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Papo com Castroneves: O retorno dos Castroneves aos kartódromos

Por causa do meu sobrinho Dudes, a família Castroneves voltou com mala e cuia para os kartódromo

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Helio Castroneves no kart em 1990, no Kartódromo de Interlagos. Foto:: Miguel Costa Junior

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Oi, amigos, tudo bem aí no Brasil? Espero que sim.

Como vocês se recordam, na coluna da semana passada me lembrei de algumas histórias de meus tempos de kartista. Dentre elas, contei aquela em que entrei no boxes da Fórmula 1, em 1990, em Interlagos, com minha carteirinha de piloto de kart da Federação de Automobilismo de São Paulo.

O kart foi tão importante na minha formação como piloto – e como pessoa – que vou continuar abordando o tema aqui. O kart me ensinou tantas coisas que, se fosse enumerá-las, esse texto ficaria longo demais. Mesmo assim, alguns desses benefícios são fortes em mim até hoje.

Para início de conversa, o kart faz com que o piloto se familiarize com velocidades incríveis. Se a gente fizer um estudo de relação peso/potência, os chassis do kartismo ganham de muita categoria importante. E tem também o fato de não ter suspensão ou dispositivos que facilitem a vida do piloto. Não tem essa de amortecedor para aliviar as irregularidades do asfalto. Assim, qualquer coisinha na pista e o piloto sente a pancada diretamente nas nádegas (eu ir escrever bun..., mas acho que não pode, né?), na coluna, nas costelas e no pescoço.

E mesmo nessas condições, o kartista tem de ter disciplina com a preparação física, paciência para se chegar ao melhor acerto e muito amor pelo esporte, pois é necessário treinar exaustivamente, faça chuva ou faça sol. Quanto mais se treina, mais o piloto entende o equipamento, a pista e consegue tirar o melhor rendimento possível do equipamento. Mas não é só.

Tem também o poder de aprimorar os reflexos. Juntando tudo isso ao fato de ser uma delícia pilotar um kart, está aí a resposta do porquê de tantos pilotos profissionais e premiados estarem sempre num kartódromo, sempre que podem. Eu mesmo, embora tenha disputado meu último campeonato de kart em 1991, sou “rato de kartódromo”, sempre que posso vou acelerar. Tudo isso para chegar no ponto que eu queria nesta coluna.

Em muitas dessas oportunidades, levei meu sobrinho Dudes para andar. Ele era garotinho e nem alcançava os pedais direito. Mas o tempo foi passando, o filho mais velho da Kati foi gostando da coisa e, para encurtar essa história, ele participa regularmente do São Paulo Light – que na minha época se chamava Campeonato Paulista de Kart – e vai disputar, ainda neste mês de novembro, seu primeiro campeonato brasileiro da modalidade.

Por causa do Dudes, a família Castroneves voltou com mala e cuia para os kartódromos. Lá no final dos anos 80 e início dos 90, eu ia para as corridas acompanhado pelo seu Helio, Dona Sandra e a Kati. Eles estiveram comigo na minha primeira vitória no kartismo, em Jaú (SP), em 1988, estavam comigo em 1989, quando fui campeão brasileiro, e em todas as vezes em que fui campeão paulista. Obviamente, continuaram comigo também nos monopostos.

Agora, 34 anos depois do meu título nacional de 1989, o mesmo trio que me acompanhava nos kartódromos – pai, mãe e irmã – estará em Vespasiano, Minas Gerais, em outro Brasileiro de Kart, só que agora o piloto é o Dudes, que terá também na torcida o pai Eduardo, o irmão Benjamin e eu. Isso mesmo, os treinos do Brasileiro começam na segunda-feira, 13, e as atividades vão até o dia 18, quando acontecem as finais.

Eu vou chegar no Brasil na sexta-feira, 17, e vou direto para Vespasiano acompanhar as prefinais e as finais deste Brasileiro da Confederação Brasileira de Automobilismo, que é o 58º da história. Confesso que não vejo a hora de ver o Dudes correndo e assumir o papel de tio torcedor.

Só pelo fato de estar me programando para o Brasileiro, um filme tem passado na minha cabeça. Apesar do meu pai ter tido equipe de Stock Car, o envolvimento da família Castroneves com o automobilismo começou por minha causa. Sempre tive minha família ao meu lado. Agora, estaremos todos de volta para ver o Dudes correr. É algo que mexe com o coração da gente.

Se eu quero que ele seja campeão? Sim, claro que eu quero! Mas quero mesmo que ele se sinta feliz nas pistas, correr com alegria e sem pressão. É isso, amigos, na primeira oportunidade vou contar para vocês como será essa experiência de sair do carro e assumir a posição de tio torcedor. Forte abraço a todos e até semana que vem.

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