Cadê a torcida da Inglaterra? ‘Agora muita gente vai tentar viajar’
Gareth Southgate, técnico da seleção inglesa, avalia que estádio do Spartak tinha cinco colombianos para cada inglês. Russos e ingleses convivem com as mais variadas tensões
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Quatro horas de voo são suficientes para se deslocar de Londres, capital da Inglaterra, a Moscou. De Bogotá, na Colômbia, para a capital russa, não há avião sem escalas: são cerca de 12 horas para cruzar o Atlântico para alguma cidade ocidental da Europa antes de mais quatro ou cinco horas de voo. Pois o número pequeno de ingleses, em ampla minoria diante de colombianos, chamou a atenção na classificação da Inglaterra às quartas na última terça.
O estádio do Spartak, em Moscou, foi tomado pelas cores amarelas. Os gritos em espanhol só foram abafados de vez ao fim da disputa de pênaltis, vencida pelos ingleses. A situação casou surpresa até mesmo aos russos presentes.
- Sofremos no fim do jogo, em um estádio que tinha cinco colombianos para um inglês - destacou o treinador da Inglaterra, Gareth Southgate.
Mais de 44 mil pessoas foram ao estádio do Spartak. Um pequeno grupo de ingleses se concentrou atrás do gol aposto ao que foram feitas as cobranças de pênaltis. Foram ouvidos para valer quando Kane abriu o placar no segundo tempo e, depois do jogo, quando todos os colombianos foram embora.
- Nós temos fantásticos torcedores. Estão muito orgulhosos, nossa equipe fez com que ficassem felizes na Inglaterra. Agora creio que muita gente vai tentar viajar paras as quartas, mas vai ser difícil pela logística - disse Southgate.
A torcida inglesa é conhecida por sua animação em Copas. Há também o lado negativo, da violência, dos hooligans. Vários alertas foram feitos por parte das autoridades da Rússia antes do Mundial. Os avisos foram de que não haveria tolerância. A tensão entre ingleses e russos cresceu na última Eurocopa.
Em junho de 2016, em Marselha, na França, hooligans da Inglaterra e da Rússia se enfrentaram antes e depois do duelo entre as seleções, que acabou empatado em 1 a 1. Houve brigas nas ruas no estádio Vélodrome. Foram três dias seguidos de confusões com a polícia francesa e pessoas feridas.
O policiamento tem sido reforçado em jogos da Inglaterra na Rússia e o primeiro jogo dos ingleses em Moscou na Copa, na terça, foi motivo de novo alerta de segurança. Os hooligans estão presentes, mas em pequeno número. A maioria presente no Spartak era de "torcedores comuns".
Dos 32 países presentes no Mundial, a Inglaterra foi apenas a 11a em compra de ingressos: pouco mais de 32 mil. Os colombianos ficaram em quarto lugar, com mais de 62 mil entradas (o Brasil é o terceiro na lista: 72,5 mil). A maior parte dos bilhetes ficou com os russos (871 mil), à frente dos EUA (89 mil). Os alemães foram os europeus visitantes com a maior demanda: 62,5 mil.
O governo de Vladimir Putin adotou mão de ferro para evitar a violência e fazer com que a imagem do mundo sobre a Copa seja a melhor possível. A legislação do país prevê até cinco anos de regime fechado como punição aos brigões.
Fora as questões ligadas ao esporte, há uma crise diplomática entre os governos do Reino Unido e da Rússia. Serguei Skripal, ex-espião russo que delatou agentes do Kremlin, e sua filha, Yulia Skripal foram envenenados em Salisbury, na Inglaterra. Theresa May, primeira-ministra britânica, acusou a Rússia e expulsou 23 diplomatas. Em resposta, o mesmo número de diplomatas ingleses tiveram de deixar Moscou.
A próxima parada dos torcedores da Inglaterra será em Samara, a cerca de 1.000km de Moscou, aproximadamente 1h40 de voo, para a partida das quartas de final deste sábado, contra a Suécia. Em caso de vitória, os ingleses voltam para a capital russa e com a possibilidade de encarar a Rússia, que duelo contra a Croácia, em Sochi. Rússia x Inglaterra, no Lujniki, é um confronto que deixaria a polícia e todas as autoridades de segurança em alerta máximo.
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