Por que a tecnologia não evitou a queda do Brasil da Copa América?
Competição tem tecnologia da linha do gol, mas arbitragem não pode decidir outros assuntos com os registros das imagens que ela faz
As câmeras estavam lá, apontadas para o gol defendido por Alisson. As imagens estavam gravadas, todo o movimento dentro da área estava registrado. Mas a função não era ver se a bola bateu na mão ou não de Ruidíaz. Por isso, nada disso serviu para evitar que o gol de mão do Peru fosse validado, evitando a derrota deste domingo, em Boston e, por consequência, a eliminação brasileira.
O maquinário à disposição da Copa América Centenário tem como objetivo verificar se a bola passou ou não da linha. Mas a origem da jogada, se houve legalidade ou não, não pode ser avaliada através das câmeras.
A mesma tecnologia - ainda que as câmeras também estivessem em Pasadena - não pôde ser usada para validar o gol do Equador contra o Brasil que foi anulado equivocadamente por causa de uma marcação de saída de bola do bandeirinha.
A competição continental usa a Hawk Eye como tecnologia da linha do gol. Ela demanda sete câmeras e um programa que acompanha o movimento, avisando ao árbitro através de sinais visuais e vibração se foi gol.
Mas o uso do vídeo para legitimar resultados ainda não recebeu o carimbo da Fifa. O Brasil e mais cinco países - entre eles os Estados Unidos - receberam permissão para testar o chamado árbitro de vídeo. Mas, por ora, só em competições não oficiais. Nas partidas para valer, só atuação offline. Ou seja, ainda que tudo seja filmado e registrado, o árbitro principal não pode tomar decisões com base no replay.
A impressão passada pela demora de Andrés Cunha em validar ou anular o gol dos peruanos levantou a suspeita de que ele estivesse esperando uma voz "do além", quem sabe com replay, para avisá-lo. Foram quase quatro minutos de conversa, inclusive no comunicador auricular. Mas a revelação celestial não veio e ele validou o gol erradamente.
O mais curioso é que a transmissão oficial só passou o replay nas televisões depois da decisão tomada. Não foi dessa vez que a tecnologia salvou a Seleção Brasileira.