Foi em meio a calada da noite que o nada silencioso fato ocorreu. Naquele 29 de novembro de 2016, um gigante de metal, aço e ligas diversas nos desconectou de vidas, sonhos e pessoas amadas deste plano. Outros planos? Outros propósitos? Ou um despropósito de quem deveria cuidar e foi fatalmente (ou melhor, tragicamente) descuidado?
Fato é que, ali, uma corrente se formava. Uma história bem distinta da meteórica ascensão obtida pelo clube que, anos antes, desfilava seu verde de esperança apenas em gramados catarinenses. Desfile esse que, para acontecer, tinha moedas contadas para uniformes, funcionários, atletas, estrutura. Com o básico, se fez o mágico e, do mágico, o céu parecia ser muito menos do que o limite.
Campeonato Catarinense. Série D. Série C. Série B. Série A. Sul-Americana. Final. Passos largos, corajosos, ousados. A ousadia de quem ousou fazer o certo e encontrar quem estava disposto a lutar bravamente por ele. Experiência, juventude, talento, comprometimento. Com tudo isso, o toque de magia vinha até por semelhança dentro do trabalho de Caio "Harry Potter" Júnior.
Era preferível que não fosse necessário. Mas, na necessidade, o planeta mostrou que o verde da esperança também poderia ser o verde da solidariedade. Atletas, dinheiro, mensagens, presenças. Chapecó viu os olhos do mundo se voltarem para si enquanto os seus olhos, marejados e inchados, estavam ocupados em aceitar o luto. Vivê-lo. Encaixá-lo em um espaço que parecia simplesmente não caber no coração de uma cidade e foi dividido com a humanidade inteira.
Outros problemas vieram da tragédia. Tanto para os familiares de quem se foi e também para os sobreviventes do catastrófico evento ocorrido em solo colombiano. Fim precoce de carreira. Litígio entre as partes. Cobrança do pagamento de indenizações. Todavia, nenhum deles tão agudo e latente como a palavra que, apesar do carinho globalizado, é verdadeiramente "made in português": saudade.
São inúmeras as expressões e figuras de linguagem. Porém, explicar ou detalhar sentimentos é tão complexo quanto dimensionar a trajetória dos atletas e das outras vítimas do trágico acidente. Por isso, só nos resta cinco palavras simples, porém absolutamente sinceras. Pesadelo. Solidariedade. Chapecoense. Pra sempre!