Dia de decisão na Copa do Brasil. Nesta quarta, às 21h45 (de Brasília), a bola rola para o segundo jogo das semifinais. Para que haja chance de clássico gaúcho ou mineiro na final, um dos visitantes – Cruzeiro e Inter – terá que deixar a preocupação com o Brasileiro de lado para buscar a virada contra Grêmio e Atlético-MG – clubes que figuram na parte de cima da tabela.
Derrotada por 2 a 0 no Mineirão, a Raposa visita o Grêmio na Arena e sabe que reverter o placar não será tarefa fácil. Afinal, além de ainda ser assombrada pelo fantasma do rebaixamento (13º lugar no Brasileiro, com 41 pontos), irá
enfrentar um Tricolor motivado para sair da fila de títulos nacionais que já dura 15 anos - o último título foi justamente a Copa do Brasil de 2001, quando bateu o Corinthians na decisão.
– Será o jogo da nossa vida. Sabemos a nossa situação na partida, mas temos totais condições de buscar a virada – disse ao LANCE! o volante e capitão Henrique, que se recuperou de lesão na coxa e irá recuperar o posto de titular.
– Nossa equipe está confiante, sim, por ter feito um bom resultado fora de casa. A confiança sempre vai existir, mas a empolgação não pode fazer parte disso. Temos que nos preparar para fazer um grande jogo – retrucou o gremista Douglas.
O Internacional, por sua vez, vem de revés por 2 a 1 para o Atlético-MG no Beira-Rio. Sob o risco de cair à Série B pela primeira vez (16º lugar, com 38 pontos) e sem vencer fora de casa há 16 partidas, o clube enfrentará o Galo no Independência com um time recheado de reservas. Será, inclusive, o único dos semifinalistas a não ir com força máxima. Apesar disso, os atletas garantem que não vão jogar a toalha e querem a vaga na final.
– A gente quer passar porque sabe da importância desse título para o clube. A última vez que o Inter conquistou a Copa do Brasil foi em 1992. O momento é difícil, mas ninguém vai desistir. Vamos lá para classificar – assegurou Aylon, artilheiro colorado no torneio, com três gols, e autor do tento a última vitória colorada longe do Beira-Rio, em maio, contra o Santos.
Herói nos pênaltis contra o Juventude nas quartas de final, o goleiro Victor mostrou cautela, mas prometeu que não irá facilitar a vida dos colorados.
– Mesmo sabendo que o Inter vai poupar seus jogadores e vive um momento delicado no Brasileiro, temos que entrar e fazer nosso melhor. O Inter tem sua força. Conseguimos uma pequena vantagem no jogo de ida e isso de forma alguma nos garante na final. Nada está decidido – alertou o arqueiro.
Gre-Nal, clássico mineiro, final de times postulantes à vaga na Libertadores ou que lutam contra o rebaixamento... Os quatro semifinalistas sabem que nada é impossível quando se trata de mata-mata.
Confira o bate-bola com os semifinalistas da Copa do Brasil:
Douglas, meio-campista do Grêmio
‘Quero dar um título à torcida para retribuir o carinho'
O jejum de 15 anos sem títulos nacionais aumenta a pressão?
Sem dúvida, a prioridade é tirar o Grêmio da fila. O time está confiante, se entregando bastante em campo para que isso possa acontecer. Queremos dar um título à torcida para retribuir todo o carinho e apoio recebidos.
Prefere enfrentar Atlético-MG ou Inter em uma eventual decisão?
Nesse momento, a gente não tem que escolher ninguém, pelo fato de Grêmio estar há muito tempo sem ganhar títulos. Quem vier, a gente vai ter que enfrentar com a mesma força.
Se houver Gre-Nal na final, quem vai 'sair para beber de trator' depois do jogo?
Não sei (risos). Gre-Nal é sempre um jogo diferente, independentemente do momento que as equipes estão vivendo. Seria legal, uma grande final, dois grandes jogos. Mas, é só uma hipótese ainda. As coisas não se definiram. Vamos focar totalmente no Cruzeiro para depois pensar no próximo adversário. No futuro, a gente vê quem pode enfrentar ou o que vai acontecer.
