Renato Augusto dá pitacos sobre os favoritos e diz: ‘Vamos atrás do Hexa’
Meia aguarda para disputar seu primeiro Mundial, agradece a Tite por seu crescimento profissional e revela palpites sobre as principais forças na Copa do Mundo da Rússia
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A trajetória de Renato Augusto pode ser comparada a de um realizador de sonhos. Nascido no Rio de Janeiro, o meia superou lesões, uma fratura facial e até críticas por atuar no futebol chinês antes de se consolidar como um dos pilares da "nova" Seleção Brasileira. Aos 30 anos, o atleta conversou com o LANCE! e abriu o coração para falar sobre a sua expectativa para o momento mais importante da carreira: defender o país em uma Copa do Mundo.
- É um sonho, assim como foi disputar uma Olimpíada. Espero que o final possa ser o mesmo. E faremos de tudo para que isso aconteça. Disputar uma Copa do Mundo mexe com qualquer jogador, e claro que comigo não é diferente. É o ápice na nossa carreira. Vestir a camisa da Seleção é uma honra, representar o nosso país num Mundial será um orgulho. Vamos atrás do Hexa - disse Renato, um dos atletas acima de 23 anos convocados para a Rio-2016.
Atualmente no Beijing Guoan (CHN), Renato Augusto passou por Flamengo e Bayer Leverkusen (ALE) antes de chegar ao Corinthians, clube onde viveu seu momento mais vitorioso. No bate-papo com a reportagem, comentou sobre como a passagem pelo futebol alemão ajudou no seu crescimento profissional e o papel de Tite no caminho para viver a melhor fase da carreira.
- Desde o Corinthians, em 2015, quando fomos campeões brasileiros, posso dizer que vivo a melhor fase da minha carreira, muito mais maduro em todos os sentidos. E o Tite sempre me deu essa liberdade para desempenhar mais de uma função em campo. Aprendi a ler melhor o jogo quando fui jogar na Alemanha. Foi lá que passei a atuar em praticamente todas as posições do meio pra frente - disse o meia, que foi convocado pela primeira vez em 2011, mas se consolidou na Seleção com Tite.
Mas a boa relação com o treinador não garante titularidade absoluta. A busca de Tite por um "ritmista", jogador responsável por acelerar ou cadenciar o jogo, fez com que a concorrência com Renato Augusto aumentasse na Seleção Brasileira. Antes incontestável, agora vê a sombra de Willian e Fernandinho bater à porta. Renato não teme concorrência e se coloca à disposição para atuar em qualquer posição.
- Quem está na Seleção Brasileira é porque tem plenas condições de vestir a camisa e jogar. O Tite sabe o que faz e vai entrar quem estiver melhor. Não tem mistério. Estou aqui para ajudar no que for preciso - declarou.
Renato Augusto carrega grande prestígio na Seleção. Ele participou de 16 dos 18 jogos das eliminatórias e, com Tite, é o que mais atuou em campo com 16 partidas. Ficou de fora apenas do amistoso contra a Colômbia, onde apenas jogadores que atuam no Brasil foram chamados. A lista de convocados ainda não saiu, mas Renato é um dos que estão com passaporte garantido à Rússia.
LANCE!: Você tem uma grande relação com o Tite desde os tempos de Corinthians. Isso te deixa mais confiante para atuar pela Seleção?
Renato Augusto: Ele me conhece bem, por termos trabalhado muito tempos juntos no Corinthians. É um baita treinador e uma pessoa maravilhosa, do bem. Mas o que garante um jogador na seleção é o seu bom desempenho no clube, no dia a dia dos treinos e nos jogos. Precisamos estar muito bem fisicamente e tecnicamente. A confiança vem daí.
'Tite é um cara preparado e sabe tirar o melhor de cada um'
Tite pegou uma seleção desacreditada e fez com que a torcida retomasse a confiança. Como você avalia essa mudança de expectativa para o Mundial?
