CAMPO NEUTRO: os limites humanos

José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo do esporte

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No início deste mês, cinco octogenários se inscreveram em uma ultra-maratona de 100 Milhas (161 quilômetros) em Nevada, Estados Unidos. Eram ao todo 44 competidores, das mais variadas idades. Dos cinco octogenários, quatro completaram a prova, todos na categoria de 80 a 84 anos.

O primeiro colocado na categoria, David Blaylock, de 80 anos, completou as 100 Milhas em 29 horas, 49 minutos e 29 segundos. Estabeleceu um novo recorde para a prova em sua faixa etária, melhorando a marca anterior em cerca de 45 minutos. O mais interessante é que Blaylock disse que, quando jovem , nunca tinha sido um atleta. Pelo contrário, fora recusado pelo técnico de sua escola.

Eddie Rousseau, com 83 anos, Ian Maddieson, com 80, e Denis Trafecanty, também com 80, igualmente completaram o percurso. Todd Leigh, de 81 anos, percorreu 150 quilômetros mas desistiu, “com cansaço muscular”.

Li esta noticia hoje no Washington Post, ao mesmo tempo em que também me inteirava de uma reportagem no New York Times sobre o High Intensity Interval Training, Treino Intervalado de Alta Intensidade que, diz o jornal, está fazendo milagres na preparação física para os mais diversos esportes.

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Um Treino Intervalado de Alta Intensidade levará os batimentos cardíacos do praticante a 80% de sua capacidade máxima, ao longo de 20 segundos, e permitirá um breve descanso, apenas para reiniciar o processo em seguida. A via dolorosa repete-se por cerca de meia hora, mas os resultados, garantem os técnicos, são esplêndidos.

Um estudo executado com homens anteriormente sedentários, entre 43 e 73 anos de idade, em 2020, indicou que, em apenas seis semanas, houve benefícios como queda de alta pressão arterial e perda de peso para os praticantes de Treino Intervalado de Alta Intensidade.

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Hoje li também uma reportagem no jornal espanhol Marca sobre “salas de crioterapia”. É um tipo de recuperação física que é adotado, entre outros, pelo português Cristiano Ronaldo e pelo croata Luka Modric, e que consiste em ficar três minutos em uma cabine em que a temperatura cai a 110 centígrados abaixo de zero. Como comparação, lembro que a temperatura mais baixa registrada no planeta Terra é de 89 centígrados abaixo de zero, na Antártica.

Não sei se os octogenários que citei acima alguma vez em sua vida fizerem o Treino Intervalado de Alta Intensidade ou entraram em uma sala de crioterapia. Mas são prova eloquente de que os limites humanos chegam mais longe do que sonha a nossa vã filosofia.

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