Henrique, volante do Cruzeiro
‘Foco total na Copa do Brasil. Só a virada nos interessa’
Você foi desfalque nas últimas três partidas. Já está recuperado da lesão?
Estou me sentindo bem. A recuperação foi boa, estou confiante para esta partida. Espero que o Cruzeiro possa fazer um grande jogo, vamos para o Sul buscar o resultado da vitória por dois gols de diferença. É a única coisa que nos interessa agora. Foco total na Copa do Brasil. Vamos jogar pela classificação e lutar até o final para que isso aconteça.
Apesar da situação ainda delicada no Brasileiro, o Cruzeiro confia na virada?
É uma partida de extrema importância para as nossas pretensões na temporada. Conhecemos a dificuldade de se enfrentar um adversário como Grêmio e ainda ter que reverter um placar, mas podemos e temos condições de chegar lá e buscar o resultado. Vamos confiantes e focados no objetivo.
A expectativa é de 50 mil pessoas na Arena. Qual o peso?
Estamos acostumados a jogar com a casa cheia, nosso torcedor tem feito esse papel no Mineirão. A torcida é fundamental, mas nós gostamos de jogos assim, decisivos. Dentro de campo é que se resolve. Independente se estará lotado, o jogo será um espetáculo e vamos em busca da nossa classificação.
Victor, goleiro do Atlético-MG
‘Prefiro que não vá para os pênaltis, queremos o resultado no tempo regular'
Marcelo Oliveira esteve em quatro das últimas cinco finais da Copa do Brasil. Ele é considerado um técnico copeiro pelo elenco?
Marcelo Oliveira vem demonstrando sua competência nos últimos anos. Chegou a diversas finais, ganhou duas vezes o Brasileiro, foi campeão da Copa do Brasil. Isso demonstra sua força, e é ponto positivo que nos deixa bem otimistas para buscar a taça.
Você foi herói nas quartas. Está pronto para encarar nova decisão nos pênaltis?
Ser reconhecido como pegador de pênalti é uma satisfação porque é algo totalmente favorável a quem bate, pela distância e tamanho do gol. Espero que não seja necessário, queremos a classificação nos 90 minutos, mas estou preparado para passar por isso de novo, se for preciso.
Você defendeu o Grêmio entre entre 2008 e 2012. A rivalidade com o Inter ainda pesa? Prefere enfrentar o atual rival ou o antigo clube em eventual final?
Hoje minha camisa é do Atlético-MG. Não existe mais essa rivalidade que tinha com o Inter no Sul, faz parte do passado. Hoje meu grande rival é o Cruzeiro.
Quando você quer ser campeão, não escolhe adversário. Caso a gente passe, venha Cruzeiro ou Grêmio, será uma pedreira. Um pela rivalidade, o outro porque vive uma grande fase, recuperou o bom futebol que vinha jogando.
Aylon, atacante do Internacional
‘Essa vaga caiu no nosso colo, temos que aproveitar'
A vaga na semi surpreendeu o elenco do Inter?
A gente não esperava por causa da má fase no Brasileiro. Nas quartas de final, nosso time reserva conseguiu reverter o placar contra os titulares do Santos. Não era o que a gente esperava, a vaga caiu no nosso colo e agora temos que aproveitar. É difícil, não temos conseguido vencer fora de casa e o Atlético-MG é muito forte no Independência. Mesmo assim, vamos confiantes.
Se pudesse escolher, prefere Gre-Nal em uma eventual decisão?
Gre-Nal na final seria bom. Ia parar o Rio Grande do Sul, ainda mais depois da confusão no último clássico. Fiquei revoltado pela covardia do Edílson de ter dado soco no Dourado, e para piorar, ele (Dourado) ainda foi expulso pelo juiz.
Não tem receio de ver o Grêmio sair da fila justamente em cima do Inter?
A pressão vai estar do lado deles por estarem há 15 anos sem ganhar nada. A gente vai tranquilo, se houver final Gre-Nal, a pressão está do lado deles. (Por fim ao jejum do rival) É um risco que a gente corre, mas vamos para cima.