O Tite é um cara muito preparado, um profissional da mais alta qualidade, sabe tirar o melhor de cada um. E conseguiu implantar o seu estilo na Seleção Brasileira, tanto dentro quanto fora de campo. É muito bom, principalmente em ano de Copa do Mundo, termos a torcida confiante e do nosso lado. Apesar de a responsabilidade ser ainda maior, pelo bom momento que vivemos, o ambiente fica mais leve.
O que mudou no ambiente da Seleção Brasileira após a saída de Dunga e a chegada de Tite?
Cada um tem o seu jeito de comandar. O Dunga também é uma grande pessoa e um bom treinador. Fez um bom trabalho na seleção. Só que chegou uma hora em que acharam melhor mudar, não vínhamos tão bem assim nas Eliminatórias. O Tite implantou a sua metodologia, sua filosofia de jogo, e os resultados apareceram rapidamente, tudo se encaixou. O ambiente na seleção é o melhor possível. E levaremos esse clima positivo para a Rússia.
Brasil está no Grupo E ao lado de Suíça, Sérvia e Costa Rica. Como você analisa os adversários? A Seleção é, de fato, a favorita?
Essa questão de favoritismo é muito perigosa, ainda mais numa competição como a Copa do Mundo, de tiro curto. Se somos apontados dessa maneira, temos que fazer por onde, mostrar a nossa qualidade, para não sermos surpreendidos. E entrar respeitando todo e qualquer adversário. Teremos uma Suíça que sempre se notabilizou por ter um sistema defensivo muito forte; uma Costa Rica que joga mais solta; e uma Sérvia com uma escola até parecida com a nossa, ofensiva.
'Favoritismo é perigoso em Copa. Temos que respeitar o adversário'
A Seleção Brasileira é sempre apontada como uma das favoritas ao título ,mas quem você acredita que sejam as principais adversários no Mundial?
As grandes seleções de sempre, como Alemanha, Espanha, França e Argentina, por exemplo, também chegarão muito fortes na Rússia. A Bélgica também tem uma geração muito forte, que pode fazer uma campanha de destaque e surpreender. Mas não podemos nos esquecer da Inglaterra, de Portugal, Uruguai... Tem tudo para ser a grande edição dos últimos tempos.
O quanto a medalha de ouro olímpica pesou para sua confiança e crescimento na seleção principal?
Fez muito bem ao nosso futebol, porque sempre existiu aquela pressão de o Brasil jamais ter conquistado o ouro olímpico. Era o título que faltava. Mexeu demais com o nosso torcedor. E é claro que isso motiva. É a mesma camisa amarela que está em jogo. Lembro bem do nosso primeiro jogo logo depois de sermos campeões, quando o grupo principal se reuniu para as Eliminatórias, todos felizes, como se todos tivessem participado daquela conquista. Aquilo mexeu com todo mundo.
Existe uma preparação para evitar que a pressão após o desastre da Copa de 2014 afete no trabalho para 2018?
Não temos que ficar remexendo o passado, ainda mais com coisas que não são positivas pra gente, que não vai agregar em nada. Ninguém no grupo, até mesmo os que viveram aquela situação, pensa nisso. Ficou pra trás. Agora é um novo momento, o de escrever uma nova história. É nisso que estamos focados.
'Ninguém no grupo pensa nisso (7 a 1). Ficou para trás'
Como está sendo esse início de temporada no Beijing Guoan?
Nossa temporada está apenas no começo. Só foram disputadas nove rodadas do Campeonato Chinês até aqui. Mas, graças a Deus, estou me sentindo muito bem e a equipe tem se portado bem, foi a que menos perdeu e temos um dos melhores ataques. Estamos desde o início brigando no topo da tabela, entre os três primeiros. Evoluímos muito em relação ao ano passado.
Qual é seu plano de carreira para o futuro?
Renovei recentemente com o Beijing e estou feliz na China. Não tenho nada planejado em relação ao futuro. Se chegar alguma coisa interessante pra mim e para o clube, a gente vai sentar e conversar, mas não tem como prever nada.
*Sob a supervisão de Thiago Salata
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