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Os caras das Copas: Romário, o baixinho que foi gigante em 1994

Atacante brilhou no Mundial dos Estados Unidos, guiando o Brasil rumo ao tetra

Romário - Seleção Brasileira de 1994
imagem camera(Foto: Reprodução de internet)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 24/04/2018
15:08
Atualizado em 12/06/2018
21:02

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"Se acontecer um resultado negativo com a Seleção, o maior culpado sou eu". Romário chamou a responsabilidade antes da Copa de 1994 começar. O Brasil não ganhava um Mundial há 24 anos, acumulando fracassos até mesmo com times inesquecíveis, como em 1982. Mas aquele baixinho cheio de autoconfiança contagiou os companheiros e virou um gigante na Copa dos Estados Unidos, eternizando seu nome na história da Seleção Brasileira.

O cara da Copa - Romário
(Imagem: Arte LANCE!)

A Copa de 1994 não foi a primeira de Romário. O atacante disputou o Mundial de 1990, quando a Seleção foi eliminada pela Argentina nas oitavas de final. O centroavante tinha 24 anos, foi inscrito com a camisa 11 e vinha de temporada avassaladora pelo PSV (HOL), mas sofreu lesão no tornozelo três meses antes do Mundial e participou da Copa da Itália ainda se recuperando. O baixinho jogou apenas uma partida, quando foi titular em vitória por 1 a 0 sobre a Escócia, no terceiro duelo da fase de grupos. Ele ficou no banco nos outros três jogos da Seleção. Se estivesse "100%", teria feito dupla de ataque com Careca.


Romário seguiu bem pelo PSV no começo dos anos 90, mas passou a ser deixado de lado na Seleção após questionar o técnico Carlos Alberto Parreira sobre ter sido chamado para um amistoso contra a Alemanha (em dezembro de 1992) e iniciado no banco de reservas, em vitória brasileira por 3 a 1. Depois deste episódio, o atacante não voltou a ser convocado e só reapareceu - após clamor popular - na última rodada das Eliminatórias, quando o Brasil precisava não perder para o Uruguai, e venceu com show de Romário - na ocasião, já jogador do Barcelona. A atuação de gala contra os uruguaios era apenas uma mostra do que viria no Mundial dos Estados Unidos. A Copa de 94 começou para o Brasil contra a Rússia. Antes do jogo, o goleiro Dmitriy Kharin provocou o Brasil pelo vice na Olimpíada de 1988. Ele e Romário estavam naquela final. Porém, o baixinho ficou sabendo da cutucada e devolveu com grande atuação. Romário abriu o placar e sofreu pênalti para Raí finalizar vitória por 2 a 0.

O segundo jogo foi diante de Camarões, sensação da Copa anterior. Romário fez o primeiro de vitória por 3 a 0, um golaço. Ele deixou para trás três camaroneses - Émile Mbouh, Rigobert Song e Raymond Kalla - antes de chutar de bico, o que fazia com primazia. No último duelo da fase final, contra a Suécia, Romário marcou o gol de empate da Seleção em 1 a 1. Novamente, uma "obra de arte", passando por dois jogadores antes de bela finalização. Nas oitavas, uma prova de fogo para o Brasil: desafio contra os Estados Unidos, donos da casa, no dia do aniversário da independência do país. Para piorar, o Brasil jogou com um a menos desde os 43 da primeira etapa, após cotovelada de Leonardo em Tab Ramos. Aos 27 do segundo tempo, Romário fez linda condução e encontrou Bebeto, que marcou. Vitória magra, mas fundamental.

As quartas foram diante da Holanda. Aos 8 do segundo tempo, Romário recebeu de Bebeto e completou de primeira para as redes de Ed de Goeij. Dez minutos depois, Romário confundiu a defesa rival ao abdicar de bola em impedimento e abriu espaço para Bebeto fazer 2 a 0. Na comemoração, Romário chegou junto de Bebeto e Mazinho, e o trio festejou com o gesto de embalar um bebê com os braços, em homenagem ao filho recém-nascido de Bebeto, Mattheus. A Holanda conseguiu chegar ao empate, mas o Brasil retomou a liderança com uma bomba de Branco em cobrança de falta. Romário estava na rota da bola, mas conseguiu desviar com reflexo impressionante, de costas. Era o gol da classificação. Na semifinal, um reencontro com a Suécia. Romário perdeu gol incrível no primeiro tempo, quando driblou Thomas Ravelli e só deu um toquinho na finalização, dando oportunidade para a zaga tirar quase na linha. Porém, na segunda etapa, o camisa 11 - de 1,67m - cresceu entre os zagueiros e, de cabeça, fez o gol que levou o Brasil para a decisão.

O Brasil estava numa final de Copa depois de 24 anos e a adversária era a mesma de 1970, a Itália. Romário foi marcado de forma implacável por Franco Baresi e teve poucas chances claras. Na mais evidente, de cara para o gol após passe de Cafu, o camisa 11 chutou para fora - algo que raramente fazia. O zero insistiu no placar mesmo na prorrogação e o jogo foi para os pênaltis. Romário assumiu a segunda cobrança do Brasil - após erros de Mário Santos e Baresi - e converteu, com a bola ainda acertando a trave de Gianluca Pagliuca antes de entrar. No fim, Daniele Massaro e Roberto Baggio perderam e o Brasil se sagrou tetra mundial. Importante em todos os jogos, Romário faturou a Bola de Ouro da Copa e foi o vice-artilheiro, com cinco gols. Em 1998, o centroavante foi cortado da Copa dias antes da disputa, por conta de lesão na panturrilha. Já em 2002, com 36 anos, ficou fora da lista de Luiz Felipe Scolari, apesar do apelo popular por seu nome. Felipão tinha suas peças de confiança e optou por não levar o baixinho - que seguiu fazendo muitos gols até 2008, quando parou.

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