O Brasil brilhou no final de semana em que a F1 um chegou ao tradicionalíssimo circuito de Spa Francorchamps, na Bélgica, o preferido da grande maioria dos pilotos. Enzo Fittipaldi conquistou sua primeira vitória na F2, e Caio Collet venceu na F3 (categoria onde outro brasileiro, Gabriel Bortoletto, é o principal candidato ao título). O sucesso nas etapas de acesso à F1 nos permitem sonhar com o fim do jejum de pilotos brasileiros que amargamos desde a aposentadoria de Felipe Massa. Isso sem falar em Felipe Drugovich, piloto de testes da Aston Martin que, segundo a rádio paddock, tem convites firmes já para pilotar no ano que vem.
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Enquanto isso, na categoria principal, embora o circuito belga sempre proporcione corridas interessantes, inclusive pela instabilidade do tempo e chuvas constantes, não podemos dizer que houve grandes novidades. Spa foi sede da terceira sprint race do ano, o que sempre dá uma animada no final de semana. Diferentemente de 2022, a sprint é agora uma corrida autônoma que dá pontos aos 8 primeiros colocados, sem influência no grid da corrida principal, definido na sexta-feira.
Na classificação para domingo, quase como sempre, Max Verstappen fez o melhor tempo, embora tenha largado apenas na 6a posição por conta de uma punição decorrente da troca de câmbio. Então a pole ficou com Charles Leclerc, seguido de Sergio Perez, Lewis Hamilton, Carlos Sainz, Oscar Piastri e Lando Norris.
Já no sábado de muita chuva, deu novamente pole de Verstappen na sprint, mas desta vez compartilhando a primeira fila com Piastri que cravou um incrível 2º lugar. Lamentavelmente uma vez mais vimos a ridícula dificuldade dos monopostos da F1 atual correrem sob chuva. Assistimos à deprimente largada sob safety car, e praticamente 1/3 da sprint foi disputado atrás dele, em fila indiana. Impossível não lembrar que no passado se corria sob temporais torrenciais. Quem não se recorda das incríveis de vitórias de Ayrton Senna em Mônaco, Portugal e na própria Bélgica sob intenso aguaceiro? Mas o problema é que a aerodinâmica dos carros atuais, com a volta do efeito solo, dificulta a pilotagem sob chuva por conta do enorme spray gerado e consequente falta de visibilidade para os carros que vêm atrás. Isso se dá justamente porque o ar que passa embaixo do carro é empurrado para cima, de modo a conferir maior aderência em pista seca. O problema é que a água segue esse mesmo caminho, então o que se vê quando chove é um verdadeiro chafariz.Para os puristas, como eu, isso não deveria justificar a frescura do safety car. Automobilismo não é esporte para vacilantes. Não dá para piloto de F1 ter “medinho” de andar no molhado.
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Quando o safety car saiu, até que tivemos uma sprint animada por conta da estratégia de troca de pneus na pista que gradativamente secava. Piastri chegou a liderar a corrida por algumas voltas antes de ser ultrapassado por Verstappen. O australiano – campeão de F3 e F2 nos respectivos anos de estreia - realmente mostrou a que veio.
Já no domingo, a chuva infelizmente aliviou, indicando que teríamos outro passeio do piloto da casa – sim, embora corra sob a bandeira que homenageia a dinastia da Casa de Orange, Verstappen nasceu na Bélgica, em Hasselt, que fica a cerca de meia hora da fronteira com a Holanda. Na largada Piastri e Sainz se enroscaram, num acidente que comprometeu a corrida de ambos. Já a outra Ferrari, de Leclerc, conseguiu segurar a ponta, mas por pouco tempo, até ser ultrapassada por Perez.
Apenas 9 voltas foram necessárias para que - com a vida facilitada pelo irritante DRS, contra qual não me canso de deblaterar – Verstappen escalasse o pelotão, tendo à sua frente apenas seu companheiro de equipe. Nesse momento começaram os pit stops, com algum suspense por conta da chuva que, conquanto anunciada, acabou não aparecendo. Após as paradas, Verstappen não tomou conhecimento de Perez e seguiu tranquilo para a vitória. Tão tranquilo que, audacioso até a insolência, teve tempo de debater ironicamente com seu engenheiro pelo rádio. Ao ser perguntado se seus pneus durariam até a chuva, assim respondeu: “I can’t see the Weather radar, can I?” Em seguida, debochou da súplica para diminuir o ritmo e poupar os pneus, sugerindo que poderia fazer mais uma parada viabilizando um treino extra de pitstop para os mecânicos. O holandês, além de por a bola na caçapa, ainda faz pirueta com o taco.
Mais para trás, Hamilton pareceu ameaçar Leclerc, mas não teve ritmo para alcançar a Ferrari. Chegaram então em 3º e 4º lugares, logo atrás das Red Bull. Apesar da queda de performance da Aston Martin, Alonso conseguiu um 5º lugar, seguido de George Russel e Lando Norris, que não repetiu a boa performance dos últimos GPS.
Verstappen alcançou a sua 8 ª vitória consecutiva no ano, ou 10ª se contarmos as sprint. Nunca um piloto chegou na metade do campeonato com tanta vantagem: 314 pontos, contra 189 de seu companheiro de equipe. Perez, por sua vez, vestiu seu destino - de 2º piloto. Ou, como disse Dr. Helmut Marko, ele finalmente acordou do sonho de ser campeão.
Já na disputa do “best of the rest”, Hamilton está apenas um pontoa atrás de Alonso (149x148), demonstrando uma reação da Mercedes no campeonato.
A F1 cessará por praticamente um mês para as férias de verão, e retomará os trabalhos justamente no GP da Holanda. Para o dono da casa, os tambores da vitória já começam a soar de maneira ruidosa e triunfal.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!