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Da base do Corinthians à idolatria no Palmeiras: a trajetória do goleiro Weverton

Titular palmeirense, destino do atleta poderia ser outro se não fosse o Timão

Weverton ampliou presença da Poker entre os brasileiros campeões em 2021 (Foto: Lucas Uebel/Poker)
imagem cameraHoje ídolo do Palmeiras, Weverton se profissionalizou no Corinthians, em 2006 (Foto: Lucas Uebel/Poker)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 17/03/2022
00:09
Atualizado em 17/03/2022
06:00

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Em dia de Dérbi, um atleta em especial coloca frente a frente passado e presente da sua trajetória no futebol, o goleiro Weverton, do Palmeiras. Muito mais do que uma possível 'Lei do Ex', o jogador remonta do início ao auge da sua carreira neste clássico, entre Verdão e Corinthians, que por si só já é histórico - as duas equipes se enfrentam nesta quinta-feira (17), às 20h30, no Allianz Parque, pela sexta rodada do Campeonato Paulista

E o rótulo de Werverton não é apenas de atual dono da meta palmeirense, mas também de ídolo. Desde 2018 na equipe alviverde, o goleiro já conquistou seis títulos, todos como protagonista. Mas essa idolatria nunca existiria se não fosse o Corinthians. Isso porque foi no arquirrival do Palmeiras que o arqueiro se profissionalizou. 

Natural do Acre, Weverton deu os seus primeiros passos no futebol ainda na adolescência em clubes locais. Primeiro no Andirá, onde jogava como atacante e foi para meta em um dia de ausência de um goleiro. Relutou para deixar a posição ofensiva, pois tinha Ronaldo Fenômeno como ídolo. E anos mais tarde chegou perto de ter o craque do pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira, em 2002, como companheiro de empresa, justamente no Timão. 

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Mais uma obra do destino, ou do 'Deustino', para o religioso goleirorevelado pelo Corinthians, mas que hoje é ídolo do Palmeiras. Assim, as linhas que pareciam tortas foram escritas corretamente quando Weverton foi para o gol. O que rendeu para aquele garoto acreano uma vaga no Juventus, outro time do seu Estado. 

Pela Águia, o arqueiro viajou 3.600 quilômetros até São Paulo, em dezembro de 2004, dias após completar 17. O Clube do Povo jogaria a Copa São Paulo de Futebol Júnior com Weverton titular da meta e estrearia contra o Corinthians, para que a história do goleiro nunca mais fosse a mesma. 

Na estreia da Copinha diante do Timão, uma derrota do Juventus por apenas 1 a 0 em uma atuação fantástica de Weverton, que rendeu ao atleta um teste no Alvinegro do Parque São Jorge. O goleiro fez, passou e ficou na capital paulista, onde faria história, mas com cores bem diferentes do preto e branco corintiano. 

Dois anos depois de fechar o gol contra o Corinthians pela Copa São Paulo, Weverton foi titular pelo mesmo clube na mesma competição. Atual camisa 10 do Timão, o meia Willian também fazia parte daquele elenco. 

Weverton tinha tudo para ser ídolo corintiano, mas novamente o destino, ou o 'Deustino', tratou de entrar em ação. O Timão nunca colocou o atleta em primeiro plano, desde a própria base, quando na Copinha de 2006 foi substituído pouco antes da disputa de pênaltis contra o Fortaleza, na segunda fase. No momento em que o arqueiro poderia se consagrar, Célio Gabriel, que era reserva, entrou. E mesmo assim os meninos do terrão foram eliminados. 

Exatamente 10 anos mais tarde, Weverton seria o grande responsável pelo inédito ouro olímpico da Seleção Brasileira no futebol, em pleno Maracanã, contra a Alemanha, defendendo um pênalti decisivo. Já Célio nunca teve destaque na sua carreira profissional, rodando por clubes de pouca expressão até 2019, quando atuou pelo seu último time, o Barra da Tijuca, do Rio de Janeiro.

A trajetória de Weverton no futebol definitivamente não tinha iniciado no Parque São Jorge, mas o início dele como profissional sim. O jogador esteve perto de ser dispensado antes de subir para o elenco principal, mas ficou. Era bem avaliado pelos preparadores de goleiros, mas nunca recebeu uma oportunidade no 'time de cima' do Corinthians.

