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Retrospectiva 2024: Luiz Henrique vai de coadjuvante a Rei da América com o Botafogo

Jogador assumiu a responsabilidade e se tornou principal peça da equipe gloriosa

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imagem cameraLuiz Henrique foi destaque do Botafogo em temporada épica. (Foto: Reprodução)
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Isabelle Favieri
Rio de Janeiro
Dia 31/12/2024
08:30
Atualizado em 31/12/2024
07:26

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O ano de 2024 foi histórico para o Botafogo, mas também está marcado como o melhor da carreira de Luiz Henrique. Revelado pelo Fluminense, o atacante foi cedo para a Europa, mas encontrou no Alvinegro e no retorno ao Brasil, o caminho para trilhar seu caminho de glórias, conquistas e se transformar no principal jogador da América.

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Em fevereiro, o jogador foi anunciado como a maior contratação do futebol brasileiro. Aos 23 anos, atacante deixou o mercado europeu, vindo do Real Betis, da Espanha, e logo tomou conta dos holofotes. Ao todo, John Textor, desembolsou cerca de R$ 106 milhões para a contratação do jogador, que ao fim da temporada, mostrou ter valido o investimento.

O jogador chegou vestindo a camisa 99 e já tomou conta dos noticiários em sua coletiva de apresentação ao Botafogo. Ao fazer um paralelo da infância humilde com a valorização que conquistou nesse retorno ao Rio, Luiz Henrique se emocionou.

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– Um moleque que sai do Vale do Carangola sem saber de nada e hoje está sendo o jogador mais caro da história. Orgulho. Sofremos muito, choramos muito, sinto orgulho por isso....(para e chora). Passei por muito sofrimento, chegar aqui para mim é muito orgulho. Trabalho muito, sou dedicado, faço de tudo todos os dias, sempre rindo, nunca de cara feia. Estou muito forte para ajudar o Botafogo. Esse clube merece muito estar lá no topo. - disse o atacante, que cumpriu sua promessa ao fim da temporada.

Estreia com derrota para o Flamengo

Assim como seus valores, as expectativas também eram altas para a estreia de Luiz Henrique, que aconteceu justamente em um clássico do Botafogo no Campeonato Carioca, contra o Flamengo. Na ocasião, a equipe de Tiago Nunes já não vinha desempenhando o seu melhor futebol e vinha de dois empates contra a Portuguesa e Nova Iguaçu. O resultado foi frustrante e roubou atenção daquela que foi o ponto alto da noite: a atuação do atacante.

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Apesar do desempenho aquém da equipe, Luiz Henrique mostrou suas credenciais para o futebol brasileiro. Insinuante, velocista, dribles e arrancadas. Apesar de pouco tempo em campo e diversas coisas para se fazer, esta foi a tônica da estreia do jogador pelo Glorioso.

Lesão na sequência

Ao fim de fevereiro, Luiz henrique desfalcou o Botafogo depois de sofrer uma lesão de grau 2 na panturrilha esquerda em partida contra o Volta Redonda pelo Campeonato Carioca. O atacante começou a partida no banco de reservas e entrou no segundo tempo, mas só ficou 37 minutos em campo até que pediu substituição após sentir dores. Jogador ficou de fora da reta final do regional e dos jogos contra Aurora e Bragantino pela pré-Libertadores.

A volta aos gramados veio junto um mês e meio depois e com uma decisão simbólica. Com a saída de Victor Sá, Luiz Henrique deixou a camisa 99, que posteriormente seria utilizada por Igor Jesus, e assumiu a mística camisa 7, na decisão da Taça Rio contra o Boavista.

Início da caminhada na Libertadores

Ainda sob o comando de Fábio Matias, o Botafogo iniciou sua trajetória na Libertadores aos trancos e barrancos. Com uma outra formação e jogando um pouco mais recuado, Luiz Henrique demorou a engatar em gols pelo Botafogo. O início da fase de grupos da Libertadores foi abaixo do que esperava tanto do jogador quanto da equipe. Com duas derrotas seguidas, uma classificação para o mata-mata parecia distante.

Mas, o tão esperado momento de balançar as redes veio na terceira rodada, na primeira vitória do Glorioso na fase de grupos e na estreia de Artur Jorge na competição: 3 a 0 sobre o Universitario. Era o início de uma caminhada que terminou com o título inédito.

Chegada de Artur Jorge potencializa o atacante

A chegada de Artur Jorge ao time alvinegro evidenciou o potencial ofensivo de Luiz Henrique que logo desandou em fazer gols. O treinador estabeleceu o esquema 4-3-3 e, com a lesão de Júnior Santos, o novo camisa 7 despontou como o destaque da equipe. Com o português, o time encaixou rapidamente e a dupla com Savarino começou a mostrar o que se tornaria o melhor ataque do futebol brasileiro.

O modelo ofensivo do técnico combinada com uma mentalidade vencedora transformaram o Botafogo em um time completamente diferente daquele visto em 2023. 

Caçador de Urubu

Depois da partida contra o Universitario, pela Libertadores, o atacante desencantou e começou a mostrar a que veio. No jogo seguinte, hora da redenção. Clássico contra o Flamengo, no Maracanã, e após uma estreia frustrada, Luiz Henrique marcou seu primeiro gol no Campeonato Brasileiro. Vitória de 2 a 0 sobre o rival e o camisa 7 se tornou o Pantera Negra, caçador de urubu, caindo nas graças da torcida.

