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Por unanimidade, STJD mantém vitória do Palmeiras sobre Botafogo

Superior Tribunal de Justiça Desportiva julgou o pedido de anulação da partida feito pelo Botafogo na vitória do Palmeiras por 1 a 0; cabe recurso para o caso ser analisado de novo

STJD Palmeiras Botafogo
O árbitro Paulo Roberto Alves Júnior assegurou que não autorizou reinício do jogo, já que não apitou (Thiago Ferri)

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Nesta terça-feira, em Salvador (BA), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu manter a vitória do Palmeiras por 1 a 0 sobre o Botafogo, em 25 de maio, em Brasília (DF), pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro. Foi recusado por unanimidade (9 a 0) o pedido do clube carioca de anulação da partida, alegando revisão do árbitro de vídeo (VAR, em inglês) após o reinício do jogo. Cabe recurso para o caso ser analisado pelo Pleno do tribunal.

- O erro, mesmo se for de direito, na visão da procuradoria não tem relevância para anular a partida, sob pena de criar um precedente perigoso. Extraímos como conclusão a falta de relevância para a anulação - disse Leonardo Andreotti, sub-procurador geral do STJD, que ainda repreendeu o árbitro Paulo Roberto Alves Junior por ter dito à equipe do VAR, que Deyverson "se joga, você conhece", antes de a revisão apontar pênalti no atacante do Palmeiras.

A decisão do STJD faz o Palmeiras voltar a ter 25 pontos, na liderança do Campeonato Brasileiro, mas, agora, com cinco pontos de vantagem para o Santos, segundo colocado. O Botafogo, por sua vez, está em sétimo lugar, com 15 pontos em 27 disputados - o julgamento não alteraria a pontuação do time carioca, já que o pedido era por anulação e remarcação da partida.

​O lance que causou polêmica ocorreu aos 12 minutos do segundo tempo. Na área do Botafogo, o atacante Deyverson foi pisado pelo zagueiro Gabriel e caiu. O árbitro Paulo Roberto Alves Junior, inicialmente, deu cartão amarelo ao palmeirense por simulação. Mas, ao ser alertado pelo VAR, retirou o cartão, mostrou amarelo para Gabriel e marcou o pênalti, convertido por Gustavo Gómez, no único gol da partida.

O Botafogo diz que, após o amarelo para Deyverson, a partida chegou a ser reiniciada. Gatito repôs a bola em jogo dar um passe para Gabriel, que devolveu ao goleiro antes que Paulo Roberto paralisasse o confronto para receber o aviso do VAR. O Palmeiras argumenta que o árbitro não chegou a apitar autorizando o reinício da partida.

Toda a conversa entre o árbitro e os assistentes de vídeo foi exibida no julgamento desta terça-feira. O árbitro de vídeo Adriano Milczvski está revisando o lance quando vê Gatito rolar a bola para Gabriel e pede para Paulo Roberto Alves Junior não reiniciar a partida, e o árbitro de campo passa a gritar "aguarda, aguarda, aguarda!", aparentemente em direção aos jogadores.

- OK, mas avisa antes - diz o árbitro à equipe do VAR.

Veja a comunicação entre árbitro e equipe do VAR no possível reinício de jogo:

Na sequência, o árbitro Paulo Roberto Alves Júnior foi ouvido na sessão na condição de informante, sem a obrigação de falar a verdade, mas com o intuito moral de ajudar no julgamento. Foi questionado por membros do tribunal e por advogados dos clubes, sempre ressaltando que, apesar dos braços abertos pouco antes de Gatito tocar a bola, não autorizou o reinício da partida.

- Eu não estava com o apito na boca na hora da jogada. Em toda situação de cartão, é obrigatório o uso do apito para recomeçar o jogo. Se não uso, é infração perante a regra. O Botafogo cobra rápido, mas eu não tinha autorizado e, então, já paro. Como não havia apitado, e o VAR disse que estava checando, eu estava dentro das regras. Eu não tinha apitado. Ninguém ouve o barulho do meu apito - disse o árbitro.

Adriano Milczvski, árbitro principal do VAR no jogo, participou do julgamento por videoconferência. Reafirmou que não viu o reinício da partida, já que não ouviu nenhum apito, e que só informou ao árbitro Paulo Roberto Alves Júnior sobre a revisão quando enxergou o pisão recebido por Deyverson.

- Quando ocorre um lance de cartão, ou disputa de bola mais aguda, para vermelho, fazemos uma checagem silenciosa. No caso, fizemos a checagem silenciosa pelo cartão por simulação e fomos entender a situação, se houve contato ou não. Só vimos o pênalti após três ou quatro imagens, porque estávamos vendo antes o motivo do amarelo. Por isso, a checagem era silenciosa - argumentou Milczvski.

- Não estou vendo o jogo ao vivo, a checagem passa da silenciosa para a oficial quando o aviso da checagem. Até ter a imagem do pisão, vimos algumas câmeras e, quando identificamos o pisão, pedi ao Paulo para segurar a saída. Se tinha reiniciado ou não, não tenho as imagens, porque só fico naquele momento no replay. A gente não ouviu apito, tanto que o goleiro devolve a bola sem reclamar - prosseguiu.

Na sequência, Aníbal Rouxinol, advogado do Botafogo, afirmou que as imagens deixam claro que o árbitro, embora negue, autoriza o reinício do jogo usando os braços, legitimando um erro de direito que obriga a anulação da partida. André Sica, advogado do Palmeiras, argumentou depois que não há o que se discutir a respeito de reinício se o árbitro não apitou autorizando, dizendo que, se há erro, é de uso do VAR, não um erro de direito como alega o clube carioca.

Não acolheram o pedido de impugnação do Botafogo o relator do processo Décio Neuhaus, o presidente do STJD Paulo César Salomão Filho, o vice-presidente Otávio Noronha, o vice-presidente administrativo Ronaldo Piacente e os auditores Antônio Vanderler, Arlete Mesquita, José Bosco Luz, José Perdiz e Mauro Marcelo de Lima e Silva.

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