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Opinião: ‘É campeão! Não? Estão comemorando o quê, então?’

Parece bizarro, mas é verdade. Jogadores vão às lágrimas com a permanência de Fluminense e Vasco, enquanto diretoria do Fla vibra 'com bom ano', mesmo sem títulos

Montagens presidentes
imagem cameraOs três primeiros, presidentes de Vasco (Alexandre Campello), Flu (Pedro Abad) e Corinthians (Andrés Sanchez) terão muito trabalho em 2019, enquanto Eduardo Bandeira de Mello vai embora do Fla com dois títulos cariocas e um da Copa do Brasil (Divulgação/Lance!)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 02/12/2018
22:57
Atualizado em 03/12/2018
07:45

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Para! Parem as máquinas. Entendo perfeitamente a paixão do torcedor. É um amor pelo clube de coração sem limites. E é tão sem limites que saem do estádio (no caso, o Fluminense) comemorando. Neste domingo, mesmo tomando sufoco do América-MG, venceu (um golzinho em nove jogos), é verdade. Mas peraí, comemorando o quê? O título? A taça foi entregue no Allianz Parque ao Palmeiras, com méritos. Então, qual o motivo de comemorar tanto? A vibração toda foi pela permanência na Série A do Campeonato Brasileiro. Ah, tá! Leitores, por mais apaixonados que sejam, é patético. Sim, o torcedor deve respirar aliviado, e só - sem deixar de agradecer ao goleiro Júlio César, que até pênalti pegou no Maracanã e, literalmente, fez chover.

Chegar na última rodada - assombrado com mais um rebaixamento - e se livrar -, não é mérito algum, muito menos chamar qualquer time de “guerreiro”. Deixem o coração um pouco de lado e avaliem as equipes. Facilmente, podem ser classificados de ruim para péssimo, de péssimo para horroroso. Isso sem falar em suas diretorias, que brigam pelo poder o tempo todo, que não conseguem patrocínios descentes e aí montam elencos sofredores. Pior ainda quando os dirigentes têm que fazer “vaquinha” para pagar salários dos jogadores, e a torcida para ajudar os funcionários.

No caso do Vasco, ao menos, a diretoria, o time e os treinadores que por lá passaram em 2018, não enganaram à torcida dizendo que iriam brigar por títulos, mesmo disputando, além do Campeonato Carioca, a Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e Brasileirão. Ficou bem claro para todos que o ano seria de sofrência. E foi até o último minuto.

Voltemos ao Tricolor carioca. Esse, sim, enganou. Fingiu ser quem não era nesta temporada, e os apaixonados acreditaram cegamente. Pior ainda: até o último ato do ano, não saiu do salto, como se diz no linguajar popular, e continua enganando. Estes cartolas, jogadores e treinadores só esquecem da chamada “Lei do Retorno”, pois se não mudar, a colheita no futuro (e bem próximo), desta vez, não será nada boa. Mãos à obra!

Na outra parte da tabela, a lá de cima, enaltecer o Palmeiras é chover no molhado. Merecidamente campeão. Vamos nos referir ao Flamengo. Outra enganação, embora com elenco milionário e salários em dia. Disputou as mesmas competições e só sentiu o cheiro, novamente.

Falta de pulso, de comando e inteligência da diretoria. Pulso e comando, pois quando tinha que fazer mudanças, refutou. Inteligência, porque, mesmo com muito dinheiro em caixa, não fez as contratações certas.

Não pode um time que quer ser campeão, ter na lateral direita, por exemplo, Pará e Rodinei. Não pode ficar sem zagueiros e dar socos em ponta de faca no ataque. A torcida, mais uma vez, caiu na lábia. Tanto que bateu o recorde de público na temporada no último jogo do ano, no sábado, no Maracanã, e viu a derrota, por 2 a 1, para o Atlético-PR. Que no ano que vem, ao menos, os próximos cartolas saibam hastear direito a bandeira do clube.

Quanto ao São Paulo, Corinthians e Santos, algumas diferenças. O Timão, com o papo manso do presidente Andrés Sanchez, também enganou os fiéis. Sempre que podia, ele mudava o foco em direção ao arquirrival Palmeiras só porque foi campeão paulista no Allianz Parque. Mas quem riu por último e ganhou o melhor presente de Natal? É melhor ficar calado e trabalhar, é claro.

O Santos foi reflexo, assim como Fluminense e Vasco, da briga política. Ao menos, tem um elenco melhor. Por isso, embora não tenha obtido sucesso, não se assustou com a assombração do descenso. Enquanto isso, o São Paulo, até que montou (e ainda tem) um bom time. O problema foi não ter um elenco à altura para aguentar a maratona do Brasileiro. Liderou boa parte do campeonato, mas não suportou a disparada do Palmeiras. Ao menos, está de volta à principal competição do continente, mesmo sendo a fase preliminar.

Mas o futebol é assim, ainda mais no Brasil, pura emoção. É aí que está a graça. Falta apenas elevar (e muito) o nível dos jogadores. Que venha 2019 para vibrarmos mais... Mas sem enganação, sem mentiras, e que os clubes sejam de verdade quem eles são.

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