Tite teve um ciclo parcial na Seleção. E não há como negar que o treinador fez um trabalho muito bom, com muito mais acertos do que erros. Não temos treinador por aqui com as qualidades de Tite. Ele certamente aprendeu muito nesta curta jornada, e esta experiência não deve ser desperdiçada. Por tudo isto, a CBF não deve perder tempo e fazer logo uma proposta de contrato até o Qatar. Um apelo daqui deste canto da imprensa esportiva nacional: Fica, Tite!
NÃO DEU!
A Bélgica teve um gol prematuro quando o Brasil já havia tido bola na trave e agredia mais. Fernandinho jogou muito mal, mas não teve culpa alguma no primeiro gol. A bola bateu nele por acaso. Depois do gol, Brasil deixou muitos espaços no meio e Fernandinho atuava sozinho, sem Paulinho ser efetivo em fechar estes espaços. A formação que Tite armou não conseguiu marcar alto para gerar pressão no campo belga e, ao mesmo tempo, manter seu time compacto. Outra falha foi não termos feito faltas táticas quando houve as roubadas de bola e contra-ataques, que De Bruyne comandou com liberdade.
O segundo tempo foi diferente, com o Brasil agredindo muito e, pena, o nosso gol saiu tarde, após os 30 minutos. Renato Augusto entrou bem no jogo e Douglas Costa melhor ainda, acertando tudo e agredindo com muita eficácia. Tivemos pelo menos duas chances claras para o gol de empate, com Renato Augusto e Coutinho, ambos os lances de frente para o grande Courtois, que fez boas defesas. A Bélgica teve mérito em aproveitar suas chances e não se deve colocar o resultado só nas falhas do Brasil. A Seleção merecia melhor destino na partida, tendo finalizado nove vezes na meta de Courtois, contra somente três do adversário. Como afirmou Tite após a partida, o aleatório jogou contra nós neste jogo que nos mandou para casa!
NERVOSISMO!
É normal uma equipe atrás no placar jogar sob pressão e os erros aparecem. Paulinho não apareceu no jogo e faltou bloquear o meio de forma efetiva. Até deu o passe de carrinho para o De Bruyne finalizar no segundo gol. Foi nulo e deveria ter saído da partida mais cedo. E tampouco foi definitivamente o dia de quem jogou muito nas duas primeiras partidas, Coutinho. Ele errou quase tudo, exceto o passe milimétrico para a cabeça de Renato Augusto, como havia sido no passe para Paulinho contra a Costa Rica. Teve o gol aberto na sua frente após passe de Neymar, nos últimos minutos da partida. Coutinho e o Brasil mereciam mais!
ZAGA!
Thiago foi, para mim, o melhor jogador brasileiro nesta Copa. Jogou bem e não falhou nos dois gols. Mas Miranda foi o monstro deste jogo de quartas!
FRUSTRAÇÃO!
Neymar não foi mal. Brigou muito, foi mais maduro em campo que no começo do mundial. Apesar deste desempenho, o camisa 10 não conseguiu levar o país ao título tão desejado. Queria ser o nome da competição, como deu a impressão de que poderia vir a ser, após o jogo contra o México, e já com Messi e Cristiano Ronaldo de volta para casa.
Pode ser que a forma ideal não tenha sido atingida como seria se ele não tivesse ficado três meses parado. E ele ainda precisa amadurecer muito, o que penso que deva ter ocorrido já durante a campanha na Rússia. Tanto para o Brasil como para este supercraque, foi uma decepção a queda nas quartas. E Neymar não conseguiu mudar o jogo que ele poderia decidir!
ARBITRAGEM
Não acho que tenha sido decisiva para a eliminação da Seleção. E nunca fui dos que acreditam que os bastidores da política esportiva influenciem nas decisões dentro de campo. Mas sempre ouvi das raposas velhas do Fut que a política tem peso no que é apitado em campo. E hoje não há como negar o absoluto desprestígio da direção da CBF na FIFA. Ainda mais depois dos micos do coronel Nunes. Assim, se há peso da política, não estamos neste jogo . Na derrota para a Bélgica, não diria que foi decisivo, mas me pareceu que foi pênalti no Jesus e o árbitro deveria ter visto o VAR para se assegurar da decisão. O fato é que não tivemos uma decisão importante na Rússia que tenha sido marcada a nosso favor!
PERGUNTAS PARA O FUTURO
A partir dos anos 90, os países europeus investiram em método, planejamento e copiaram muitas das características da forma de jogar do Brasil, com mais controle da partida e valorizando o futebol de técnica e passes. Nós, ao contrário, não evoluímos no que deveríamos, na organização do calendário e em mudar a direção da Casa Madastra. Ainda temos o modelo amador de gestão dos clubes do futebol, contra o modelo profissional dos europeus.
Resumindo, nos últimos 30 anos a Europa nos copiou no que tínhamos de bom e nós não investimos no que os europeus já tinham de superior. E quem tem tido mais sucesso no mundo do futebol ? Eles ou nós? Ou seja, não passou a
hora de mudar a estrutura?