No fim de 2008, o goleiro cansou de esperar uma chance e pediu para ser emprestado. Na mesma época Ronaldo chegava no Timão. Mas os ídolos de Weverton já não jogavam mais com os pés, mas sim com as mãos. Como Marcos, o eterno santo palmeirense.

- Sempre fui muito fã do Marcão, muito pelo fato dele ser ídolo não só da torcida palmeirense, mas de todas as torcidas. Ele foi um grande goleiro que me inspirou muito. Fico extremamente feliz de estar jogando na posição que ele jogou - disse Weverton em entrevista à TV Palmeiras há pouco mais de um ano.

O Fenômeno chegava ao Corinthians, e Weverton deixava o clube para ser emprestado para Remo, Oeste (à época de Itápolis) e América de Natal. Deixou o Timão no fim do contrato, em dezembro de 2009. Não houve interesse do clube em renovar.

O goleiro então pegou uma ponta da linha vermelha do metrô paulistano e seguiu a sua trajetória para chegar ao final da reta, na Barra Funda, mais de uma década depois. É bem verdade, que no período tiveram pequenas escalas, incluindo um pulo na linha azul, Tietê, e passagens por Ribeirão Preto e Curitiba.

Após deixar o Corinthians, Weverton foi à custo zero para o Botafogo-SP, onde se destacou no Paulistão e no Torneio do Interior, no qual o Pantera se sagrou campeão. Na mesma temporada foi negociado com a Portuguesa e fez parte da BarceLusa, campeã brasileira de Série B, em 2011. Deixou a equipe do Canindé e foi para o Athletico-PR, onde ganhou projeção o suficiente entre 2012 e 2017, inclusive tendo conquistado o já citado título olímpico neste interim. Até voltar ao Estado de São Paulo e se tornar ídolo de um grande clube da capital.

O alvinegro do Corinthians ganhou forte tom esverdeado no caminho de Weverton.

A relação com o Palmeiras havia iniciado dois anos antes da chegada do goleiro à Academia de Futebol. E foi uma carona que começou a colocar o jogador novamente nos trilhos da linha vermelha do metrô paulistano.

Weverton estava à serviço da Seleção Brasileira para um jogo contra Colômbia, em Manaus, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, assim como o atacante Gabriel Jesus, atualmente no Manchester City-ENG, que à época defendia o Verdão. Os palmeirenses brigavam pelo título brasileiro, confirmado ao fim daquela temporada, e fizeram uma operação para que Jesus estivesse em campo no clássico contra o São Paulo um dia após defender a Amarelinha. O presidente alviverde Paulo Nobre, então, enviou um jatinho particular para buscar Gabriel.

Weverton tinha jogo pelo Furacão, contra o Figueirense, em Florianópolis, no mesmo dia do Choque-Rei, e os palestrinos deram uma carona para o então goleiro athleticano. No voo, o primeiro flerte de um namoro que viraria casamento menos de dois anos depois.

O desejo do Palmeiras em ter Weverton era tão grande, que o clube não quis esperar o fim do contrato do goleiro com o Athletico-PR, em maio de 2022, e queria ter o profissional no elenco já no início da temporada. Ao invés de ter o jogador de graça, o Verdão desembolsou R$ 2 milhões na contratação do arqueiro.

O retorno de Weverton a São Paulo foi completamente diferente da sua chegada. Se no Corinthians a sensação era de que o goleiro nunca era prioridade, no Verdão o que se acenava era um desejo de pertencimento que o atleta nunca havia tido ou sentido no clube rival.

Ainda assim, o início no Palestra Itália não foi tão bom para Weverton, que via na transferência para um clube com o Palmeiras a oportunidade de ser convocado para a Copa do Mundo, mas nem mesmo com as credenciais olímpicas o goleiro chegou como titular palmeirense. O pior, era a terceira opção, atrás de Jaílson e Fernando Prass. Muitos torcedores, inclusive, questionavam a necessidade de Weverton no time, e tiveram que se render anos mais tarde. O atleta provou o seu valor e se tornou ídolo palestrino.

