Os caras das Copas: Oliver Kahn, um muro quase intransponível. Quase…

Goleiro fez grande Mundial em 2002 e recebeu a Bola de Ouro da Copa, mas falhou na final

Escrito por

O documentário Fifa Fever, lançado pela Fifa em 2005, conta a história de todas as Copas do Mundo até aquele período. Em determinado momento da produção, o narrador sentencia: "Oliver Kahn é o melhor goleiro de todos os tempos". Exagero ou não, o fato é que o alemão colocou seu nome entre os gigantes após brilhar no Mundial de 2002, na Coreia do Sul e no Japão. Kahn era o capitão da Alemanha e fez diversas intervenções espetaculares ao longo de toda aquela Copa, sofrendo apenas um gol até a final, contra o Brasil. Porém, uma falha na decisão acabou manchando sua saga naquele Mundial.

(Imagem: Arte LANCE!)

A história de Oliver Kahn com as Copas começa em 1994. Destaque no Karlsruher (ALE), ele tinha 25 anos quando foi para o seu primeiro Mundial, ocupando o posto de segundo reserva e vestindo a camisa 22. O titular era Bodo Illgner, que atuou nos cinco jogos da Alemanha - que parou nas quartas. Quatro anos depois, na Copa da França, Kahn - já do Bayern de Munique - era o primeiro reserva, usando a camisa 12. O titular era Andreas Köpke, primeiro reserva em 1994. Köpke, assim como Illgner, não deu brechas e atuou em todos os cinco jogos da seleção - que mais uma vez parou nas quartas. Em 2002, finalmente era chegada a hora de Kahn vestir a camisa 1 numa Copa. E, com moral, ainda foi escolhido como capitão da equipe.

A Alemanha estreou contra a Arábia Saudita e Kahn foi um "espectador privilegiado" em goleada por 8 a 0. No segundo duelo, era a vez de encarar a Irlanda. Os alemães saíram na frente e depois foram salvos por Kahn em chute a queima roupa de Damien Duff e em cabeceio de Robbie Keane dentro da pequena área. A Irlanda, de tanto insistir, empatou aos 47 do segundo tempo, em finalização de Robbie Keane da entrada da pequena área - que ainda bateu em Kahn. O terceiro duelo foi contra Camarões e mais uma vez brilhou, parando Salomon Olembé na cara do gol quando o jogo estava 0 a 0. No fim, a Alemanha ganhou por 2 a 0 e avançou na liderança do grupo E.

Kahn era um goleiro de garra, que crescia nos grandes jogos. Vieram as oitavas, diante do Paraguai, e novamente o goleiro foi herói para os alemães. Com a partida ainda em 0 a 0, Jorge Luis Campos soltou uma bomba no ângulo direito, mas Kahn "voou" para defender. Aos 43 do segundo tempo, Oliver Neuville resolveu na frente e colocou a Alemanha nas quartas, contra os Estados Unidos, jogo que seria ainda mais agitado para o camisa 1. Landon Donovan parou duas vezes em defesaças: Na primeira, um chute forte e rasteiro colocado para escanteio. Na segunda, uma intervenção cara a cara com Kahn fechando o ângulo. Depois, Michael Ballack fez 1 a 0 e a contagem mínima levou a Alemanha para a semifinal, contra a dona da casa Coreia do Sul.

Em 25 de junho de 2002, 65.256 espectadores - com maioria coreana - testemunharam no Seul World Cup Stadium uma defesa épica de Oliver Kahn, ainda aos sete minutos do primeiro tempo. Dentro da grande área, Lee Chun-soo bateu cruzado no canto direito do goleiro, que mesmo encoberto por três jogadores, conseguiu ter a leitura perfeita da finalização e defender a "bomba". Parecia escrito que a Alemanha seria finalista e aos 30 do segundo tempo, Michael Ballack decidiu mais uma vez e mandou os alemães para a final.

A decisão da Copa era contra o Brasil, no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão. Kahn fez ótimo primeiro tempo, inclusive defendendo finalização forte dada por Ronaldo, livre, praticamente da marca do pênalti. Porém, veio a etapa final e uma falha inesperada. Aos 22 minutos, Rivaldo bateu de fora da área, Kahn tentou encaixar e soltou a bola, que caprichosamente encontrou Ronaldo, que empurrou para o gol: "Esse foi o único erro que eu cometi em sete jogos, e, infelizmente, eu fui brutalmente punido por Ronaldo". Aos 34, Ronaldo fez mais um e fechou o marcador. Ao fim do jogo, Kahn encostou na sua trave esquerda e ficou por algum tempo sentado, lamentando a dor do vice. Ainda assim, o Kahn levou a Bola de Ouro da Copa da Fifa, em eleição feita entre jornalistas escolhidos pela entidade. Em 2006, o goleiro foi para sua última Copa, em casa, mas como reserva. Ele atuou apenas no último jogo, a disputa pelo terceiro lugar, contra Portugal. Capitão, ele fez parte de vitória por 3 a 1 e saiu exaltado de campo. Um belo fim para uma história quase perfeita.

Siga o Lance! no Google News