O CRÉDITO DA FOTO É OBRIGATÓRIO: Vítor Silva/Botafogo
Luiz Henrique marca seu primeiro gol no Brasileirão pelo Botafogo contra o Flamengo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Seleção Brasileira e dupla com Igor Jesus

Na janela de meio do ano, John Textor fez apostas certeiras, chegaram mais sete jogadores que se adaptaram rapidamente e encontraram seu espaço na equipe titular de Artur Jorge. Entre elas, dois pilares de um quarteto ofensivo avassalador: Thiago Almada e Igor Jesus, que se juntaram a Savarino e Luiz Henrique.

A fusão do camisa 7 com o 99 deu frutos para além do Botafogo. Depois de um início meteórico de Igor e as constantes boas atuações de Luiz Henrique, os olhos de Dorival Júnior pairaram sob a dupla alvinegra.

Luiz Henrique foi o primeiro alvinegro a ser convocado para os duelos contra Paraguai e Equador, pelas Eliminatórias. Em um momento de pressão, o jogador não se intimidou. Na convocação seguinte, a dupla estava formada. O Botafogo passou 26 anos sem ter um jogador marcando pela Seleção Brasileira, mas essa marca foi quebrada em dose dupla ao resolverem a vida da seleção de Dorival, em vitória de virada sobre o Chile.

Extracampo: esposa, amante e tentativas de extorsão

Apesar do bom momento dentro das quatro linhas, a vida de Luiz Henrique também esteve movimentada em sua vida pessoal. Carolina Andrade, ex-mulher do jogador, usou as redes sociais para fazer a acusação de bigamia contra o atleta, e alegou que uma mulher, que seria a amante, esteve presente no estádio da partida entre Brasil e Equador, e se passou por sua esposa. Ali, o camisa 7 do Botafogo e Carolina estariam em vias de separar oficialmente.

"Bigamia no Brasil é crime", escreveu Carolina nas redes sociais, sugerindo que a relação configuraria uma violação legal. Durante a vitória da Seleção Brasileira sobre o Equador por 1 a 0, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Após a repercussão, Carolina e Luiz Henrique deixaram de se seguir nas redes sociais.

Depois da polêmica, Luiz Henrique assumiu o relacionamento com Tammy Parisoto, oficializando um noivado em seguida. Mas, a vida do jogador estaria longe da tranquilidade.

O atacante viveu momentos de tensão ao longo da temporada ao ser extorquido pela prima de sua ex-mulher. Raissa Cândida da Rocha foi presa e confessou o crime à polícia. Em conversas pelo WhatsApp, Raissa chegou a pedir R$20 mil sob ameaças de divulgar vídeos íntimos do atleta.

O camisa 7 comunicou à direção da SAF sobre as tentativas de extorsão, e a Polícia Civil foi comunicada novamente. Os agentes da DAS orientaram o Botafogo a tirar o celular do jogador, para que ele não continuasse respondendo às chantagens, e acelerou a investigação. Assim, ficou descoberto que o autor do crime era um amigo da família da ex-mulher de Luiz Henrique.

Dono da América e do Brasil

Para consagrar uma temporada que já estaria marcada na carreira do jovem de 23 anos, faltavam os títulos. E vieram em dose dupla. Em final inédita da Libertadores, contra o Atlético-MG, em Buenos Aires, Luiz Henrique viveu o estopim de sua jornada como atleta.

O Botafogo precisou jogar mais de 90 minutos com 10 jogadores em campo depois da expulsão de Gregore no primeiro minuto da partida, mas pareceu não sentir a pressão. Na hora da verdade, o talento sobressaiu na dificuldade. Luiz Henrique recebeu o passe de Almada pela esquerda, limpou a jogada e passou para Marlon Freitas. Em rebote do chute do capitão, o camisa 7 bateu de primeira para estufar as redes de Éverson e abrir o placar da decisão.

A torcida alvinegra não teve nem tempo de terminar de comemorar. Cinco minutos depois, Luiz Henrique, novamente ele, sofreu pênalti, derrubado pelo goleiro atleticano. Alex Telles fez o segundo da marca da cal, para a euforia absoluta no Monumental de Núñez. Ainda deu tempo de um terceiro gol, marcado por Júnior Santos no minuto final. Por fim, 3 a 1 no placar, título inédito e Luiz Henrique coroado como o melhor jogador da partida.

Uma semana depois, mais um título para comemorar. Líder do Brasileirão e decidindo em casa, a taça do campeonato nacional veio depois de uma espera de 29 anos ao vencer o São Paulo por 2 a 1.

Para fechar o ano com chave de ouro, o atacante foi eleito o Rei da América, nesta terça-feira (31), em eleição feita pelo jornal uruguaio "El País". O camisa 7 do Glorioso recebeu 128 votos (52%), e a votação contou com a participação de 244 jornalistas esportivos de todo o continente. Savarino ficou em segundo lugar com 10% dos pontos. O atleta concorria à premiação junto com mais dois jogadores alvinegros: Thiago Almada e Igor Jesus. Além de Lionel Messi e Léo Hernández, do Peñarol. É a primeira vez que um atleta do Botafogo vence a categoria.

Assim foi o retorno de Luiz Henrique ao futebol brasileiro: campeão de tudo, estreia com a Amarelinha e um futuro indefinido: hora de rumar à Europa ou seguir no Botafogo?

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Luiz Henrique comemora gol pelo Botafogo na final da Libertadores contra o Atlético-MG
Luiz Henrique abre o placar na vitória so Botafogo sobre o Atlético-MG na final da Libertadores (Foto: Alejandro PAGNI/ AFP)

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