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Cigano, ‘Rei da Trivela’ e parceiro de CR7: saiba quem é Ricardo Quaresma

Autor do golaço contra o Irã já deixou Cristiano Ronaldo na reserva, jogou no Barcelona e, atrapalhado por polêmicas, disputa somente agora a primeira Copa do Mundo na carreira

Ricardo Quaresma é somente um ano mais velho do que Cristiano Ronaldo e um dos mais próximos do craque
imagem cameraQuaresma é só um ano mais velho do que CR7 e um dos mais próximos do craque na seleção (Reprodução/Instagram)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 28/06/2018
16:28
Atualizado em 29/06/2018
06:00

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Ao pegar na bola com os três últimos dedos do pé direito e fazer o gol de Portugal no empate por 1 a 1 diante do Irã, Ricardo Quaresma deixou sua marca registrada na Copa do Mundo. E, enfim, foi titular com destaque do principal torneio do futebol, cumprindo parte do grande potencial que demonstrou ter ao surgir no Sporting, no começo da década passada, inclusive deixando Cristiano Ronaldo, seu melhor amigo na seleção, no banco.

Hoje conhecido como "Rei da Trivela", o camisa 20 lusitano tem uma carreira marcada por polêmicas. Aos 34 anos de idade, conta no currículo com passagens por Barcelona, Inter de Milão, Chelsea e Porto, acumulando desentendimentos, inclusive em seu atual clube, o Besiktas, na Turquia. Não à toa, o jogador que chegou a ser cotado para ir à Copa do Mundo de 2002, aos 18 anos, só foi estrear em Mundiais agora, na Rússia.

Quaresma costuma atribuir seu temperamento forte, com uma justa fama de "bad boy", ao racismo que sempre sofreu. Nascido em Lisboa, ele é de família cigana e, por conta disso, relata ter sido vítima de preconceitos desde criança. Assim, moldou uma personalidade de não ser tão flexível quando o contrariam.

- Aos olhos dos outros, eu era sempre culpado por ser cigano. Eu era uma criança revoltada por isso. Um dia, desapareceu um casaco da escola e os pais começaram logo a dizer que tinha sido o cigano. Mais tarde, perceberam que não tinha sido eu. Tenho orgulho daquilo que sou e dos pais que tenho. Se tenho essa força e personalidade é porque já vivi muita coisa. Nossa casa era muito pequena, mas dava para dormir e comer. A minha mãe nunca me deixou faltar nada. Tinha vários trabalhos - disse Quaresma, em entrevista à TV portuguesa SIC, em 2016.

Ainda criança, Quaresma foi para o Sporting. Lá, encontrou Cristiano Ronaldo, apenas um ano mais novo, e iniciaram uma forte amizade muito nítida na seleção hoje. Na base, Quaresma desenvolveu a trivela e também cruzamentos de chaleira como uma alternativa à sua falta de confiança na perna esquerda. Aprimorou-se e despontou no profissional com mais expectativa do que o atual melhor do mundo. Estreou na temporada 2000/2001 no time principal, aos 17 anos, e ganhou a posição, com CR7 subindo para ser seu reserva.

Quaresma chamou tanta atenção que chegou a ter apelo para estar no Mundial de 2002. Em 2003, foi para o Barcelona, em negociação que levou o volante brasileiro Fabio Rochemback ao Sporting. Quaresma chegou junto e mais badalado do que Ronaldinho Gaúcho no Camp Nou, mas atuou pouco, atrapalhado por lesões, e por apenas uma temporada. Avisou publicamente que não jogaria pelo clube enquanto o técnico fosse o holandês Frank Rijkaard. Machucado, ainda perdeu a chance de disputar a Olimpíada de 2004 e a Eurocopa, torneio que reforçou CR7 como estrela lusitana.

Um ano depois de sair de Portugal, em 2004, Quaresma voltava ao país, para jogar no Porto, como parte da negociação que levou Deco para o Barcelona que ganharia a Champions League em 2006, com Ronaldinho virando o melhor do mundo. Quaresma, por sua vez, se destacava pelo Porto, conquistando títulos nacionais até que, em 2008, ganhou uma nova chance em um grande: a pedido do técnico José Mourinho, a Inter de Milão desembolsou 18,6 milhões de euros para contratá-lo.

Mourinho, contudo, reclamou publicamente da falta de esforço do compatriota. Em 2008/2009, Quaresma chegou a ser considerado o pior jogador do Campeonato Italiano e foi emprestado ao Chelsea, onde também não brilhou. Voltou à Inter de Milão, sem agradar, e foi vendido ao Besiktas, em 2010. Enfim, virou ídolo na Turquia até que, em 2012, desentendeu-se com o técnico, saindo do clube. Passou pelo Al Ahli, da Arábia Saudita, voltou ao Porto e, curiosamente, acabou retornando ao Besiktas em 2015.

Sempre ligado a polêmicas, inclusive por suas tatuagens (tem lágrimas desenhadas abaixo do olho direito, por exemplo), foi perdendo espaço na seleção. Ficou fora das Copas do Mundo de 2006, 2010 e 2014 e das Eurocopas de 2008 e 2012. Só voltou a ter real espaço na equipe sob o comando de Fernando Santos, que o chamou para a Euro de 2016 e o viu fazer o gol da classificação nas oitavas de final, contra a Croácia, e, enfim, o chamou para o Mundial, na Rússia. É a chance que ele tem de mostrar que é mais do que um bad boy especialista no chute de três dedos.

- No mundo do futebol, tenho a fama de ser muita coisa. Mas nunca fumei, nunca bebi, nunca experimentei nada nem tenho vontade. Mas, como sou cigano, tenho essa fama. Sempre tive a consciência tranquila. Sempre senti o cigano como uma maneira de me ofenderem, mas se enganam: tenho orgulho de ser cigano. Não há povo mais alegre - avisou.

Eleito o melhor em campo diante do Irã, na segunda-feira, em sua primeira partida como titular nesta Copa do Mundo, Quaresma se tornou o português mais velho em Mundiais, balançando as redes com exatos 34 anos e 272 dias. Deve iniciar o decisivo jogo contra o Uruguai, neste sábado, pelas oitavas de final. Em uma nova oportunidade de mostrar que apostar em seu talento, realmente, vale a pena.

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