O movimento ainda é tímido, mas a Seleção Brasileira já começa a ganhar seus seguidores em Sochi, onde ficará hospedada na Rússia durante a Copa do Mundo. O primeiro a aparecer nesta segunda-feira, primeiro dia do Brasil em solo russo, foi Wallace Leite, de 59 anos. Ele é natural de São Paulo, hoje vive nos Estados Unidos e pegou uns dias de férias para seguir a Canarinho na Copa. Detalhe: pela nona vez consecutiva.
- Desde a Copa de 86 que estou seguindo o Brasil. Cheguei aqui na Rússia na semana passada e vou até o fim. Eu acredito no hexa e acho importante passar essa energia de torcedor - afirmou Wallace, em contato com a reportagem no Swissotel Resort Sochi Kamelia, onde o Brasil está hospedado.
O contato dos jogadores com os fãs durante a preparação da Copa tem sido restrito e até motivo de críticas. Não houve jogo de despedida no Brasil e o único treino aberto na Granja Comary teve confusão. Em Viena, onde o Brasil enfrentou a Áustria no último domingo, torcedores que foram ao hotel onde estavam os brasileiros reclamaram de falta de consideração pelo contato ter sido mínimo. Já na chegada a Sochi, os jogadores deram entrevista para alguns veículos na pista de pouso e apenas acenaram para os poucos presentes na saída do aeroporto.
Alheio a isso, Wallace chegou logo cedo, quando ainda era madrugada no Brasil, e praticamente "abriu" o hotel. Como era dia de folga dos atletas, porém, ele ainda não conseguira ter contato com eles. Aproveitou, então, para desfrutar da estrutura do resort, mesmo sem estar hospedado.
Carismático, Wallace fez amizades com funcionários e ganhou passe livre nas dependências do hotel, apresentando uma credencial da Fifa voltada para torcedores. Não fala russo, mas ainda assim conseguiu se comunicar com a maioria dos locais. Por um deles foi confundido com o lateral-esquerdo Marcelo, devido à vasta cabeleira.
- Olha, até dei autógrafo, tirei foto, fiquei famoso. O cabelo parece um pouco, mas o futebol e a conta bancária estão bem diferentes - brincou o técnico em informática.
Entre suas histórias de Copa presenciadas in loco, Wallace guarda boas recordações de 94 e 2002, anos em que o Brasil saiu campeão. Diz ele que nos Estados Unidos a festa da comemoração terminou em quebra-pau.
- Os jornalistas criticavam muito a CBF na época e o Ricardo Teixeira não queria deixar a galera entrar. Sei que deu uma confusão danada em Los Angeles, mas isso ninguém nunca falou - garante.
Wallace chegou na semana passada a Sochi e pretende assistir ao treino aberto nesta terça-feira, quando a Seleção volta aos trabalhos. Depois, partirá para Moscou, onde verá a estreia entre Rússia e Arábia Saudita na quinta. A partir daí, só Seleção Brasileira com seus instrumentos musicais e a cabeleira peculiar. A estreia do Brasil será no domingo em Rostov contra a Suiça.
O HOTEL DA SELEÇÃO
A Seleção está hospedada em um resort no litoral do Mar Negro, famoso ponto turístico de Sochi e muito requisitado no verão para férias. Os jogadores chegaram ao local na madrugada desta segunda-feira e foram descansar após serem recebidos com festa pelos russos do hotel.
A delegação ficará apenas com uma parte do hotel e terá de dividir os espaços com outros hóspedes. Como a piscina principal, bela e repleta de famílias na manhã desta segunda. Muitas crianças desfrutavam do espaço com os pais tranquilamente. Há também praias privativas, que podem ser utilizadas pelos jogadores e hóspedes, além de pessoas credenciadas pela Fifa.
O local está personalizado para aproveitar a passagem da Seleção Brasileira. No restaurante, as comidas são servidas em meio à uma decoração que conta com miniaturas dos jogadores em um campo.
Há dois campos à disposição da Seleção Brasileira no espaço, onde Tite realizará as atividades táticas para a disputa da Copa. Nesta segunda-feira, os jogadores estão de folga e voltam a treinar na terça pela às 10 de Sochi (4h de Brasília).