertado, depois só podia 10 mil pessoas, depois 15 mil pessoas... quando ele podia ter a capacidade toda tivemos que cedê-lo para a Olimpíada, e depois ele voltou para nós. Em 2015 não tivemos praticamente o estádio. Em 2016 teve a Olimpíada, e viemos a tê-lo efetivamente em 2017. Com o vice de estádios, Anderson Simões, customizamos. Agora é a casa do botafogo, não a casa de todos. Temos certeza de que o Brasil está melhorando a imagem, está economicamente, podemos conseguir boas publicidades para o estádio. Estamos procurando parceiros. O estádio vai ser tornar um estádio bem familiar. Vamos trazer as famílias mais cedo. No Campeonato Carioca, vamos abrir os portões mais cedo. Ainda está sendo equacionando, mas a família vai vir e terá praça de alimentação, jogos para crianças, brinquedos... uma maneira de integrar a família botafoguense com o estádio inteiramente. De repente, não quer ficar para o jogo, o filho está cansado, tudo bem. Os naming rights nós estamos procurando, tentando. Com a customização, o mundo está vendo. Hoje, veem que o estádio representa o Botafogo. Cria-se a chance de as pessoas investirem na marca Botafogo. Tenho certeza de que vamos conseguir (o naming rights).

Apesar do bom público, a torcida não lotou o estádio em muitas das partidas decisivas da Libertadores, por exemplo. Por quê?
Primeiramente, conseguimos resgatar o botafoguense. Hoje a televisão faz com que, dependendo do horário, as pessoas tenham receito de ir. Tem o horário para o trabalho no dia seguinte... mas a comodidade vai acabando porque você vai resgatando o torcedor para que ele vá ao estádio ele vai. Acorda cedo no dia seguinte, mas pensa: "Só hoje". E precisamos também que o estado dê segurança plena para que o torcedor vá ao estádio e que leve a família. Que os filhos possam frequentar o Estádio Nilton Santos.

Quanto é possível esperar de orçamento para contratações e folha salarial para 2018?
Vai girar mais ou menos no que temos hoje, talvez um pouquinho mais. Talvez aumente uns 20%. Ainda não está fechado, acredito que possamos ter uma folha salarial 10 a 20% maior. Quando sair a gente explica. Vou ficar devendo os dados exatos.

Veteranos, jovens, velocistas, dribladores... que características de jogadores faltaram e o time precisa?
Acho que precisamos de um 9, de um 10, de meia mais ofensivo... mas isso tudo o próprio treinador vai nos falar. Isso nós só vamos tratar fora do campeonato. Hoje, os jogadores que aí estão conseguiram representar dignamente o Botafogo.

Que erros o senhor observa no clube e/ou no time e que pretende resolvê-los?
Pessoalmente, posso achar que time não jogou bem, mas quem vai determinar sempre é o técnico. Se você confia no técnico, na comissão, não tem do que reclamar. Como vice-presidente, tenho que respeitar aqueles em quem temos confiança. Posso, pessoalmente, achar que fulano não jogou bem, devia ter feito tipo de jogo diferente. Isso eu posso. Como vice-presidente, quero o prosseguimento e prego a confiança.

O Botafogo é um clube com muitas sedes. De que maneira elas valorizam ou dão prejuízo?
O custo existe. Por exemplo, hoje temos General Severiano, nossa sede central, mas estamos sempre procurando melhorias para conforto aos sócios e receitas para manutenção. Caio martins para o sub-20 e sub-17. Às vezes, eles vêm treinar aqui na sede. Marechal Hermes, tão prometido pelo presidente anterior e que arrebentou tudo... deixou com cavalo, porco. Hoje, com um grupo de sócios, estamos revitalizando, fizemos o gramado, erguemos muro. Talvez ali fiquem os times master e feminino. A partir de 2019, a CBF exige o futebol feminino nos clubes. Agora tem o centro de treinamentos, acreditamos que poderemos fazer os jogos do sub-20 em Caio Martins. Em Marechal hermes, acreditamos que podemos fazer peneira também, tem uma região boa para isso.

De que maneira é possível valorizar o torcedor de diferentes estados e classes financeiras?
Estamos fazendo isso através do programa sócio-torcedor. muitos botafoguenses de fora do Rio adquiriram o sócio-torcedor. É uma maneira de os valorizarmos também. Muitos botafoguenses que moram fora do Rio estavam nos jogos fora do Brasil. Vamos ver maneiras de novas promoções, e deles virem ao Rio. É muito difícil... um torcedor que more em Recife (PE), às vezes, não pode vir, o que mora em Natal (RN) pode... mas todos que moram no Rio e fora estão contentes não só com o Sócio-Torcedor, mas com que o Botafogo está fazendo. Temos que nos preocupar com todos.

Como o senhor enxerga o seu adversário?
Com muito respeito. Agora, não tem propostas. Não sei até agora que propostas são. Nós temos propostas: o prosseguimento do que estamos fazendo. Cada um defende sua linha, o que acha que possa fazer como presidente, e eu estou seguindo aquilo que a minha consciência diz. Temos que dar prosseguimento ao que está sendo feito. Continuo participando para, no dia 1º de janeiro, se for presidente, a gente consolidar ainda mais.

O que a chapa traz de diferente nesta eleição?
Estamos imbuídos no nosso projeto de incentivo para os esportes olímpicos: Vôlei, basquete, pólo aquático e remo. Estamos trabalhando muito para conseguir receitas para esses projetos. Tem a Lei Rouanet, a Lei de incentivo de ICMS, ISS (exemplos de mecanismos de captação de receitas), e estamos focados nisso também. O CT já foi falado, é uma glória termos conseguido, era promessa de campanha e, se Deus quiser, vai ser muito bom para o Botafogo. A reconstrução do Botafogo é o mais importante e, com o tempo, teremos novas propostas, equacionando melhor o que já estamos fazendo e o que teremos. Nossa plataforma de trabalho é prosseguir o que estamos fazendo. Já temos projetos elaborados e estamos em vias de conseguir o resultado.

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