‘Copa América é o primeiro teste de uma Bolívia renovada’, diz Villegas

O desejo de Eduardo Villegas em levar a Bolívia a alcançar voos mais altos no cenário internacional terá um capítulo importante nesta sexta-feira. Sua estreia como treinador em torneios oficiais de “La Verde” será justamente em um duelo com a Seleção Brasileira, às 21h30, no Morumbi.

Villegas reconhece o favoritismo do Brasil e aposta em uma tentativa de “não correr riscos” ao conter o ímpeto da equipe de Tite. Ao LANCE!, o treinador traça suas perspectivas no torneio e mostra confiança na nova geração:

– A Copa América será um grande teste. Mas nosso maior objetivo é estar no Qatar.

LANCE!: Como a Bolívia chega para este desafio de disputar uma edição de Copa América?

Eduardo Villegas: Sabemos que é um desafio muito grande, até mesmo pelo momento no qual a Bolívia vem passando dentro de campo. Estamos fazendo um processo de transição, de renovação de jogadores. Vamos dar um espaço maior para que atletas jovens estejam com a gente. “La Verde” precisa de mudanças para voltar a crescer no futebol.


L!: O que pesou para vocês optarem pelo caminho de renovar a seleção boliviana?

Bom, isto aconteceu devido ao nível de desacertos e da desorganização que marcou a Bolívia nos últimos anos. Não tivemos um trabalho pleno no cenário internacional, que custou, inclusive, não irmos mais uma vez à Copa do Mundo (em 2018, na Rússia). Além disto, não havia destaque para quem atuava em clubes locais. Quisemos mudar um pouco este quadro e a Copa América faz parte deste novo planejamento que temos. Prova disto é que teremos apenas quatro convocados que estão fora do país e muitos jovens.

L!: O que chama atenção nesta nova geração de “La Verde”?

É a mentalidade muito forte deste grupo. Eles estão ansiosos por conquistar objetivos e, em especial, atingir nosso maior sonho, que é levar a Bolívia à Copa do Mundo de 2022. O que me impulsiona é convocar quem chega com dinamismo, com ganas de fazer um grande trabalho.


L!: Em meio à lista de jovens, você convocou jogadores com vasta experiência na seleção da Bolívia e em competições sul-americanas, como Lampe e Chumacero. Acha que não pode abrir mão deles ainda?

Com certeza, não. A transição tem de ser aos poucos. Lampe é um goleiro fantástico, Chumacero vem de alto rendimento no Puebla. Contamos também o Marcelo Moreno, que, sem dúvida, acrescentará muita habilidade para nós...


L!: Assim como em edições anteriores, Marcelo Moreno se mantém como um dos jogadores cruciais para a Bolívia. Qual é a expectativa de vocês em torno desta disputa no torneio?

Eu o considero um jogador excelente. Inclusive, já mostrou toda sua qualidade no futebol brasileiro, com a camisa do Cruzeiro, Grêmio, Flamengo... É um ponta de lança muito forte, oportunista e está bastante motivado, tanto para jogar quanto para ser a referência da Bolívia nesta disputa em terras brasileiras.

L!: Você crê que, por ter jogado em clubes do Brasil, Moreno será um trunfo a mais no duelo contra a Seleção Brasileira?

Exatamente. É com isto que pretendemos contar. Além de sua experiência e de seu currículo, acreditamos que sua força psicológica contribuirá muito na partida.


L!: “La Verde” estreará justamente contra o Brasil, país-sede, e no jogo de abertura da Copa América. Como fazer para surpreender no Morumbi?

Jogaremos com honra e assumindo riscos. Sabemos de toda a capacidade que os brasileiros têm, mas nosso objetivo é neutralizar ao máximo as tentativas ofensivas. Aos poucos, buscaremos chances de gol.


L!: Quais jogadores da Seleção preocupam mais você?

Todos! (risos) A começar pelo goleiro (Alisson), que disputou final da Liga dos Campeões. Sabemos da dificuldade que será atuar contra jogadores de tanta qualidade quanto os do Brasil. Mas nós, com muito empenho e lutando por bom rendimento, queremos fazer frente.

L!: “La Verde” ainda terá como adversários no Grupo A as seleções do Peru e da Venezuela. O que esperar destes confrontos?

São dois rivais que também têm seu poderio. Os peruanos já demonstraram toda sua qualidade ao obter a classificação para a Copa do Mundo depois de tanto tempo. Já a Venezuela teve um crescimento importantíssimo, e acredito que esteja um patamar acima de nós. Isto também causa preocupações para nós. Teremos de correr atrás.

L!: O que os torcedores bolivianos podem esperar da sua seleção nesta edição da Copa América?

Esta competição é a chance ideal para seguirmos nosso trabalho de renovação da seleção boliviana. Será um grande teste para nós. Contamos com a fé, o apoio e a confiança dos torcedores para que tenhamos um grande desempenho na Copa América e possamos começar um processo de olho na classificação para o Qatar-2022.