Coluna do Bichara: Vitória de Oscar Piastri – Nas ondas do Rádio
Piloto australiano venceu o GP da Hungria de Fórmula 1
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Pela 39ª vez a Fórmula 1 chegou à Hungria. Para alguns, essa corrida lembra o começo do fim da cortina de ferro, pois em 1986, em pleno regime comunista, a Hungria teve a coragem de se abrir para o mundo e para o circo da Fórmula 1. Para outros, a pista ficou imortalizada por aquela que é tida por muitos como a maior ultrapassagem de todos os tempos - você sabe, Piquet por fora, em cima de Senna, colocando a Williams de lado.
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Esse ano a F1 chega à Hungria em meio a uma aparente troca de guarda: a hegemonia da Red Bull parece finalmente ameaçada pela McLaren. Já fora da pista, muita especulação por conta da dança das cadeiras de pilotos. Kevin Magnussen e Esteban Ocon foram os demitidos do mês. Há muitas vagas disponíveis, mas o xadrez parece estar em suspenso aguardando o preenchimento da vaga de Lewis Hamilton na Mercedes. Toto Wolf ainda sonha com Max Verstappen, e por isso ofereceu a Carlos Sainz um contrato de apenas um ano, que foi rejeitado pelo espanhol. Isso sem falar que fica parecendo cada vez mais que a outra vaga na equipe dos Touros vermelhos - a de Sergio Perez - deverá estar disponível.
O contrato do mexicano, embora tenha sido recentemente renovado, contém uma cláusula de performance: ele não pode estar mais de 100 pontos atrás de Verstappen, nem abaixo da 5ª colocação no campeonato. Só que hoje ele incorre nessas duas situações (é apenas 7o no campeonato, e está 141 pontos atrás do líder). O que não falta são candidatos para a vaga do mexicano - e toda hora aparece um novo. Na semana passada Cristhian Horner admitiu que existe uma chance do piloto Isack Hadjar, da Red Bull Academy, ser promovido para a F1. Isso sem contar nos pilotos da Racing Bulls (Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo), mais os que têm contrato com o time como Lian Lawson.
A Red Bull chegou a Budapeste com um novo pacote de atualizações, que nas palavras de Verstappen, seria “crucial”. Mas na qualificação não foi o que se viu. As McLaren novamente lideraram, Lando Norris cravando a pole e Oscar Piastri o 2º lugar. O holandês ficou apenas com um 3º - com direito a soquinho no volante quando errou em sua derradeira tentativa. Já seu claudicante companheiro de equipe protagonizou novo vexame batendo forte no Q1 e ficando apenas em 16º lugar. O mexicano já deve estar acostumado com essa posição: nas últimas 6 corridas ele largou 3 vezes de lá (uma em 19º e duas em 8º). Uma vergonha completa. Ele devia dar uma de Joe Biden e pedir para sair.
No domingo havia muita expectativa pela largada, pois em Hungaroring se percorre quase 500 metros até a 1ª curva, ou seja, haveria espaço suficiente para Verstappen tentar pegar o vácuo e dar o bote. Surpreendentemente Piastri partiu para cima de Norris, fazendo uma bela manobra e assumindo a ponta, enquanto Verstappen ultrapassou Norris pelo lado de fora da pista - como sempre quando ele é apertado, aparece sua versão dick vigarista. Antes que a direção de prova determinasse, ele seguiu a orientação do seu engenheiro e devolveu a posição – não sem muito vociferar.
As McLaren então lideravam com Verstappen sendo seguido de perto por Hamilton, que parou antes executando um perfeito undercut, enquanto o holandês ainda reclamava do carro num mimimi sem fim. A estratégia da Red Bull dessa vez realmente falhou.
Na volta 35 Verstappen conseguiu encostar em Hamilton, executou a ultrapassagem mas errou logo depois devolvendo a posição. Curioso notar como, sob pressão, o holandês cometeu múltiplas falhas. E também o psicológico do usualmente gelado campeão estava abalado: pelo rádio ele reclamava de tudo, inclusive da estratégia que permitiu que ele levasse vários undercuts. Mas se chorar desse certo, Sonrisal era imortal.
Lá na frente Norris não conseguia chegar em Piastri, enquanto Hamilton se aproximava. Norris então fui chamado para o box, numa manobra que visava tirá-lo da alça de mira do compatriota. Agindo assim, a McLaren violou a regra de que quem está na frente faz o pit stop antes. Apesar disso, a equipe deixou claro pelo rádio que seus carros trocariam de posições, sendo aquela apenas uma manobra protetiva, visando evitar o undercut da Mercedes. Faltou combinar com Norris. Ele não só voltou à frente de Piastri, como chegou a abrir quase 5 segundos. E quem disse que ele queria devolver a posição? Não mesmo. Seu engenheiro se desesperou no rádio, mas Norris fez o egípcio. Não era nem com ele...A McLaren fez apelos desesperados, quase em tom de ameaça, tipo “remember every sunday morning meeting”, ou “to win you gonna need the team”. Quando a coisa parecia que ia desandar, Norris cedeu, desacelerou, e deixou o companheiro passar.
Acho que o inglês lidou mal com essa situação. Ele parecia ser superior no final da corrida, então bastava deixar Piastri passar logo e dar o troco. Também não entendi muito bem a McLaren. Norris é hoje o 2º do campeonato , 76 pontos atrás de Verstappen. Tudo bem que é muita coisa, mas os 7 pontos a mais que ele teria se vencesse, reduziriam essa vantagem para 69. Claramente a equipe passa uma mensagem de que não o vê como um verdadeiro candidato ao título.
Enquanto isso um pouco mais atrás Hamilton e Verstappen travavam - como de hábito - um duro duelo pelo 3o lugar. Na volta 63 bateram, por culpa de Verstappen que freou muito tarde e deixou o carro escorregar. O holandês deu tanto piti pelo rádio que foi chamado de infantil pelo seu engenheiro. Podia ir dormir sem essa.
Piastri então chegou a sua merecida 1ª vitória, embora ela tenha sido um pouco ofuscada pela confusão da Mclaren. É o 7º piloto a vencer esse ano, demonstrando que temos uma F1 mais equilibrada. Norris, bastante emburrado, foi o 2º, seguido por Hamilton, que chegou ao fantástico 200º pódio na carreira - isso após vencer em Silverstone, 945 dias após seu último triunfo. Realmente o inglês é de outro planeta.
No campeonato de construtores a McLaren passou a Ferrari, e está com 338 pontos, apenas 51 atrás da Red Bull. Se o time austríaco quiser reagir, talvez tenha que arranjar um 2º piloto de verdade ainda este ano.
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