Soberano no Morumbi, Tricolor bate Verdão e quebra tabu em clássicos
São Paulo, com gol de Ganso, acabou com jejum de dez jogos sem triunfo contra rivais e manteve série de 14 anos contra o Palmeiras jogando em seu estádio<br>
Há uma discussão em voga atualmente sobre a estética do futebol e o modo como ela serve ao jogo. Na visão de alguns críticos, o tipo de jogo proposto pelas equipes do técnico são-paulino Edgardo Bauza e cujo expoente máximo é outro argentino, Simeone, contribui para a pobreza do esporte. Na visão desses mesmos críticos, as equipes de Cuca, do Palmeiras. vão na contramão pela postura, em tese, mais ofensiva. É possível, com boa vontade, que esses críticos estejam certos. No entanto, o Choque-Rei deste domingo, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro, mostrou que há mais coisas em jogo no futebol do que supõe a nossa vã filosofia. Pois o São Paulo foi o São Paulo de Bauza, o Palmeiras foi o Palmeiras de Cuca e a vitória ficou com o Tricolor: 1 a 0, gol de Ganso. Veja a repercussão do clássico nos vestiários do Morumbi.
O resultado foi construído no melhor estilo Bauza. Quando o Palmeiras propunha as ações na primeira etapa, rondando a área do gol de Denis, o São Paulo foi reativo como manda seu chefe e, num contra-ataque primoroso, Ganso contou com uma mãozinha do zagueiro Thiago Martins para dar a vitória aos donos da casa de cabeça.
O gol desequilibrou o rápido Palmeiras. As investidas de Dudu, na armação, Roger Guedes e Gabriel Jesus passaram a ser interceptadas com facilidade pelos são-paulinos. Alecsandro parou de ter chances e Cuca teve de fazer duas alterações já no intervalo. O Verdão precisava de mais diversidade.
Rafael Marques e Moisés fizeram do Palmeiras novamente perigoso, a rondar a área de Denis, que desta vez respondeu bem. Tão criticado, o goleiro do São Paulo foi seguro e até voltou para o jogo com um corte na cabeça após ser atingido por Alecsandro. Denis freou o Verdão de Cuca.
E aí o São Paulo reage, mostra que é cascudo. Quando o jogo voltou após o atendimento a Denis, iniciou-se um bombardeio ao gol palmeirense. Centurión, Thiago Mendes, Maicon e Kelvin exigiram grandes defesas de Fernando Prass, que impediu um massacre. Do time que é acusado de jogar feio, mas é reativo que é uma beleza.
Com a vitória, o São Paulo encerrou um tabu de dez clássicos sem triunfo. A última vez tinha sido em junho do ano passado, em 3 a 2 contra o Santos, no Morumbi, também pelo Brasileiro. Lugano, ídolo maior tricolor, manteve seu estigma de nunca ter perdido para o Palmeiras: nove jogos. E o Tricolor segue sem perder para o rival no Morumbi desde 2002, agora 23 jogos e de quebra ainda ultrapassou na tabela, sete pontos contra seis.
Em um dia de clássico de torcida única e Parada do Orgulho LGBT, que prega a diversidade e contra a intolerância, fica a mensagem: quem ama o feio bonito lhe parece. E, no fim, é isso que importa. Pergunte ao são-paulino, que não ganhava clássico há dez jogos e muitas vezes jogando melhor.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 1 X 0 PALMEIRAS
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data-Hora: 29/5/2016 - 16h (horário de Brasília)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Anderson José de Moraes Coelho (SP)
Público total / Renda: 21.016 / R$ 654.075,00
Cartões amarelos: Ganso, Alan Kardec (SAO), Thiago Santos, Zé Roberto, Moisés, Rafael Marques e Vitor Hugo (PAL)
Gol: Ganso 11' 1ºT (1-0)
SÃO PAULO: Denis, Bruno, Maicon, Lugano e Matheus Reis; Thiago Mendes (Rogério 41' 2ºT), Wesley e Ganso; Centurión (João Schmidt 35' 2ºT), Kelvin e Alan Kardec (Ytalo 38' 2ºT). Técnico: Edgardo Bauza
PALMEIRAS: Prass; Tchê Tchê, Thiago Martins, Vitor Hugo e Zé Roberto; Thiago Santos (Moisés - intervalo), Jean e Róger Guedes (Rafael Marques - intervalo); Dudu, Gabriel Jesus (Erik 31' 2ºT) e Alecsandro. Técnico: Cuca