O Botafogo completa dois meses de salários atrasados com os jogadores do elenco profissional nesta sexta-feira. A situação financeira do Alvinegro é delicada, principalmente porque não há, internamente, uma previsão para o pagamento destes valores. O clube, convivendo com seguidas penhoras e tendo ganhos bloqueados pelo Ato Trabalhista, se vê em um buraco e busca maneiras para melhorar a situação.
Estagnado nas negociações por um patrocinador master e com restrições nos valores ganhos pela cota de televisão com a Rede Globo e com as CNDs, o Botafogo não descarta a possibilidade de conseguir dinheiro por outros caminhos, seja pela ajuda de torcedores ilustres, como Carlos Augusto Montenegro, que já o fez em outra oportunidade, ou através de negócios com aliados do clube.
- Para resolver esses problemas, temos que procurar receitas extraordinárias, justamente o que estamos fazendo. Nós podemos levantar valores através de empréstimos, uma série de portas que estamos tentando abrir com nossos parceiros e pessoas que ajudam o clube. Toda a diretoria e área financeira estão se dedicando o máximo possível para resolver o mais breve, porque é um problema que incomoda todos nós. Nós vamos conseguir a receita e resolver esse problema - afirmou Luiz Felipe Novis, vice-presidente de finanças do Botafogo, à Rádio Brasil.
Outra possibilidade de entrada de caixa, é claro, se dá pela venda de jogadores. Recentemente, o Botafogo negociou Glauber, zagueiro oriundo das categorias de base, com o futebol dos Emirados Árabes Unidos por cerca de R$ 3 milhões. Em uma situação desfavorável, o Alvinegro não há muita escolha: se chegar alguma proposta, o clube deverá vender.
- Essa (venda de jogadores) talvez seja a nossa maior possibilidade de obter receitas extraordinárias, mas infelizmente não depende só do clube. Precisamos receber propostas de fora e nós estamos no aguardo e abertos a qualquer oportunidade nesse sentido - afirmou Novis.
Jogadores protestam internamente
Na última quarta-feira, os jogadores, em protesto pelos salários e premiações atrasadas, resolveram não falar mais com a imprensa. Além disto, uma ação de marketing que envolvia uma sessão de fotos com Gabriel e Joel Carli na loja do clube no Estádio Nilton Santos no próximo sábado também foi cancelada.
Essa é a segunda vez na temporada que os jogadores do Botafogo protestam por conta de salários atrasados. No começo de abril, os atletas resolveram não se concentrar para a partida contra o Juventude, pela Copa do Brasil, no Nilton Santos. Desta vez, os atletas se reuniram com a diretoria antes de tomar a decisão e, pela consideração que possuem com Eduardo Barroca, uma das figuras mais fortes do vestiário alvinegro, resolveram respeitar a agenda de treinos e protestar apenas no contato com a empresa e a área de marketing.
- Essa questão não é tão simples quanto se atribui, não é novidade que temos uma dívida alta e que essa gestão está tentando manter esse valor, pelo menos, equilibrado. A dívida não vem crescendo exponencialmente, como estava acontecendo antes, até 2014. Estancamos esse processo, mas precisamos de um investimento de nível maior. Isso está vendo com outros parceiros, existem possibilidades e nós estamos no aguardo, precisamos de uma solução urgente - analisou o dirigente.
A situação financeira, obviamente, é algo que incomoda os jogadores, mas o clima dentro do Estádio Nilton Santos é de que tais débitos sejam quitados o quanto antes. O Botafogo retorna aos gramados no próximo dia 14, para enfrentar o Cruzeiro, em Belo Horizonte, pelo Campeonato Brasileiro.