CAMPO NEUTRO: Agora torço por Marrocos na Copa do Mundo
José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo do esporte
Já estou pensando na Copa de 2026. Não estou interessado em cartas de Neymar a Tite, ainda mais cheias de lamentáveis confusões entre a segunda e a terceira pessoa do singular da língua portuguesa.
Eu já morava nos Estados Unidos quando o país foi palco da Copa de 1994, ganha pelo Brasil nos pênaltis. Sou testemunha do notável progresso que o futebol, aqui ainda chamado de “soccer”,
apresentou nos últimos anos. Um resultado ainda apenas parcialmente visível nos resultados da seleção americana, mas excelente em termos de público e de “marketing”.
A Copa de 2026 está sendo anunciada como uma Copa de três países: Estados Unidos, México e Canadá. Mas não se iludam: ela será quase toda em território americano. Basta ver que 11 cidades americanas sediarão jogos, contra apenas três do México e duas do Canadá. As cidades americanas serão Atlanta, Boston, Dallas, Houston, Kansas City, Los Angeles, Miami, New York/New Jersey, Philadelphia, San Francisco e Seattle. As mexicanas serão Guadalajara, Monterrey e a Cidade do México. As canadenses, Toronto e Vancouver. Mas mexicanos e canadenses ficarão apenas com a fatia inicial do bolo. A partir das quartas de final todos os jogos serão nos Estados Unidos. Em miúdos, isto significa que México e Canadá, juntos, terão apenas dez jogos. Os Estados
Unidos terão 60.
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O curioso nisto tudo é que os Estados Unidos ganharam o direito de sediar a Copa do Mundo de 2026 numa disputa, durante a Copa de 2018, em Moscou... contra o Marrocos. Agora, a seleção africana está disputando as semifinais da Copa de 2022, no Qatar, enquanto os americanos ficaram de fora depois da fase inicial. Canadenses e mexicanos também rodaram.
Em termos de “marketing”, não há dúvida que uma Copa reunindo México, Canadá e Estados Unidos como anfitriões tem muito mais força do que uma no Marrocos. Mas é preciso reconhecer que a FIFA deve também estar muito agradecida a Marrocos pela sensacional campanha que o país vem oferecendo até agora na Copa de 2022. É uma jornada que, em termos de diversificação do futebol, vale tanto quanto trazer a Copa do Mundo de 2026 outra vez para o continente norte-americano.
Não sou pitonisa para prever o que se passará nas semifinais no Qatar, mas agora torço por Marrocos.