‘Profetinha’ de Cotia, fenômeno na base e mudança em Portugal: quem é Lucas Fernandes, reforço do Botafogo
Meio-campista era uma das grandes promessas do time sub-20 do São Paulo e comparado a Hernanes; no Portimonense, assumiu nova função tática dentro de campo
Lucas Fernandes carrega certa moral nas costas. O meia era uma das esperanças do São Paulo há seis anos, mas não teve sequência no Tricolor por uma série de razões. Seguiu a carreira no Portimonense mas terá uma chance de retornar ao Brasil e mostrar o futebol: ele tem acordo encaminhado com o Botafogo, dependendo apenas da regularização burocrática.
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O jogador sempre foi acompanhado de qualidade técnica destacável e vestiu a camisa 10 em todos os times de base do São Paulo, do sub-13 ao sub-20. Foi campeão da Taça Libertadores Juvenil de 2016 marcando gol contra o Liverpool-URU e logo foi promovido aos profissionais do Tricolor. Nesse período, também acumulou convocações para seleções de base.
A expectativa era tamanha que Lucas era comparado com Hernanes, um dos maiores ídolos da história tricolor. O jovem, por ser ambidestro, trazia uma das principais características do eterno camisa 15 à tona. Não à toa, ganhou o apelido de "Profetinha" ainda cedo.
– Foi meu pai (o ensinou a ser ambidestro). Desde pequeno ele me incentivava a bater com as duas (pernas). Às vezes eu não queria, por ser criança só queria chutar a bola. Quando a gente ia jogar ele me chantageava (risos), "se você não chutar com a esquerda eu paro de brincar, a gente vai embora". Fui pegando o gosto e vi que era bem importante. Quem eu tenho inspiração é o Hernanes, me inspiro bastante nele por essa qualidade, até cheguei a jogar de qualidade por ter facilidade com as duas pernas - afirmou Lucas, em uma entrevista ao LANCE! em 2016. (Veja abaixo!)
Nem tudo são flores: as expectativas não se traduziram na realidade. Lucas até marcou um gol em um dos primeiros jogos como profissional - justamente contra o Botafogo -, mas se lesionou em um treino e ficou seis meses parado. O meio-campista, a partir disso, sucumbiu aos problemas físicos e à concorrência do São Paulo.
– Lucas chegou no São Paulo com 12 anos e sempre foi tratado como uma das joias de Cotia. No sub-15, sub-17 e sub-20 sempre exerceu um papel de liderança, armador do time. Era o típico camisa 10, deixava os atacantes na cara do gol e tinha a rapidez de se livrar dos zagueiros para tentar uma jogada individual. No elenco profissional do São Paulo acho que não deu certo por conta da concorrência, na época que ele subiu tinha o Ganso como principal armador, depois entrou o Cueva e em 2017 chega o Maicosuel, que o São Paulo embolsou uma grana, quase R$ 3,5 milhões, tinha uma esperança no jogador. O Lucas Fernandes perde espaço, quase nem jogou como titular - afirmou Gabriel Santos, setorista do São Paulo no LANCE!.
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– É um cara mais de assistências e não de gols, foi importante para equipe em alguns momentos e é até hoje lembrado pela torcida como uma das principais revelações do time que poderia ter tido mais espaço mas foi vendido rapidamente - completou.
MUDANÇA EM PORTUGAL
Se Lucas era um clássico armador no São Paulo, a coisa ficou para trás - literalmente - em Portugal. O brasileiro recuou e, atualmente, joga em uma posição mais recuada no gramada, como uma espécie de meia central. O movimento foi acontecendo aos poucos, de forma natural a partir dos jogos no Velho Continente.
O rápido Lucas Fernandes se tornou um Lucas Fernandes que tenta criar o jogo desde trás, conduz a bola e tem como ponto forte as bolas longas. É um atleta com características diferentes do que o "Profetinha" de outrora.
O brasileiro vive a temporada com mais participações diretas em gols - uma bola na rede e quatro assistências - desde que chegou ao futebol europeu. É um meia central que atua preferencialmente partindo do lado esquerdo.
Lucas tem médias de 25.2 passes (90% de acerto) e 65% de aproveitamento em lançamentos por partida na atual temporada do Campeonato Português. Defensivamente, os números são baixos: 0.2 corte, 0.7 desarme, 0.5 interceptação, 0.1 bola recuperada e 0.8 drible sofrido por jogo. Os dados são do "SofaScore".