Cristiano Ronaldo entrou no gramado em Sochi pressionado por um desempenho pouco animador em Copas do Mundo para alguém eleito cinco vezes o melhor do planeta: só três gols em 13 jogos. Mas, em sua primeira apresentação na Rússia, o astro mostrou tudo o que é capaz, balançou as redes três vezes, assegurou o empate por 3 a 3 diante da Espanha e, de quebra, igualou uma marca histórica de Pelé.
Não foi à toa que gritou um palavrão assim que ocorreu o apito final. Foi o principal responsável, de longe, para evitar uma estreia com derrota dos lusos. Ciente disso, tratou de motivar seus companheiros o tempo todo, inclusive durante a partida, para não desistir do jogo mesmo enquanto a Espanha esteve à frente do placar, depois de virar com dois gols em três minutos logo no início do segundo tempo.
Antes mesmo, o capitão luso chamou a responsabilidade. O espanhol Nacho foi escalado exatamente para marcá-lo e, logo com três minutos, cometeu pênalti no melhor do mundo. Logicamente, foi ele que bateu, e converteu. Tornou-se o quarto jogador na história a fazer gols em quatro Copas do Mundo, igualando-se a Pelé (1958, 1962, 1966 e 1970) e aos alemães Seeler (1958, 1962, 1966 e 1970) e Klose (2002, 2006, 2010 e 2014).
Mas a estatística, claramente, não resolvia. Nem a seleção portuguesa, que, depois do gol, ficou quase toda em sua área, vendo o toque de bola espanhol, e, quando avançou, acabou não impedindo o gol de empate de Diego Costa. Já estava claro que a única arma era buscar Cristiano Ronaldo, que puxava a marcação e, quando jogava coletivamente, via seus colegas errarem na chance de finalizar.
Até que o camisa 7, mais uma vez, arriscou. Chutou de fora da área, no meio do gol. E sua estrela brilhou com o frango que De Gea tomou, aos 43 minutos do primeiro tempo. Já dava para respirar aliviado e torcer para que seus colegas, depois do intervalo, tentassem ficar mais com a bola e o procurassem mais, o que não aconteceu, como ficou claro nos gols da virada espanhola.
CR7, até esta sexta-feira, só tinha feito gols em Copas do Mundo ao converter pênalti contra o Irã, em 2006, na fraquíssima Coreia do Norte, em 2010, e diante de Gana, no jogo da eliminação portuguesa no Brasil, em 2014, na primeira fase. Parecia não acreditar que sua primeira grande atuação em um Mundial culminaria em uma derrota.
O astro brigava com os adversários, gritava, xingava, tentava apoiar os colegas. Mas sabia bem que a solução era ele, e mais ninguém. Assim, sofreu uma falta, já nos minutos finais. E fez o golaço que faltava em uma atuação de gala, cobrando no ângulo esquerdo de De Gea, aos 43 minutos do segundo tempo. O "c..." que soltou no apito final foi sincero. E justo.