O combate à violência no futebol requer várias formas de trabalho para alcançar uma eficácia. Não basta a punição a clubes e a organizadas.
A curto prazo, também é necessária a identificação dos culpados, com aplicação de leis previstas no Código Penal, como formação de quadrilha. As condutas também têm de repressivas até o fim.
Além disto, há medidas preventivas que podem ser muito eficazes a médio prazo. A principal é monitorar as redes sociais, pois emboscadas a adversários são plantadas com antecedência, tanto na Internet quanto em aplicativos de celulares. A lei permite o monitoramento telefônico, basta pedir autorização. A prevenção tem se mostrado sete vezes mais rápida do que a repressão.
A mobilização também tem de ser feita como um trabalho a longo prazo. É ideal levar craques de vários clubes para conscientizar os torcedores sobre tolerância com quem torce para outra equipe.
Lamentavelmente, o Brasil se ressente de um plano estratégico, que vise por completo uma mudança cultural no futebol. Além disto, vivemos uma crise na polícia, o que atrapalha o monitoramento das redes sociais e outras condutas repressivas e preventivas.
Neste cenário, surgem canetadas, como a "torcida única", que as experiências no fim de semana comprovam que são paliativas. Em São Januário, a torcida do Vasco brigou entre si, a do Flamengo não fez nada! No Beira-Rio, a torcida do Internacional é quem brigou com a polícia, sem nenhum conflito com o Criciúma.
Há outra coisa para a qual as pessoas têm de se conscientizar. A punição esportiva tem de ser apenas complementar. Diante de imagens claras das brigas nos estádios, é urgente que haja uma criminalização individual de quem pratica violência no futebol.
*Mauricio Murad é sociólogo