Torcedora do Botafogo, Beth Carvalho morre aos 72 anos
Cantora, que estava internada no Hospital Pró-Cardíaco e lidou com problemas na coluna, reverenciou o Glorioso no decorrer de seus mais de 50 anos de trajetória na música
A música brasileira perdeu uma torcedora do Botafogo: Beth Carvalho morreu nesta terça-feira, aos 72 anos. A causa da morte da "Madrinha do Samba", que estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, em virtude de uma septicemia.
Em mais de 50 anos de trajetória, Elizabeth Santos Leal de Carvalho escreveu algumas das páginas mais marcantes da história do samba no país. Nascida em 5 de maio de 1946, a cantora começou seu ciclo na música ainda criança. Após gravar seu primeiro compacto em 1965, a cantora se destacou de vez no cenário musical no Festival Internacional da Canção de 1968.
Ela levou "Andança" (de Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós) a obter a terceira colocação, ficando atrás de "Sabiá" e "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores". A partir da década de 1970, Beth emplacou uma série de sucessos, como "Saco de Feijão", "1.800 Colinas", "Firme e Forte" e "Coisinha do Pai".
A generosidade com o samba fez com que Beth Carvalho se tornasse "madrinha" de artistas como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão. Além disto, resgatou as obras de artistas como Nelson Cavaquinho e Cartola.
Sua ligação com o futebol ocorreu em mais de um momento. Torcedora declarada do Botafogo, Beth Carvalho fez a música "Botafogo Campeão" em 1989 para celebrar o fim do jejum de 21 anos da equipe.
Em 1995, a cantora interpretou o hino do Glorioso, em um disco lançado pela revista "Placar", ao lado de Ed Motta, Claudio Zoli e Eduardo Dussek, e ainda tem em seu repertório a música "Amor Em Preto e Branco". A torcida alvinegra retribuiu de uma forma singela: "adotou" a música "Vou Festejar", interpretada por Beth Carvalho, como uma de suas músicas. O grito também foi adotado pela torcida do Atlético-MG.
Beth foi casada com um jogador de futebol: Edson Cegonha. O ex-volante, que atuou por Corinthians, São Paulo e Seleção Brasileira, é pai de sua filha, Luana Carvalho.
Aliada à paixão pelo Alvinegro carioca, a cantora não escondia sua admiração pela Mangueira e pelo bloco Cacique de Ramos (onde conheceu boa parte de seus "afilhados musicais"). A dimensão de seu trabalho chegou ao ápice em 1997: Coisinha do pai” foi programada pela engenheira brasileira da NASA, Jacqueline Lyra, para “despertar” um robô em Marte.
Nos últimos anos, a cantora conviveu com um grave problema de coluna, que causou o cancelamento de seu show no Réveillon em 2009. Após ser submetida a uma cirurgia em 2012, foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Tatuapé, mas foi representada por sua sobrinha, Lu Carvalho.
Com a mobilidade bastante reduzida devido aos problemas de coluna, Beth Carvalho fez um show histórico em 2018. Ao lado do grupo Fundo de Quintal, a cantora se apresentou deitada no show "Beth Carvalho encontra Fundo de Quintal – 40 anos de pé no chão”. Nos últimos dias de internação, as visitas a ela ficaram reduzidas, devido ao estado de saúde da cantora.
Beth Carvalho sai de cena reconhecida por vários prêmios, dentre eles o fato de ser a primeira sambista a receber um dos reconhecimentos mais importantes do Grammy: o prêmio Lifetime Achievement Awards.
Em sua rede social, o Botafogo deixou uma reverência à "Madrinha do Samba":
Nossa eterna Madrinha!
— Botafogo F.R. (@Botafogo) 30 de abril de 2019
Obrigado por tudo, Beth Carvalho! 🙏🏼⭐️ pic.twitter.com/MZ8qz4wNv8
O Atlético-MG, que via sua torcida também interpretar "Vou Festejar" nas arquibancadas, foi outro clube a prestar homenagem pelo adeus da cantora:
O Clube Atlético Mineiro lamenta profundamente o falecimento de Beth Carvalho, a Madrinha do Samba. Intérprete do segundo hino da torcida do #Galo, ela sempre estará viva na voz da Massa Atleticana.
— Atlético (@Atletico) 30 de abril de 2019
Descanse em paz, Madrinha! pic.twitter.com/nnhebm3qYp