Edu não fala de futuro e defende Neymar: ‘Dá pena o que ele sofre’
Coordenador de seleções da CBF deu entrevista antes da saída da Seleção Brasileira de Kazan, cidade da derrota para Bélgica nas quartas de final. Ele seguiu a linha de Tite
Um dia após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo, com derrota por 2 a 1 para a Bélgica, nas quartas de final, Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF, deu entrevista antes da saída da delegação rumo ao Brasil, em Kazan. O dirigente, mostrando abatimento com a queda no Mundial, manteve a linha de Tite, deixando o futuro da comissão técnica indefinido, e saiu em defesa de Neymar, estrela da Seleção que foi alvo de críticas principalmente da imprensa internacional por conta de simulações dentro de campo.
Neymar falou pouco na Rússia. O camisa 10 deixou a Arena Kazan sem dar entrevistas, fato que foi comum durante a disputa da Copa do Mundo.
- Sempre falei, desde que comecei a conviver com o Neymar, que não é fácil ser Neymar. É difícil. É um atleta, deixou de ser menino. Ele merece todo meu elogio, esquecem o tempo que ele ficou parado antes da Copa. Ficou três meses parado, só treinou três semanas. Fez só dois amistosos para estrear. Se não fosse Neymar, não sei se outro atleta conseguiria. É um atleta que é criticado e elogiado se dá sorriso, se chora, se dá entrevista...
- Eu estou sempre ao lado dele, para ajudá-lo. Neymar foi o atleta que menos reivindicou alguma coisa. Cumpriu todas as normas, não fez pedidos. Chega a dar pena o que esse menino sofre. O contrário também é verdade, porque se enobrece também. Meu dia a dia com o Neymar é espetacular. Só tenho de elogiar - afirmou o dirigente da CBF.
Edu Gaspar demonstrou emoção em certos momentos e afirmou que seu futuro, assim como o da comissão técnica, será decidido no Brasil, sem pressa. A CBF tem intenção de manter Tite por mais quatro anos, até a Copa de 2022.
- É inegável a satisfação que temos de estar onde estamos hoje. Isso até em conversas antes da Copa, falando com Tite, falávamos. Mas agora é momento difícil de responder. Estamos juntando nossas dores. Vamos esfriar a cabeça no Brasil, voltar a conversar, para dar o próximo passo. Agora é um ajudar o outro para que possamos tomar a melhor decisão possível - declarou Edu, que sempre foi a favor da continuidade de trabalhos para se obter sucesso.
- É um assunto que todos nós defendemos, não é só na Seleção. São clubes, ao longo de anos falamos. Temos de ter paciência, discernimento, para que possamos estar com a cabeça boa, voltar à normalidade. Ainda não digerimos. Não posso ser demagogo. É um cargo lindo, o meu, o cargo do Tite é maravilhoso. Só que hoje, ontem, responder isso é humanamente impossível, friamente. Quando eu falo, eu preciso estar claro, objetivo. Hoje queremos esperar mais para tomar as melhores decisões - disse.
Edu Gaspar já tem trabalhado na agenda de amistoso da Seleção Brasileira, que terá compromissos em setembro, nos Estados Unidos. Mais jogos estão encaminhados para outubro e há negociações para preencher o calendário até março de 2019, ano que o Brasil disputará a Copa América em casa.
O dirigente foi questionado se a comissão técnica e o próprio diretor pretendem seguir juntos. O grupo trabalha desde os tempos do Corinthians.
- Nós já estamos há um bom tempo juntos, a equipe é de altíssimo nível. A equipe se encaixa em todos sentidos, pessoal e profissional. Temos um lado humano, familiar, aflorado, isso fortalece. A nossa carreira é distante, ele é treinador, eu sou coordenador, o Cleber auxliar... Juntou-se uma grande comissão, mas mais uma vez é a mesma resposta da passada. Temos de sentar de novo, cada um vai ter seu tempo. Vamos conversar, se vai ser em conjunto ou não - declarou Edu Gaspar, antes de partir com o grupo rumo ao aeroporto.
Os jogadores foram liberados e não são obrigados a voltar ao Brasil no voo da CBF, que faz escala em Madrid e chega ao Rio de Janeiro às 5h de domingo.