Mas primeiro veio a frustração de ter ficado fora da Copa do Mundo na Rússia. Alisson e Ederson eram favas contadas. A expectativa de Weverton era ser terceiro goleiro. Foi Cássio, justamente do Corinthians. Em 2018, ele já estava no Timão há seis anos - hoje está na sua décima temporada pelo clube alvinegro. Revelado pelo Grêmio, e vindo do futebol holandês, o camisa 12 corintiano se tornou ídolo da equipe do Parque São Jorge, algo que Weverton poderia ser se tivesse ganho chances, mas nunca conseguiu.

No entanto, Weverton teve êxito no Palmeiras, quando a sua história no clube alviverde começou a mudar justamente após o Mundial de 2018.

Jaílson tinha terminado o pré-Copa com algumas falhas, e durante a intertemporada o técnico Roger Machado havia testado Weverton no gol, inclusive em amistosos. No retorno, o camisa 21 assumiu a meta palestrina para nunca mais sair. Diferentemente de Roger, que foi demitido dois jogos depois promover Weverton.

Existia a tensão do novo profissional que chegasse preferir Jaílson ou até mesmo Prass, que possuía credenciais de idolatria no Verdão, e que seria o titular da meta brasileira na Olimpíada do Rio, no lugar de Weverton, mas se machucou já nos treinos de preparação, na Granja Comary, e foi substituído pelo acreano que nem na lista de suplentes estava, sendo uma surpresa do técnico Rogério Micale. Só não ficaram surpresos aqueles que acompanhavam a história de Weverton desde o Corinthians. Ou, melhor, desde o Acre. Que fizeram do atacante, fã do Fernômeno, virar o goleiro que idolatrava São Marcos.

Santificado por um goleiro que é ídolo de todas as torcidas, como o próprio Weverton citou acima, porque deixa claro que nunca foi santo, o goleiro revelado pelo Corinthians chegou invertendo paradigmas: pegou a camisa 12, eternizada por Marcão, e a transformou em 21, e mostrou para a nação palmeirense que dá para pintar de verde e branco uma trajetória que começou alvinegra.

Na saída de Róger, a chegada de Felipão. A titularidade de Weverton foi mantida. E ele nunca mais saiu. No Palmeiras já são quatro anos e seis títulos: um Paulista (2020), um Brasileirão (2018), uma Copa do Brasil (2020), duas Libertadores (2020 e 2021) e uma Recopa Sul-Americana (2022).

E a convocação para a Copa que não veio em 2018, está muito próxima em 2022. Se há quatro anos Tite tinha dúvidas de quem completaria a trinca com Alisson e Ederson, agora essa vaga só tem uma certeza: Weverton.

Para muitos, inclusive, o goleiro palmeirense reúne credenciais para ser titular, à frente até mesmo das primeiras opões que atuam em potências europeias, Alisson no Liverpool, e Éderson no Manchester City, ambos da Inglaterra. O próprio titular da Seleção já colocou Weverton entre os 10 maiores do mundo na posição.

- Para mim, o Weverton é um goleiro de nível mundial. Talvez o melhor jogador no futebol brasileiro e talvez está entre os 10 melhores goleiros do mundo. E isso se deve aos resultados dele dentro de campo. Obviamente, quando falamos dos melhores, eles são os que estão vencendo títulos, e isso credencia ele - disse Alisson em resposta à reportagem do LANCE! antes da partida entre Brasil e Colômbia, em novembro do ano passado, que classificou a Seleção Canarinho para a Copa de 2022.

Weverton participou de 11 Dérbis, todos defendendo o Palmeiras. São quatro vitórias, quatro empates e três derrotas, um aproveitamento de 45,4%. No Allianz Parque, local da partida desta quinta-feira (17), o goleiro palmeirense enfrentou o Corinthians quatro vezes, com uma vitória, um empate e uma derrota. 

No Paulistão de 2020, Weverton foi fundamental na conquista do título alviverde sobre o Timão, defendendo dois pênaltis na disputa que definiu o vencedor. Na única final envolvendo as duas equipes que teve o arqueiro em campo. 

Em duelos eliminatórios, inclusive, o Palmeiras se destaca. Além da final estadual em 2020, teve a semifinal do mesmo campeonato no ano seguinte, quando o Verdão, com Weverton em campo, bateu o Corinthians por 2 a 0, em plena Neo Química Arena. 

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