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Saiba como o Corinthians faz da Neo Química Arena o melhor gramado do Brasil

Tecnologia e manutenção constantes são o segredo do Timão

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imagem cameraGramado da Neo Química Arena (Foto: Ettore Chiereguini/AGIF)
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Thiago Braga
São Paulo (SP)
Dia 22/04/2025
04:15
Atualizado há 8 horas

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Considerado o melhor gramado do Brasil, o campo da Neo Química Arena, casa do Corinthians, impressiona não apenas pela beleza visual, mas principalmente pela tecnologia e cuidado que envolvem sua manutenção. O Lance! visitou a Arena para entender de perto como funciona o processo de conservação deste gramado europeu, único no país a usar a Ryegrass — grama de inverno padrão nos principais estádios da Europa, como os da Premier League e LaLiga.

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A escolha por esse tipo de grama, incomum no Brasil por conta do clima tropical, exigiu a implantação de um sistema de alta tecnologia para garantir que o gramado se mantenha em perfeitas condições durante todo o ano. A principal solução foi a instalação de um sistema de arrefecimento subterrâneo, composto por dutos que circulam água gelada e ar refrigerado por todo o solo do campo.

O sistema mantém a base do gramado sempre entre 15 e 21 graus, temperatura ideal para a sobrevivência e desenvolvimento do Ryegrass, mesmo sob o sol forte de São Paulo. A estrutura custou mais de R$ 1 milhão e demanda cerca de R$ 100 mil por mês apenas com energia elétrica. A água utilizada na refrigeração circula em circuito fechado e é tratada com produtos químicos — ela não tem contato com o gramado, apenas com os dutos e componentes internos do sistema.

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Além disso, o gramado da Neo Química Arena é híbrido. Isso significa que, junto ao cultivo de Ryegrass por sementes, 4% da composição do campo é feita por fibras sintéticas costuradas no solo. Essas fibras não são visíveis a olho nu e servem para dar estrutura ao gramado, garantindo tração, firmeza e maior resistência ao desgaste.

Diferente das gramas do tipo Bermuda, comuns nos demais estádios brasileiros e vendidas em tapetes, o Ryegrass precisa germinar diretamente no solo. Isso exige um cuidado muito mais delicado, principalmente nas áreas de maior impacto, como próximas às traves.

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E é justamente nessas regiões que a equipe de manutenção tem enfrentado um desafio extra: as pombas. A presença constante dessas aves nas imediações do campo tem causado atraso no processo de recuperação da grama nas pequenas áreas, já que elas vêm consumindo as sementes recém-lançadas durante o replantio. Mesmo com o uso de sementes pré-germinadas, que aceleram o processo de revitalização, o impacto tem sido significativo, exigindo que a equipe isole esses setores com cones e fitas durante os treinos e aquecimentos dos jogadores.

Pombas na Neo Química Arena
Pombas atrapalham o replantio do gramado na Neo Química Arena (Foto: Thiago Braga/Lance!)

Outro procedimento fundamental na manutenção do campo é o processo de descompactação da grama, realizado geralmente nos dias seguintes às partidas. Após os jogos, o solo tende a ficar mais rígido devido ao impacto constante das pisadas, carrinhos e movimentações dos atletas.

A descompactação serve para devolver a maciez ideal ao gramado, criando uma superfície mais favorável à prática do futebol. Esse cuidado melhora significativamente a tração das chuteiras, evitando escorregões que podem causar lesões, além de garantir maior conforto e estabilidade para os jogadores durante as arrancadas e mudanças de direção.

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Todo o processo de manutenção é feito pela equipe da World Sports, empresa responsável pelo gramado desde a construção do estádio para a Copa do Mundo de 2014. O trabalho é diário e meticuloso. A cada jogo, o campo também passa por preenchimento manual de buracos com uma mistura de areia e sementes, garantindo que o campo esteja sempre uniforme.

A irrigação é realizada com cuidado, em sistema separado da refrigeração, e a pulverização com defensivos agrícolas é feita conforme a necessidade, sempre que são identificados sinais de fungos, pragas ou ervas daninhas — como a tiririca, uma espécie invasora bastante resistente. A equipe técnica está sempre em campo, avaliando visualmente o estado do gramado e tomando providências imediatas sempre que um problema é detectado.

Sistema de refrigeração do gramado da Arena Corinthians
Sistema de refrigeração do gramado da Arena Corinthians (Foto: Thiago Braga/Lance!)

Outro destaque é o sistema de drenagem por vácuo, que cria pressão negativa para retirar rapidamente o excesso de água em dias de chuva. Esse mesmo sistema também pode insuflar ar sob o solo em dias secos e quentes, aumentando a oxigenação das raízes e favorecendo a saúde da grama.

Caso ocorra algum problema nas tubulações, o próprio sistema gera alertas visuais: a pressão de água faz com que buracos apareçam no gramado, permitindo que a equipe identifique imediatamente o local afetado, realize o reparo e semeie novamente.

Relatórios técnicos detalhados são elaborados antes e depois de cada jogo, com medições de tração, dureza e condições gerais do campo. Esses dados são repassados ao departamento de futebol do Corinthians, que acompanha de perto o estado do gramado. Reuniões frequentes entre o clube, a administração da Arena e a World Sports garantem que qualquer medida necessária seja tomada com agilidade.

Com mais de uma década de uso, a estrutura do gramado da Neo Química Arena passará por uma revitalização completa ainda em 2025, durante a paralisação do Campeonato Brasileiro para o Super Mundial de Clubes da Fifa. O cuidado constante com o campo é prioridade para o Corinthians, que entende que oferecer uma superfície de jogo em padrão europeu é também oferecer mais segurança, qualidade técnica e desempenho aos seus atletas.

Funcionário faz a descompactação do gramado da Neo Química Arena
Funcionário faz a descompactação do gramado da Neo Química Arena (Foto: Thiago Braga/Lance!)

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