Mesmo com coronavírus, especialista acredita na Botafogo S/A: ‘Depende de como o governo vai ajudar’
Em entrevista realizada por Renê Simões, Pedro Trengrouse, que ajudou no projeto do clube-empresa no Alvinegro, acredita que processo pode até ser acelerado na pandemia
Luz no fim do túnel? Mesmo diante da pandemia do coronavírus, pessoas envolvidas com negócios no futebol acreditam no avanço de projetos fora das quatro linhas. Este é o caso de Pedro Trengrouse, advogado contratado para ajudar nos estágios iniciais da formulação da Botafogo S/A.
Em transmissão ao vivo realizada pelo ex-treinador Renê Simões no Instagram, na última sexta-feira, o empresário afirmou que acredita em um desfecho positivo mesmo na atual situação mundial.
- O processo pode ser afetado pelo coronavírus, mas também pode haver uma aceleração. O governo vai ter que ajudar a economia toda a pegar no tranco. Porque essa desaceleração interfere em todos os setores, inclusive no futebol. A ajuda que o governo der para o futebol pode ser condicionada à evolução dessa estrutura empresarial que tanto queremos no futebol brasileiro. Talvez esse processo todo acelere - afirmou.
Trengrouse enxerga o momento para que o futebol brasileiro consiga se colocar nos trilhos, dando o exemplo de como o Japão se superou dos dois ataques nucleares sofridos no século passado. Para o sucesso da Botafogo S/A, contudo, o advogado é bem claro: só acontecerá com o auxílio do Governo Federal.
- Tudo depende de como o governo vai ajudar o futebol. Se for na forma de exigência de contrapartidas, o futebol pode melhorar muito. Imagine o seguinte: nós temos exemplos de terra arrasada no Japão com duas bombas atômicas que destruíram o país. E logo em seguida, com a reconstrução, o Japão teve o maior período de crescimento da história. A Europa, com o Plano Marshall, também. - analisou.
- Nós temos aí a possibilidade de reconstruir o futebol brasileiro, que já não vinha bem das pernas, então essa crise pode ser um freio de arrumação. Agora se a gente não tiver uma política inteligente que promova essa reestruturação, a gente vai ter uma ajuda, sem dúvida, mas uma quebradeira danada. O futebol hoje não tem maturidade institucional para discutir os seus problemas. Não existe a liga para representar os clubes. O sindicato dos atletas não os representa. Temos uma confusão institucional generalizada, hoje está todo mundo preocupado em sobreviver - completou.
O advogado enxerga que a saúde dos clubes brasileiros passa por apuros e, por isto, mudanças nos modelos são mais que necessárias. Trengrouse defende os projetos de clube-empresa, mas com responsabilidade.
- Os clubes no Brasil não têm saúde nem fora da pandemia. A crise de liquidez do futebol brasileiro é antiga e só vai aumentar com o novo coronavírus. Nós temos uma perspectiva com essa ideia do clube-empresa que as responsabilidades sejam mais claras. O problema da liquidez se resolve com crédito. Quem é que vai dar crédito para um clube que não paga os seus compromissos? Até quando o Brasil vai ficar carregando o passivo dos clubes? Em algum momento tem que passar a régua e pagar os credores. Tem que resolver o que passou - finalizou.