Nesse último final de semana a F1 chegou à sua etapa final, sendo a temporada encerrada em Abu Dhabi, como já é da tradição. Se é verdade que campeão e vice já estão definidos, a briga seguia viva pelo vice campeonato de construtores e pelas demais posições na tabela, onde havia muita disputa. Ferrari e Mercedes, por exemplo, travariam até o final uma importante luta pelo segundo lugar no mundial de construtores, que valeria alguma coisa em torno de 10 milhões de dólares.
Na sexta-feira, muitas equipes entregaram os seus carros no 1º treino livre para os pilotos reserva. Foi muito interessante porque 10 novatos foram para pista. E quem deu show foi Felipe Drugovich, conquistando a segunda posição no treino, sendo o único rookie que chegou
na frente do titular - Drugo colocou 0,3 em cima de Lance Stroll – e também o único a ficar entre os 10 primeiros . Mas infelizmente as chances de o brasileiro ter um lugar como titular no próximo ano não são altas, uma vez que o único lugar restante no grid é na Williams -
Logan Sargeant ainda não está confirmado. Aliás, se o americano realmente mantiver seu lugar no grid, será a primeira vez onde não haverá a tradicional dança das cadeiras na categoria. Assim como Drugovich, todos os outros reservas que treinaram estão sem cockpit, inclusive
Théo Pourchaire, o atual campeão da F2.
No sábado, houve poucas novidades. A 1ª fila era tradicional: Max Verstappen na pole, seguido por Charles Leclerc, enquanto a 2ª fila era dividida por Oscar Piastri e George Russel.
Na largada domingo, Leclerc partiu para cima de Verstappen, dando uma boa pressão, mas não o suficiente para assumir a ponta. O monegasco não deixou o campeão abrir muito, e seguia na sua cola. Mas mais uma vez a Ferrari foi incapaz de operar um undercut, deixando Verstappen parar primeiro, mantendo assim a vantagem que tinha na pista. A equipe italiana pecou na estratégia, mas não somente aí: fez uma escolha de pneus errada para Carlos Sainz, que lhe acabou custando o vice-campeonato. O espanhol ficou se arrastando pela pista, sendo ultrapassado por Lewis Hamilton, num movimento que já garantiria o segundo posto no campeonato para a Mercedes.
Na disputa entre George Russell e Sergio Perez, o mexicano foi penalizado em 5 segundos, por ter forçado demais e colidido com o inglês. Essa posição geraria pontuação tranquila para a Mercedes ser vice-campeã. Aí quem teve uma jogada muito inteligente foi Leclerc. Mostrando que sente o agudo faro das oportunidades, avisou no rádio que deixaria Perez passar para que ele pudesse descontar os 5 segundos de Russel. Quase deu, mas não foi suficiente. Na falta de um estrategista na Ferrari Leclerc vem cumprindo bem esse papel.
Então o campeonato chega ao seu final com a Mercedes como vice campeã, seguida da Ferrari e da McLaren. A Aston Martin que começou o ano como a segunda força, foi apenas a quinta colocada. Entre os pilotos, Alonso e Leclerc empataram com 206 pontos, superando por um apenas Lando Norris. Já Sainz, que chegou a Abu Dhabi como o 4º no campeonato, terminou em 7º.
A análise da disputa entre companheiros de equipe nos revela alguns dados interessantes. Não vamos nem falar da Red Bull, porque não vale gastar vela boa com defunto ruim. Na Mercedes, Hamilton fez 234 pontos x 175 de Russel. Na Aston Martin, covardia: 206 x 74 - você
sabe a favor de quem. Na Ferrari, equilíbrio: Leclerc com 206 x Sainz com 200. E olhando a situação da McLaren, podemos ver como Lando Norris é talentoso: ele fez 205 pontos, contra apenas 97 de Oscar Piastri, a estrela em ascensão. Tem hoje a equipe inglesa a mais forte
dupla de jovens talentos. Se o carro não mantiver a trajetória ascendente de 2023, ela periga perde-los. Norris e Piastri são como cavalos de corrida que, se ficarem parados – sem vitórias - vão destruir o estábulo.
A temporada chega ao fim revelando números superlativos de Max Verstappen: o campeão liderou mais de 1000 voltas - coisa inédita - e ganhou 86% das corridas que disputou, estabelecendo um recorde histórico de 19 vitórias na mesma temporada. O holandês é tão
preciso que na comemoração ficou dando cavalo de pau em frente a galera e quando parou já estava meticulosamente posicionado em frente ao totem do primeiro lugar.
E a Red Bull também atingiu índices inacreditáveis. Em 1988, o lendário McLaren MP4/4 venceu 15 de 16 corridas (93,75%). Já o RB19 venceu 21 em 22 provas (95,45%).
Resta-nos torcer para que em 2024 tenhamos alguma reviravolta que cure a monotonia, isto é, que alguma equipe dê combate à hegemônica RBR. Infelizmente, as informações pré-temporada não nos deixam otimista nesse sentido. Mas como disse Lima Barreto, "Nada se pode afirmar, mas tudo se pode esperar. Esperemos."
Esse articulista se despede por aqui, agradecendo aos seus leitores que cabem numa Kombi, desejando um Feliz Natal e super 2024 para todos! Abraços e até Austrália 2024!