CAMPO NEUTRO: Dois mestres e dois amigos
José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo dos esportes
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Nesta sexta-feira, Roger Federer se despede oficialmente das quadras participando de uma partida de duplas com Rafael Nadal, na Laver Cup, uma competição criada pelo próprio Federer para homenagear Rod Laver, o australiano que é por muitos considerado o maior tenista de todos os tempos.
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Quem foi de fato o melhor ou quem virá a ser o melhor? É como a discussão no futebol: Pelé foi melhor do que Maradona, Maradona foi melhor do que Messi? Rod Laver veio de uma época especial no tênis, assim como Pelé veio de uma época especial no futebol.
Comparações através de décadas e até de mais de meio século são difíceis ou impossíveis. Basta lembrar que, tanto no tênis quanto no futebol, o material empregado na execução das tarefas - bolas, chuteiras, tecidos, raquetes, quadras - mudou muito.
Rod Laver foi um tenista especial. Para princípio de conversa, era bem mais baixo do que hoje são Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic, Carlos Alcaraz e outros jogadores de destaque. Laver participou também de duas eras diferentes, pois tornou-se profissional em uma época em que os grandes torneios, como Wimbledon, não eram “Abertos” - isto é, neles podiam participar apenas os jogadores amadores. Falsos amadores, se quiserem, mas não levavam a “pecha” de serem abertamente profissionais.
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Para vocês verem bem a diferença, basta lembrar que tanto nos Estados Unidos quanto na Austrália, os torneios têm hoje o nome de
“Open”, isto é, “Abertos” - como o US Open e o Australian Open.
Laver era bom em todos os tipos de piso: grama, pó de tijolo, quadra dura, de carpete, até de madeira. Ganhou o Grand Slam (Australian, Roland Garros, Wimbledon e US, no mesmo ano) duas vezes, a primeira em 1962 na era amadora e a segunda em 1969, depois de se tornar profissional, quando os torneios ficaram “Abertos”. Foi um caso único, excepcional, como Pelé, pode-se dizer.
Vi Laver jogar uma vez, em 1970, na Inglaterra, pela televisão, então com transmissões toscas, incipientes. Mas tive a felicidade de, por pura sorte, por desistência de um amigo, assistir, ao vivo, aquela
que foi para mim a maior partida de tênis de minha vida. Foi Wimbledon, em 2008, a final entre Roger Federer e Rafael Nadal.
Ao todo, mais de seis horas de jogo, pois devo lembrar que naquela época Wimbledon ainda não tinha “tie-break” no quinto set. Outro ponto que poderia ter sido importante: naquele ano a quadra central de Wimbledon ainda não tinha teto retrátil. Isto significava que a final poderia ter sido adiada para o dia seguinte. Chegou a chover,
obrigando a partida a começar com atraso e depois do início choveu um pouco, levando a interrupções temporárias. Felizmente, porém, apenas temporárias.
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Então, ao longo de mais de seis horas o que se viu foi uma batalha gigantesca entre dois gênios da profissão, como vocês podem verificar pelo placar: vitória de Rafael Nadal em 6-4, 6-4, 6-7 (5-7 no “tie break”), 6-7 (8-10 no “tie break”) e 9-7. Federer saiu sacando no quinto set e chegou a liderar em 6-5, mas, no décimo quinto game
do set, teve seu saque quebrado. Nadal então sacou em 8-7, confirmou o saque e fechou a partida.
Agora, nesta sexta-feira, não em Wimbledon, mas ainda em Londres, na O2 Arena, Federer e Nadal estarão de novo na quadra. Porém do mesmo lado, em dupla. Dois mestres e dois amigos.
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