Por trás da figura de um grande jogador de futebol, normalmente se esconde também uma grande história. É o caso de Lukaku, atacante da Bélgica. De uma infância pobre na Antuérpia e em Liège, cidades belgas, ao sucesso no Manchester United, o jogador de 25 anos traz consigo um trunfo especial para superar mais uma difícil missão na carreira - e na vida: a amizade, o convívio e a admiração que tem pelo francês Thiery Henry, auxiliar técnico da badalada geração que tem como missão eliminar o Brasil da Copa do Mundo, nesta sexta-feira, em Kazan, na Rússia.
Para os belgas, o jogo de sexta certamente não será fácil. Levar a seleção ao título inédito do Mundial muito menos. Lukaku, porém, não se importa - ou, ao menos, não teme. E justamente em uma conversa informal com Henry, em uma quadra de basquete do Manchester United, em ação promovida pelo jornal Sky Sports, em março desse ano, o autor de quatro gols na Copa do Mundo explicou o que pensa a respeito de ser um vencedor. Foram ao menos três entrevistas feitas por Henry nos últimos meses que aproximaram os dois.
- Eu comemoro, eu vibro, porque quero ser um vencedor, quero ganhar. Eu preparo minha mente para ganhar. As pessoas se lembram dos vencedores, dos que lutam pelos troféus. Eu não estarei feliz se estou em um clube como esse, com tantos vencedores e jogadores bons, se eu não conseguir ganhar - disse, referindo-se ao trabalho na equipe inglesa e destacando que prefere dar assistências e colaborar com o time do que marcar gols.
No atual jogo de Lukaku, chama a atenção a movimentação do atacante sem a bola. Uma mudança crucial que não só melhorou sua média de gols com a Bélgica, mas também o fez se firmar entre os principais jogadores do time. Melhora paulatina, que veio com a convivência e dicas de Henry. Lukaku não quer ser artilheiro, quer ser o melhor jogador da história da Bélgica.
- Vamos desenvolver uma parte de seu jogo que talvez as pessoas tenham questionado no passado: pode jogar no último terço do campo quando o rival se fecha? Pode ler os espaços para jogar sem a bola? Será uma grande mudança para Lukaku. Eu não era o mesmo jogador com 24 anos e com 28. E posso assegurar uma coisa, ele é um estudioso do jogo e se esforça 100% - disse Henry, quando começou os trabalhos na Bélgica.
A promessa
A infância pobre de Lukaku na Bélgica o fez prometer para si mesmo que seria jogador de futebol profissional aos 16 anos e que daria uma vida decente a sua família e principalmente a sua mãe. E assim aconteceu. Se quando pequeno não podia assistir a Henry em um famoso programa de televisão, cresceu sabendo que teria de se esforçar em dobro para ser um vencedor. E assim o fez. Estrou ainda menor de idade pelo Anderlecht, da Bélgica. E hoje vive o sonho dia a dia.
- Quando éramos crianças, não podíamos pagar para ver Thierry Henry no Match of the Day! Agora, estamos aprendendo com ele todos os dias no time nacional. Estou junto com a lenda, em carne e osso, e ele está me dizendo tudo sobre como atacar os espaços como ele costumava fazer. Thierry deve ser o único cara no mundo que vê mais jogos do que eu. Nós debatemos tudo. Estamos sentados e tendo debates sobre a segunda divisão da Alemanha - contou Lukaku, para a Players Tribune, e completou:
- As pessoas no futebol amam falar sobre força mental. Bom, eu sou o cara mais forte que você vai conhecer. Porque eu me lembro de me sentar no escuro com meu irmão e minha mãe, rezando, e pensando, acreditando, sabendo… que um dia aconteceria.