Pato pega Corinthians pela primeira vez, mas já protagonizou Majestosos
Antes de cair em desgraça com Tite e a torcida corintiana, atacante marcou gol contra o São Paulo e teve atrito com Ceni, que depois viraria uma de suas referências
Alexandre Pato, enfim, enfrentará o Corinthians vestindo a camisa do São Paulo. O encontro será em Itaquera, às 19h de domingo, pelo Brasileirão. Pelo Inter, ele marcou dois gols no único encontro que teve com o Timão: vitória por 3 a 0 no Beira-Rio, em 2007, também pelo Brasileirão.
Ao longo de toda a sua primeira passagem pelo Tricolor, entre 2014 e 2015, o atacante foi impedido de disputar Majestosos por uma cláusula contratual imposta pelo rival, com quem tinha contrato. Já neste ano, não disputou a final do Paulistão por ter sido contratado após o prazo para inscrições na competição.
Não será, porém, a primeira aparição de Pato nesse clássico. No início de sua trajetória pelo Corinthians, que acabou terminando de forma melancólica, ele chegou a ser protagonista em jogos contra o São Paulo.
A vitória corintiana por 2 a 1 na primeira fase do Paulistão de 2013, no Morumbi, ficou marcada por uma dividida entre ele e Rogério Ceni. O goleiro são-paulino lesionou o pé neste lance, mas a arbitragem marcou pênalti a favor do Corinthians. E a polêmica não parou aí: Pato converteu a cobrança e comemorou pedindo silêncio à torcida tricolor, uma resposta ao grito de "assassinos" ouvido pelos jogadores alvinegros antes da partida, em alusão à morte do torcedor boliviano Kevin Espada, atingido por um sinalizador lançado por corintianos em jogo da Libertadores daquele ano.
No mesmo dia, Pato publicou a foto da comemoração no Instagram e escreveu a seguinte legenda: "Para vocês que nos chamaram de assassinos! Somos apenas jogadores tentando levar alegrias para vocês". Essa imagem, assim como diversas outras da trajetória do goleador, foi apagada da conta dele recentemente. Tite, então técnico do Timão, defendeu o comandado:
-O Pato fez o sinal que eu gostaria de ter feito. Ninguém tem direito de nos chamar de assassinos, e foi por isso que ele ficou revoltado. O gesto dele foi o meu também - disse o hoje treinador da Seleção Brasileira.
Pato e Ceni se reencontraram na semifinal do mesmo Paulistão, novamente no Morumbi. Após empate sem gols no tempo normal, o atacante converteu a última cobrança da disputa de pênaltis que classificou o Corinthians para a decisão. Mas com um detalhe: Ceni defendeu a primeira tentativa, mas se adiantou muito e a arbitragem mandou voltar.
- Ele pegou a bola dentro do gol para mim. Eu estava tranquilo. Ele se adiantou, veio quase na marca do pênalti para pegar a bola, então o juiz fez bem e na volta eu fiz o gol para essa torcida maravilhosa - declarou Pato, naquele dia.
O atacante ainda enfrentou o São Paulo outras duas vezes antes de ver sua história no Corinthians ser arruinada por uma outra cobrança de pênalti. Disputou os quatro minutos finais da vitória por 2 a 0 no Pacaembu que rendeu o título da Recopa Sul-Americana de 2013 e atuou por 28 minutos em um empate por 0 a 0 pelo Brasileirão, também no Estádio Municipal.
Em outubro, pelas quartas de final da Copa do Brasil, o atacante desperdiçou sua cobrança na disputa de pênaltis contra o Grêmio ao arriscar uma cavadinha diante de Dida. O Corinthians acabou eliminado e Tite ficou furioso. Pato chorou ao ouvir a bronca do comandante no vestiário e ficou sem clima para seguir no clube. Ainda jogou mais sete partidas em 2013 e cinco em 2014 antes de ser envolvido em uma troca com Jadson, que vinha em baixa no São Paulo. O casamento do jogador com o Tricolor foi melhor que o esperado:
- O grande jogador (com quem jogou no São Paulo), que para mim foi um exemplo, é o Rogério Ceni. Por tudo que aconteceu antes, eu vir aqui e ser colega de trabalho dele, ele me receber super bem, me tratar como um amigo, me dar conselhos... Eu sentia que talvez tivesse uma diferença. Eu vim do rival, fiz gol nele, ele se machucou no lance comigo... Eu falei: "meu, como que vai ser a minha passagem no São Paulo?". E quando eu cheguei no São Paulo quem me recebeu foi ele. Ele me ajudou bastante. As reuniões que ele fazia, as palavras que falava antes de jogos, ficam na cabeça - disse Pato, em recente entrevista à SPFCtv.
Ele ficou no São Paulo até o fim de 2015, quando o empréstimo acabou e ele precisou voltar ao Corinthians, clube que nunca mais defendeu. Após um empréstimo ao Chelsea (ING), o jogador foi vendido ao Villarreal (ESP). Depois ainda passou pelo Tianjin Tianhai (CHN), antes de voltar ao São Paulo praticamente como um ídolo da torcida, que até hoje o recepciona nos jogos com o grito que lembra que ele deixou o rival para jogar no Tricolor.