Copa Tática: Brasil de Tite, o resgate de uma seleção favorita
Transformação coletiva da Seleção Brasileira com a chegada do treinador ajudou a impulsionar a qualidade individual de um time que vai forte para a Copa da Rússia
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Em cinco anos, o Brasil viveu uma montanha-russa de impressões e conclusões sobre a Seleção e a geração. Com Felipão, o título da Copa das Confederações de 2013 gerou total euforia, que durou até a depressão causada pela traumática eliminação na Copa do Mundo. A opção por Dunga atrasou o processo de recuperação, que só aconteceria com a chegada de Tite em setembro de 2016. Menos de dois anos depois, o Brasil é, indiscutivelmente, um dos favoritos para a Copa de 2018. O LANCE! publica neste domingo mais um capítulo da série Copa Tática, com análises diárias das 32 seleções até 13 de junho - clique no fim do texto e veja também como jogam os outros três times do Grupo E: Suíça, Costa Rica e Sérvia.
O papel de Tite é inquestionável. Quando chegou, a Seleção tinha duas vitórias em seis rodadas das eliminatórias. Com ele, foram dez vitórias e dois empates. Mais do que isso, conseguiu resgatar uma grupo que sofria com as marcas do 7 a 1 e era rotulado como fraco e insuficiente. Respaldado pelo título do Brasileirão de 2015 com o Corinthians, implementou seu 4-1-4-1 e recorreu a nomes que conheciam as funções, como Renato Augusto e Paulinho.
A transformação coletiva ajudou a impulsionar a qualidade individual e hoje já é possível listar vários destaques brasileiros pela Europa. O diferencial, naturalmente, é Neymar. Um dos jogadores mais capazes de desequilibrar no mundo, tem a liberdade de partir da esquerda para flutuar por todo o campo, quebrando linhas com arrancadas, dribles e passes. Também afetado por lesões, Gabriel Jesus não fez grande temporada, mas o bom desempenho como 9 da seleção garante seu lugar como titular, mesmo com Firmino em alta.
Talvez o ponto mais determinante seja a composição do meio. Casemiro é um dos pilares e Paulinho é eficiente com suas infiltrações e chegadas à área. O terceiro elemento do trio central já depende do adversário e da característica desejada. Titular nas eliminatórias, Renato Augusto teve o alerta ligado nos amistosos de março e ainda deu azar com a lesão no período de preparação.
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Apesar de ser questionado por atuar na China, foi fundamental no início do processo, qualificando a saída de bola e ditando o ritmo na distribuição. Tite trabalhou duas alternativas distintas sem ele. A primeira tem Philippe Coutinho por dentro, o que permite a titularidade de Willian, embalado pela ótima temporada no Chelsea. É a opção mais criativa, reunindo jogadores de muita capacidade de decisão, além de permitir que Coutinho circule por dentro sem perder a velocidade de Willian na ponta. A segunda alternativa já foi testada contra Alemanha e Croácia. Um trio menos criativo, mas mais agressivo, com Fernandinho. Isso aumenta a força física para ocupar espaços sem bola e pressionar a saída do adversário, provavelmente imaginando confrontos mais pesados. Embora tenha virado o "primeiro volante" do Manchester City, é importante lembrar que a origem de Fernandinho é como meio-campista mais avançado. Foi recuado por Guardiola não só pelo poder de marcação, mas por reunir passe e visão de jogo para acionar De Bruyne e David Silva sem perder o equilíbrio sem a bola. Sendo assim, a formação com ele e Casemiro não necessariamente transforma o meio em fraco tecnicamente ou com dois volantes conflitantes em um mesmo espaço. São funções diferentes.
O gol, que gerava dúvidas até o meio de 2017, foi solucionado com a excelente temporada de Alisson na Roma. O papel dos laterais também é chave e aí surgiu o maior problema antes da Copa. Com a lesão de Daniel Alves, o Brasil perdeu um jogador que também se comportava como mais um meio-campista, avançando por dentro e iniciando a saída de bola. Além de toda a experiência, talvez fosse a posição mais carente de um reserva. Danilo não foi tão utilizado por Guardiola na direita, mas larga na frente em relação a Fagner. Mesmo ciente das diferenças de características, o ponto passa a ser o impacto que a ausência de Daniel Alves pode gerar no funcionamento coletivo. Durante boa parte da era Tite, o Brasil alternava o lado da saída de bola, mas encontrava na direita uma frequente origem dos avanços, para depois conseguir acelerar pela esquerda. Tal inversão é importante para tentar criar algum espaço para Neymar e Marcelo desequilibrarem pelo lado oposto, já que a marcação adversária tende a fechar o setor da bola. Simplificando, seria como atrair o adversário para marcar o lado direito da Seleção como forma de gerar espaço do outro lado, permitindo que passes em diagonal acionem Neymar sem um batalhão de marcadores pela frente. Até por isso, será fundamental que Danilo ganhe confiança para executar a função, podendo ativar o lado mais forte da seleção. Caso contrário, Marcelo pode ficar sobrecarregado em uma saída de bola mais previsível e, assim, o lado direito passa a ser o desafogo, dependendo da velocidade de Willian para explorar os duelos individuais e buscar os dribles. O possível efeito negativo seria a menor participação de Neymar, ainda que o jogador tenha capacidade para desequilibrar a qualquer momento, no menor dos espaços e independentemente do número de ações no jogo.
A lesão de Daniel Alves pode obrigar a Seleção a buscar adaptações no seu mecanismo de saída de bola e a corrida de Neymar contra o tempo naturalmente ainda gera alguma preocupação. São as duas principais dores de cabeça de um Brasil que atingiu um ótimo nível coletivo em pouco tempo e chega na Rússia muito respeitado, como um dos maiores favoritos.
Jogos no Grupo E
17/6 - 15h - Brasil x Suíça
22/6 - 9h - Brasil x Costa Rica
27/6 - 15h - Sérvia x Brasil
Veja a tabela completa e simule os jogos
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